A história da AOC, a especialista em TVs e monitores

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O mais novo capítulo da série de História da Tecnologia é sobre a AOC. A empresa é uma das fabricantes mais respeitadas nos setores de TVs e monitores e, por causa desse sucesso, acabou se focando mais nesse setor.

Só que ela começou com outro nome e nem sequer é a mesma empresa original. Tá curioso para saber a origem da AOC, o significado da sigla e qual a história dela no Brasil?

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Então confira o especial e o vídeo abaixo.

Do zero duas vezes

A história da semana começa com a trajetória do fundador da marca, Ross David Siragusa. Ele é um daqueles típicos empresários que começa do zero e, contra todas as apostas, vira um empreendedor de sucesso. Filho de imigrantes italianos, o norte-americano deixou a faculdade de lado pra abrir uma empresa aos 18 anos.

Um homem sentado.Ross Siragusa.

A Transformer Corporation of America nasceu em 1924 vendia carregadores de bateria pra rádio e virou uma das maiores do país nesse setor, mas faliu em 29 por causa da Grande Depressão e a quebra da bolsa de Nova York.

Sem desistir, ele precisou vender o próprio carro e até alguns móveis de casa pra começar o segundo empreendimento, a Continental Radio and Television Corporation. Com menos de 9 mil dólares na época e uma garagem servindo de escritório, Ross começa a vender rádios pequenos por encomenda pra casas e lojas.

Uma empresa para admirar

Deu muito certo, e em 1936 ele chega a 2 milhões de dólares em faturamento com venda de rádios, tanto pro público consumidor quanto pra empresas privadas. É nesse mesmo ano que ele faz a mudança de nome pra Admiral, comprando o nome da marca de um cliente.

Um rádio antigo.

Ele também começa a vender produtos originais que bombam no mercado, como um combinava rádio e fonógrafo no mesmo gabinete de plástico e um rádio que funcionava tanto na tomada quanto por bateria. A Admiral ainda investiu pra fornecer equipamentos militares de comunicação pros Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial. E em 1946, abre o primeiro escritório fora da terra natal no vizinho Canadá.

A partir de 1947, a Admiral se torna uma das primeiras a produzir uma novidade: TVs. E começa logo com um modelo diferente do mercado, mais compacto e barato, com tela de 7 polegadas. Em 49, ela coloca um sucesso nas prateleiras: o televisor “consolette”, em conta por ser de plástico em vez de madeira e com 10 polegadas.

Uma TV antiga.Televisores pequenos, mas baratos, levaram a Admiral ao sucesso.

Nessa época pós-guerra e de economia em alta, ela foca também em eletrodomésticos. Entram na lista geladeiras, freezers, ar-condicionados e desumidificadores. Ela ainda vira uma das primeiras anunciantes de programas, como o “Your Show of Shows” e alguns jogos de futebol americano.

A todo vapor, em 51 ela fecha 5 milhões de televisores produzidos e oficializa o produto como carro-chefe. Durante a Guerra Fria, ela desenvolve ainda a chamada TV Camera, um pequeno monitor de uso militar ligado que também captura imagens em locais de baixa visibilidade.

O tamanho das telas também cresceu com o tempo, com 19 polegadas em 1960 e 27 polegadas no ano seguinte. Os televisores a cores começaram a sair partir de 65. Feito nessa época, o controle remoto SON-R foi uma das primeiras do mundo usadas em uma TV.

Ganhando o mundo

Em 1967, a Admiral abre a sede internacional Taiwan e vira a Admiral Overseas Corporation, que em formato de sigla vira AOC. Ela então se torna a primeira empresa no mundo a fabricar TVs a cores para exportação e vira a maior da região. A troca oficial de nome pra AOC International acontece só em 78 e em 82 a sigla passa a ser usada em todo o mundo.

A logo da AOC.

A divisão norte-americana continuou se chamando Admiral e teve uma história diferente. Em 73, a Rockwell International adquire a Admiral e Ross Jr., filho do fundador, preside a marca por algum tempo. Só que a aquisição não deu certo financeiramente e vieram outras vendas, primeiro pra a Magic Chef e depois para a Maytag. Depois de alguns licenciamentos, inclusive pra lendária Zenith, a marca Admiral passou a ser usada com exclusividade em produtos da loja de departamentos The Home Depot.

E olha que curioso, a empresa ainda está indiretamente relacionada ao time de hóquei Milwaukee Admirals. É que o dono do time norte-americano batizou a equipe inspirado pela linha de produtos, que era vendida nas lojas na época.

Um jogo de hóquei.

Então vamos recapitular. A AOC que a gente conhece hoje é a divisão asiática da Admiral que ganhou vida própria, expandiu, sobreviveu e acabou ficando até maior do que a companhia original. A atual dona dela atende pelo nome de TPV, um conglomerado taiwanês criado pra concentrar essa e outras marcas de eletrônicos, e que em 2005 virou a maior fabricante de monitores da atualidade.

A AOC que você conhece

Foi nos anos 80 que ela focou em internacionalização e a partir daí expande pra Europa, China, os próprios Estados Unidos, Oceania, México, Índia e aqui no Brasil, com um foco inicial em monitores pra PC nesses países. Hoje em dia, os produtos são vendidos em mais de 115 países.Em 2012, a TPV compra a divisão de televisores e monitores da Philips, primeiro em uma parceria conjunta com a holandesa e depois em uma aquisição em definitivo.

No ano seguinte, ela vira a maior fabricante mundial de telas LCD, tendo a AOC e também parceiras afiliadas debaixo do guarda-chuva.

Em 2014, ela apresenta o primeiro monitor com tecnologia Anti-blue-light. Essa luz azul é a emitida pela maioria dos eletrônicos e impede que você tenha um sono tranquilo depois de ver tv ou usar celular muito perto da hora de dormir. Um filtro do tipo protege os olhos contra problemas de saúde futuros.

Uma montagem.Na direita, a tela contra a luz azul da AOC.

E a reputação ainda levou ela a fornecer os monitores que fizeram parte do cenário do centro de comando no filme Perdido em Marte.

De cabeça nos games

A estratégia de mercado mais recente da AOC é entrar de cabeça no mundo dos jogos com uma divisão de monitores especializados. Em 2016, ela apresentou os monitores AOC Hero, Sniper e Speed. O Hero é Full HD de 24 polegadas e diminui o tearing da imagem; o Sniper tem o mesmo tamanho, mas com taxa de atualização menor e o Speed é um pouco menor, com 21,5 polegadas.

Nesse sentido, uma das mais recentes novidades da marca é a linha Agon de periféricos gamers, de 2017. Além de um monitor curvo Full HD com LEDs personalizáveis, ela apresentou um teclado e um mouse.

Um monitor.O monitor da linha Agon.

É difícil destacar alguns modelos de televisores da AOC, mas a marca está presente com telas até 4K. Um destaque recente é a LE58D1441, de 58 polegadas, que colocou a AOC no mercado das TVs de telas maiores em 2014.

Em termos de monitores, são modelos LED com touchscreen, alguns widescreen e outros com tela curva, sem contar os gamers.

No Brasil

É difícil precisar exatamente quando começou a história dessa marca aqui no Brasil. Era possível encontrar produtos da Admiral lá pelos anos 60 e 70, incluindo TVs, aparelhos de ar-condicionado e geladeiras da linha Eldorado. Ela até teve uma fábrica em Canoas, Rio Grande do Sul, para televisores. A marca era usada aqui como marca em parceria com a fabricante Springer e a série mais marcante foi a linha Solar Color.

Uma propaganda.

A AOC chega oficialmente ao Brasil em 1997, mais precisamente em São Paulo. Os primeiros esforços são em monitores, mas logo as TVs começam a sair. Em 2004, ela inaugura uma fábrica em Manaus e em 2008 outra em Jundiaí.

Nesse ano, ela se torna a número 3 em venda de monitores no país e apresenta o ConnecTV, um receptor de sinal digital bem antes de essa tecnologia virar moda. Fora a marca própria, a AOC nacional aproveitou a infraestrutura pra fabricar produtos de diversas outras companhias conhecidas, como Lenovo e HP.

Um aparelho eletrônico.

Além de telas, ela começou a se aventurar pelos tudo em um. Um dos primeiros que veio ao Brasil foi o EVO LED, de 2012. A série foi atualizada ao longo dos anos e chegou a ganhar edições poderosas com Windows 8. Ah, e o primeiro monitor portátil do Brasil é dela. Trata-se do USB LED Série 49, que foi revelado em 2014 e chegou aqui por 349 reais.

Um monitor.

Ele tinha 15,6 polegadas e conexão microUSB. No mesmo ano, ela apresentou outro All in One que pode ser PC ou tablet, mas agora com sistema operacional Android e por 900 reais. Tem ainda o A2472PW4T, um tudo em um mais tamanho família, com tela de 24" Full HD.

E esse ano de 2014 foi movimentado pra AOC aqui no Brasil, porque teve também o monitor modelo SmartTouch. Ele não era multitoque, mas tinha uma tecnologia própria que reconhecia alguns gestos na tela, como pinça e busca de atalhos. A empresa também apostou de forma tímida no mercado mobile, com o tablet AOC Breeze.

Um tablet.O AOC Breeze.

A linha teve modelos bem variados e com telas de 7 ou 8 polegadas. Em novembro de 2016, a AOC trouxe ao Brasil a linha de Smart TVs da marca, da família 5760, com modelos de 32 a 43 polegadas. Elas já eram equipadas com Netflix com direito a botão no controle remoto, aplicativos de emissoras e muitas outras funções.

Com bastante foco na linha gamer, ela ainda abriu a House of Gaming AOC, uma gaming station em São Paulo com equipamentos top de linha pra profissionais e aspirantes. No geral, aqui no Brasil a AOC é bastante elogiada pela durabilidade e qualidade dos produtos, além de não ter um custo tão alto quanto a de outras concorrentes.

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