Se você está lendo este artigo é porque já ouviu falar em criptomoedas e, consequentemente, em Bitcoin, a primeira moeda desse tipo. A Bitcoin e o conceito de criptomoeda foram inventados por Satoshi Nakamoto (provavelmente um pseudônimo), que pretendia criar um sistema eletrônico de transferência de dinheiro descentralizado e sem controle do Estado.
Incialmente, a Bitcoin deveria ser utilizada como uma forma de transferir dinheiro sem pagar taxas caras cobradas por instituições financeiras, especialmente em âmbito internacional, mas o sistema acabou sendo utilizado como uma moeda em si e, hoje, funciona mais como um ativo no qual você pode investir e especular sobre o sobe e desce do valor.
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Mas o que tem de cripto em criptomoedas? O que tudo isso tem a ver com criptografia e porque isso é importante?
Dependem 100% de criptografia para funcionar
Todas as criptomoedas, Bitcoin, Ethereum, Monero e qualquer outra, dependem 100% de criptografia para funcionar. É através de um algoritmo complexo que as transações em criptomoeda são confirmadas, o que, consequentemente, dá legitimidade para a rede. Mas antes de entender isso, você precisa entender como funciona a maioria das criptomoedas.
A Bitcoin e suas concorrentes não passam de uma “simples” base de dados que, para ser alterada, precisa que o requerente cumpra uma série de condições
Vamos usar o exemplo da Bitcoin, que é a primeira, maior e mais conhecida criptomoeda do mundo. A Bitcoin e suas concorrentes não passam de uma “simples” base de dados que, para ser alterada, precisa que o requerente cumpra uma série de condições.
Para mover valores de um lado para o outro nessa base de dados, o usuário que quer fazer uma transferência/pagamento precisa mandar uma solicitação para rede da Bitcoin, que é mantida no ar por essencialmente todos os computadores que usam o recurso (quase como uma rede de torrent). Essa solicitação é quase que imediatamente enviada para todos os dispositivos conectados e, com isso, entra em uma fila de validação.
É aí que entram os “nodes” da rede, que fazem o processo de validação das transações, transferindo valores de uma conta de usuário para outra. Para que isso aconteça, cada node da rede precisa resolver um problema matemático criado pelo algoritmo SHA 256 — base da Bitcoin. Para isso, o node precisa empregar certa quantidade de poder computacional e tempo em seus dispositivos. Quando ele resolve problema matemático criptografado, ele passa o trabalho para frente, e os outros nodes precisam tentar resolver o mesmo problema e encontrar um resultado válido.
Uma fazenda de Bitcoin, onde milhares de computadores trabalham como nodes na rede para autenticar transações
Quando toda a rede da Bitcoin concorda com o resultado de um problema criptografado, o valor é então transferido de uma pessoa para a outra
Quando todos os nodes encontraram o resultado para a criptografia, a transação é adicionada como um bloco em uma linha cronológica inalterável, verificável e criptografada. É daí que vem o nome “blockchain” ou “corrente de blocos”. Essa corrente é a base de dados da qual falamos anteriormente, e os problemas matemáticos são as condições a serem cumpridas. Quando toda a rede da Bitcoin concorda com o resultado de um problema criptografado, o valor é então transferido de uma pessoa para a outra. É por causa de todo esse processo que as criptomoedas se chamam “cripto” moedas.
A criptografia da rede da Bitcoin é tão segura que praticamente todas as pequenas e grandes instituições financeiras do mundo estão trabalhando em produtos ou projetos que utilizam o mesmo processo de verificação de transações. A probabilidade de um meteorito cair na sua sala é maior do que a de alguém burlar o blockchain da Bitcoin.
A probabilidade de um meteorito cair na sua sala é maior do que a de alguém burlar o blockchain da Bitcoin
Mas você pode estar se perguntando, o que as pessoas ganham para manter a rede da Bitcoin no ar, oferecendo o poder computacional de seus aparelhos, conectividade com a internet e, mais importante, parte da sua conta de eletricidade? Sempre que um node resolve o problema matemático criptografado de uma transação, ele ganha automaticamente o direito de adicionar um bloco na rede com um determinado valor em Bitcoin para si mesmo. As pessoas que mantém esses nodes são conhecidas como mineradores de Bitcoin, uma vez que eles “criam” mais moedas para a rede com o seu trabalho duro. A criação de novos blocos a partir da “prova por trabalho” ou “proof-of-work” também é verificada por toda a rede.
Como todo mundo precisa verificar as transações de todo mundo com a resolução de problemas matemáticos, fica virtualmente impossível roubar as moedas de alguém sem ter as chaves privadas dessas pessoas, que basicamente são as moedas virtuais. Simplesmente não há como quebrar o blockchain, alterando qualquer entrada por lá, fazendo com que determinados valores em Bitcoin misteriosamente passem de uma pessoa para outra sem autorização.
E o resumo da ópera é que, apesar de tudo isso parecer impressionante, o processo é considerado pelos especialistas relativamente simples. Dessa forma, é muito provável que os modelos de blockchain eventualmente substituam complemente o dinheiro no mundo, seja em redes descentralizadas como a Bitcoin ou em centralizadas, como as que países e empresas começaram a criar nos últimos anos.
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