A Justiça do Trabalho dos Estados Unidos recomendou o arquivamento da ação trabalhista movida pelo ex-funcionário da Google James Damore. Ele foi demitido em agosto do ano passado após a polêmica divulgação de um “manifesto” antidiversidade na rede interna da Google e moveu uma ação trabalhista contra a empresa.
Para a conselheira Jayme Sophir, da Comissão Nacional de Relações de Trabalho dos Estados Unidos (NLRB, na sigla em inglês), a Google não violou qualquer direito do seu ex-funcionário ao demiti-lo. Sophir reconhece que partes do documento divulgado pelo ex-Google estão amparadas nos regulamentos da empresa, porém, defende que “declarações a respeito de diferenças biológicas entre os sexos foram tão perigosas, discriminatórias e perturbadoras que não devem ser protegidas”.
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Damore havia solicitado a retirada da queixa laboral para processar a Google por supostamente discriminar homens brancos
Em janeiro deste ano, Damore havia retirado a queixa laboral contra a sua ex-empregadora e seu advogado informou que ele moveria um processo separado, desta vez acusando a companhia de Mountain View de “discriminar homens brancos”. O ex-Google acredita que a empresa persegue conservadores e a acusa de “identificar, maltratar e sistematicamente demitir” trabalhadores que não seguem a sua visão oficial quanto à diversidade.
A recomendação de Sophir, emitida no final de janeiro e publicada online apenas neste final de semana, afirma ainda que as empresas devem ter o direito de aplicar políticas antidiscriminatórias desde que respeitem os dispositivos legais. Com isso, “empregadores podem ‘cortar pela raiz’ o tipo de conduta de empregados que poderiam resultar em um ‘ambiente de trabalho hostil’”, registra a conselheira.
“Quando a conduta do empregado perturba de forma significativa os processos de trabalho, cria um ambiente hostil ou constitui assédio ou discriminação racial ou sexual, o Conselho considera que ela não está amparada [nas proteções legais] mesmo que envolva atividades relacionadas às condições de trabalho”, prossegue Sophir.
Ao que tudo indica, as acusações laborais de Damore não eram tão sólidas quanto ele esperava. Ao ex-Google, resta agora tentar convencer a Justiça de que a gigante da web realiza perseguições sistemáticas contra homens brancos.
Diversidade na Google
Apesar de ser acusada por Damore de realizar uma espécie de “caça às bruxas” contra quem tem uma visão de mundo conservadora, a Google não parece também um paraíso para quem tenta propor discussões que fomentem a diversidade e combatam o assédio. Recentemente, Cory Altheide, outro ex-funcionário da empresa, acusou a companhia justamente de sufocar esse tipo de discussão em seus canais internos.
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