Muita coisa muda em um ano no mundo da tecnologia, e em 2017 isso não foi diferente. O setor estava frenético, com companhias gigantes ficando ainda maiores, gratas surpresas em lançamentos, executivos ganhando visibilidade (por bem ou por mal) e algumas marcas precisando de muito planejamento para os próximos meses.
A seguir, com base em notícias e acontecimentos ao longo do ano, o TecMundo realizou uma análise em forma de "balanço" de algumas das principais companhias do mundo da tecnologia, atribuindo uma pequena classificação como veredito e especulando sobre o ano que está por vir.
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Como funciona
Uma empresa estar "em baixa" não significa exatamente que o ano foi um desastre, que vai fechar as portas ou algo parecido. Em vários dos casos, ela passou por uma série de obstáculos que mancharam 2017 — como ter ótimo balanço financeiro, mas apresentar problemas na reputação.
É como um time de futebol caindo para a Série B: ele pode usar o começo de 2018 para avaliar eventuais erros, se recuperar e voltar ainda mais forte
Basta lembrar o artigo que fizemos no fim de 2016 sobre Apple e Samsung estarem próximas do céu ou do inferno. As análises são de Nilton Kleina. No caso dos textos de AMD, Intel e NVIDIA, o balanço fica por conta de Fábio Jordan, o mago do The Hardware Show.
Além disso, limitamos o nosso recorte a empresas que apresentaram altos e baixos bastante impactantes e visíveis. Por isso, se uma marca não foi citada, não significa que ela termina o ano neutra — companhias como Acer, Netflix, ASUS, Dell e HP ficaram de fora. Aliás, se você gostaria de ver outra companhia na lista, deixe o seu comentário!
SOBE
Samsung
A gigante sul-coreana teve um final de 2017 turbulento por conta do Galaxy Note 7. Porém, a companhia se recuperou mais do que bem: o Galaxy S8 sem bordas foi um sucesso, o Galaxy Note 8 eliminou qualquer desconfiança, e a Bixby, embora não seja tão aceita em forma de botão físico, chegou para ficar. Linhas intermediárias (como A e J) também foram bem. A condenação do herdeiro da empresa é uma marca negativa, mas que não foi capaz de apagar o ótimo ano da sul-coreana. Para 2018, ela deve seguir a boa fase, mas sem tantas revoluções.
Apple
Muita gente duvidava que a Apple conseguiria continuar no topo, falando que ela "não é mais a mesma". Só que a marca provou mais uma vez que a confiança do público continua em alta. Com o aniversário de 10 anos do iPhone, ela não saiu da mídia. O iPhone X foi extremamente elogiado e parece ter vendido feito água na Black Friday. A Maçã ainda inaugurou o novo campus e remodelou as Apple Stores. Além disso, ela está cada vez mais independente e busca produzir os próprios componentes, tornando-se mais poderosa ainda.
Bitcoin
Essa categoria poderia englobar várias criptomoedas, mas nenhuma delas ganhou tanto destaque em 2017 quanto a bitcoin. O preço dela simplesmente disparou ao longo dos últimos meses e, ao menos por enquanto, a bolha não estourou. Além disso, a ascensão dela fez várias “rivais” também ganharem fama e valorizarem, de IOTA a Ethereum. Esse mercado ainda é instável e perigoso (e talvez nunca deixe de ser), mas nunca foi tão mainstream.
Amazon
Não dá mais para chamar a Amazon só de “gigante do varejo”. A empresa comprou a rede de mercados Whole Foods, expandiu ainda mais a assistente pessoal Alexa e a linha Echo e continua investindo em tecnologias de entrega, incluindo até uma controversa porta que pode ser aberta pelo entregador. No Brasil, ela expandiu a loja para eletrônicos e artigos de casa/cozinha e deve crescer ainda mais. Já o fundador e CEO, Jeff Bezos, volta e meia vira o homem mais rico do mundo quando as ações da empresa valorizam.
A rede social de Mark Zuckerberg continua em alta: 2 bilhões de pessoas acessam o site mensalmente, e ele não para de testar funções, especialmente na plataforma de vídeos. A empresa precisou se desculpar por deixar passar anúncios russos de propaganda que interferiram nas eleições dos EUA e por conteúdos violentos e até de suicídio, mas promete melhorar cada vez mais o filtro com moderadores. Além disso, os serviços adquiridos pelo Facebook só crescem: o Instagram bombou ainda mais pelo recurso Stories (300 milhões de usuários por dia), e o WhatsApp segue soberano como mensageiro.
Microsoft
Os fãs ainda não superaram a morte do Windows Phone e a negligência com o mobile, reforçada neste ano. Porém, a Microsoft parece disposta a seguir assim, pois a estratégia deu certo em 2017. E um dos grandes responsáveis não é tão famoso: a plataforma de computação em nuvem Azure, cada vez mais difundida. Além disso, o Windows 10 já está em 600 milhões de aparelhos, e a empresa aposta alto em mixed reality, que pode render muito no futuro. Em games, o Xbox teve um ano estrelado com a versão X, além da ampliação da retrocompatibilidade e do Game Pass. Até 2020, a marca inteira pode chegar a valer US$ 1 trilhão.
Nintendo
Quem apostaria que a Nintendo daria a volta por cima tão bem? O Switch chegou com desconfiança, e algumas unidades do primeiro lote apresentaram defeitos. Porém, a proposta do modo portátil foi certeira, e os jogos convenceram o público. Ela derrotou Sony e Microsoft entre os aparelhos mais vendidos fora do Japão em vários meses, algo que não acontecia havia algum tempo. O NES mini e o SNES mini também foram um sucesso, apesar do estoque limitado. Infelizmente, o brasileiro precisa fazer malabarismos para obter produtos da marca sem gastar horrores.
Tencent
Essa é a grande surpresa da lista. A companhia da China não costuma expandir tanto para o Ocidente, mas mostrou que nem precisa de tanto. Ela se tornou a primeira marca do país a valer mais de US$ 500 bilhões, atuando em redes sociais, apps, games e outros segmentos. Ela ainda será a responsável por levar o sucesso PlayerUnkown’s Battleground para o mundo mobile de forma oficial — ou seja, 2018 deve ser mais impressionante.
Tesla
A montadora de Elon Musk sempre passa por anos turbulentos, e 2017 não foi diferente. Só que ela fecha a temporada de forma positiva, apesar de algumas ressalvas. Os motivos? Para começar, o setor de energia e baterias está cada vez mais poderoso. Ela ainda apresentou dois novos modelos promissores (o caminhão Semi e a segunda e poderosa geração do Roadster) e lançou dentro do prazo o aguardado Model 3. É verdade que há um gargalo na produção, e a fila para receber um modelo continua imensa, mas nada comparado ao atraso anterior.
Alphabet
É difícil avaliar o ano de uma gigante tão complexa como a Alphabet, que tem como um de seus braços nada menos que a Google. Mas 2017 foi bastante positivo no geral, com um desempenho financeiro bem acima de 2016 — especialmente nos investimentos em anúncios e no preço das ações. Outras companhias, como Nest e Fiber, ainda gastam mais do que ganham, mas parecem mais próximas de equilibrar as contas. O YouTube apresenta problemas com conteúdo impróprio e monetização, mas parece começar a solucioná-los.
Gigantes chinesas de smartphones
Sim, nós vamos generalizar nessa categoria. E o motivo é bem claro: Xiaomi, Huawei, Oppo, Vivo (não a operadora) e OnePlus estão igualmente em uma posição muito favorável no mercado com estratégias similares. Elas continuam dominantes no país de origem, impedindo a invasão estrangeira de marcas como Apple e Samsung. Além disso, começam a expandir cada vez mais, inclusive com a importação de modelos para o Brasil a partir de eCommerces. Algumas são mais velhas, como a Huawei, mas o crescimento elevado em tão pouco tempo e até a aposta em produtos domésticos têm se provado tiros certeiros no mercado.
AMD
Em teoria, este foi um ano bastante expressivo para a AMD frente ao consumidor e ao mercado. Com novos processadores capazes de enfrentar sua principal concorrente, ela chamou atenção por suas inovações e pressionou a Intel a tomar ações emergenciais. Com a série Ryzen, movimentou o segmento e trouxe benefícios para as parceiras de placas-mãe e memórias, agora com mais uma plataforma para atender em grande escala. Ao fim do ano, a AMD ainda deu uma cartada em PCs e outra no segmento de placas de vídeo, também incomodando um bocado a rival NVIDIA. Ainda que os resultados não sejam tão impressionantes, as placas Radeon Vega garantiram competitividade.
NVIDIA
A NVIDIA domina o mercado de placas de vídeo há um tempo, mas isso não significa que a marca se acomodou. Em 2017, ela se destacou por cinco lançamentos cruciais: GTX 1080 Ti, que chegou para estabelecer um novo patamar em gráficos para desktop; Titan XP, para futuros upgrades; a parceria com a Nintendo; o lançamento da GTX 1070 Ti, como mais uma opção em preço e performance para o consumidor; e as inovações em placas de inteligência avançada, como a Titan V, de números expressivos e preço nas alturas. O preço da GPU sobe, mas a marca em termos de hardware também.
Intel
A Intel teve um ano movimentado, com diversos lançamentos de processadores para notebooks e desktops, bem como em soluções de memória. Ela se destacou muito ao responder à AMD com novos chips Extreme, principalmente os Core i9. A introdução das memórias Optane pode não ter sido estrondosa para o mercado, mas é um primeiro passo para futuras tecnologias. A Intel lançou ainda a série de CPUs Coffee Lake, com mais núcleos e a promessa de aumento de performance. Isso sem contar todos os benefícios da marca com parceiras.
DESCE
Yahoo!
O Yahoo! foi uma das primeiras empresas a entrar na lista dos “rebaixados” de 2017. Afinal, foi no começo do ano que a venda para a Verizon foi confirmada, e a companhia foi “desmembrada”, perdendo vários setores e se juntando a outra “morta-viva” da indústria, a AOL. Informações sobre os vazamentos de dados que derrubaram a moral e o valor de mercado da companhia só aumentaram neste ano. Além disso, ela desfez a parceria com a Mozilla, uma de suas principais aliadas, e pode perder a batalha final nos tribunais.
Sim, a rede social dobrou o limite de caracteres, lançou a versão Lite no Brasil e continua sendo a melhor forma para comentar eventos ao vivo, espalhar memes e fazer campanhas de conscientização. Só que a empresa não consegue ampliar a base de usuários e ainda luta para fazer dinheiro. Mas os maiores problemas em 2017 foram outros: as denúncias de anúncios russos ou de extrema-direita (assim como no Facebook), os bots que não param de crescer, a verificação de contas de nazistas e a demora em combater discursos de ódio e assédio.
Faraday Future
Essa companhia precisa entrar no dicionário como termo para “empresa que se deu mal em 2017”. A crise econômica já batia forte no ano passado, mas agora ela sentiu ainda mais os efeitos. A FF perdeu executivos importantes, funcionários simplesmente não estão indo trabalhar, e a ela virou piada por uma demonstração do carro elétrico na CES, em janeiro. Se em 2018 ela não operar um milagre, espere vê-la novamente nesta parte da lista.
Snapchat
Temos que fazer justiça nesse aqui: o Snapchat implementou novas funcionalidades bem interessantes neste ano, como o filtro de reconhecimento de objetos e anúncios em realidade aumentada. Só que os Spectacles deram prejuízo, o app para Android será remodelado para tentar alavancar a audiência, e a marca precisou desmentir boatos de que encerraria atividades. Sem contar o recurso “Stories”, copiado por absolutamente todos os rivais.
Uber
Essa é uma marca que tem tudo para deixar os obstáculos de lado e integrar a lista dos “campeões” em 2018. Isso porque ela continua com ótimos números no app, implementa cada vez mais funções e conseguiu impedir a regulamentação mais pesada no Brasil. Só que 2017 foi turbulento para a marca: mais recentemente, um grande vazamento de dados incluiu até silenciar um hacker para impedir a divulgação. Antes, o CEO foi trocado em meio a denúncias sobre leis trabalhistas e pagamentos — sem contar os hacks, as várias acusações de assédio de motoristas (que a empresa está combatendo, vale ressaltar) e a boa fase das rivais. Há ainda o processo da Waymo, que acusa a Uber de roubar segredos.
Toshiba
A Toshiba tem história e ainda é uma gigante da tecnologia. Só que a crise econômica bateu forte, especialmente por investimentos ruins em energia nuclear. Por isso, em 2017, ela precisou se desfazer de partes importantes do seu legado histórico. O setor de cartões de memória foi para um grupo liderado pelo fundo americano Bain Capital. Já o de TVs agora pertence à marca Hisense. Ela ainda retirou patrocínios e um tradicional telão da Times Square, nos EUA, para economizar. A ideia agora é vender o setor de processadores, mas não neste ano, por divergências com a parceira Western Digital.
Qualcomm
Ué, a Qualcomm? Pois é. A empresa está financeiramente bem das pernas, apresentou o Snapdragon 845 e deve entrar de cabeça no mercado de laptops — o que significa que ela tem altas chances de integrar a lista positiva em 2018. Só que 2017 foi complicado: ela entrou em uma longa e cansativa batalha judicial por quebra de patente contra a Apple e encara uma aquisição quase forçada da Broadcom. Além disso, ela perdeu mercado por conta do fortalecimento de concorrentes, como a Intel (possível nova parceira mobile da Apple) e a sempre ameaçadora Samsung.
ESTÁVEIS
LG
A LG jogou seguro e continuou como uma das grandes competidoras no mercado de tecnologia. Não foi o suficiente para ganhar um grande destaque, mas ela não acumulou fracassos ou problemas. O LG G6 recuperou a moral da marca após o criticado G5, o V30 foi só elogios, e o Q6 conquistou novos públicos. Além disso, ela continua com ótimo desempenho financeiro em mercados como o de ar-condicionados e outros aparelhos domésticos. Só que o dinheiro ainda não está entrando: para 2018, ela reformulou o departamento mobile com o objetivo de diminuir os prejuízos e decolar.
Sony
Assim como a LG, a marca japonesa acaba “neutra” porque alguns setores equilibram outros. Em games, ela continua bem-sucedida com o PS4 Pro e grandes exclusivos. Os lançamentos em câmeras também foram bem recebidos e ajudaram a elevar a receita da marca no ano. Só que aí tem o outro lado: a divisão mobile ainda apresenta prejuízo, e os Xperia devem mudar radicalmente de design em 2018. Será que no ano que vem o jogo pode virar?
HTC
A HTC vive um ano de altos e baixos que se equilibram. Na parte positiva, ela está cada vez mais consolidada como uma fabricante de dispositivos de VR com o Vive e o Vive Focus. Por outro, o negócio de smartphones é mais complicado. Apesar de mais um bom lançamento com o Pixel 2 e 2 XL, a empresa vendeu para a Google toda a divisão responsável pelos aparelhos, o que significa a perda de engenheiros e patentes de respeito. Além disso, a série U11 não é exatamente a salvadora da pátria que a fabricante precisava. O ano de 2018 é um mistério.
Lenovo/Motorola
Tanto a Lenovo quanto a divisão da Motorola foram bem em 2017 — só que não atingiram a "zona da Libertadores" a ponto de figurarem na lista de topo. As marcas continuam bastante valiosas e presentes em vários mercados, inclusive com investimentos em VR, e a Lenovo só perdeu recentemente o posto de fabricante líder em PCs. No caso da Motorola, as decisões de lançamento confudem o consumidor (Moto G5, G5 Plus, G5S e G5S Plus quase ao mesmo tempo no mercado, por exemplo), mas a volta de uma das linhas com o Moto X4 e a continuidade da linha Z com Moto Mods foram boas notícias.
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