A incrível volatilidade de moedas digitais como a Bitcoin tem o poder de atrair investidores mas também de gerar muitas dúvidas. Seriam as criptomoedas as novas grandes “bolhas” ou pirâmides do atual cenário econômico? E como será o futuro breve com o boom de fintechs — as empresas financeiras de tecnologias — nesse novo contexto? O presidente do Banco Central (BC), Ilan Goldfajn, e o bilionário Mike Novogratz, um dos principais nomes de Wall Street, falaram sobre o assunto.
A Bitcoin valorizou 450% no ano e só neste mês atingiu cotação de US$ 5 mil, com queda de 40% nas duas semanas seguintes
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Para Ilan, a Bitcoin é um ativo sem lastro e que o BC quer evitar a formação de bolhas e pagamentos ilícitos com o uso dos novos mecanismos baseados na tecnologia blockchain. “Isso é a típica bolha ou pirâmide que existem na economia há centenas de anos”, disse ontem (16), durante evento em São Paulo, segundo o InfoMoney.
A Bitcoin teve valorização de 450% nesta temporada e só neste mês atingiu uma cotação de quase US$ 5 mil, para depois cair 40% em duas semanas, o que leva Novogratz a chamá-la de “a mãe de todas as bolhas”, segundo a revista Exame.
O executivo comentou que isso pode ser visto como um alerta mas também como um grande chamariz. “Essa vai ser a maior bolha de nossas vidas. Os preços vão subir muito além de onde deveriam. Vai dar para fazer bastante dinheiro nessa alta e nós queremos estar nisso”, disse, em entrevista à TV Bloomberg. Ou seja, para ele o importante é aproveitar a alta e deixar o barco quando estiver afundando.
Regulação e fintechs
As novidades e a agitação do mercado fazem com que vários países passem a olhar mais de perto para instituições financeiras e transações envolvendo criptomoedas. Os chineses, por exemplo, possuem “fazendas” de mineração e o governo avisou que vai banir o comércio doméstico de moedas virtuais — o que por si só gera instabilidade no preço da Bitcoin.
Banco Central vai preparar uma regulação para as empresas financeiras de tecnologia — as fintechs — com mediação em audiência pública
Japão, Rússia e Estados Unidos também veem aumento das operações em seus mercados e a comissão reguladora do cenário americano, a Securities and Exchange Comission (SEC), já anunciou uma unidade para analisar as moedas que utilizam tecnologia blockchain. Instituições tradicionais, como JPMorgan e Merrill Lynch, condenaram as novidades.
O assunto também traz à tona as fintechs. Pesquisa da Goldman Sachs destaca que os bancos devem perder quase US$ 5 trilhões para essa indústria nos próximos anos. O presidente do BC disse acreditar que a revolução digital vai gerar ganho de eficiência e produtividade, mas que isso deve se refletir nas taxas de inflação em vários países.
Goldfajn adiantou que é preciso diferenciar as várias empresas desse setor — algumas fazem apenas pagamentos, outras realizam empréstimos e até mesmo comercializam Bitcoin — e que prepara uma regulação para o setor, com medidas em audiência pública.
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