Depois de um leilão que se arrastou por nove meses, a Toshiba chegou a um acordo de US$ 18 bilhões para vender a sua divisão de memórias para a Bain Capital LP, um grupo de investimentos do qual a Apple faz parte. Com isso, a companhia japonesa se livra de um problema, mas ainda não consegue resolver todos os entraves para concluir a negociação.
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Os indícios de complicações se ampliaram ainda mais nesta quinta-feira (28), quando uma coletiva de imprensa que seria realizada em Tóquio, Japão, foi cancelada momentos antes do horário para o qual estava programada. A explicação oficial do grupo de investidores é de que todos os seus oito membros ainda não haviam chegado a um consenso sobre o tema a ser tratado na conferência.
Apesar da explicação um tanto quanto inusitada, a postura oficial do Bain Capital é a de afirmar que as dúvidas não dizem respeito à aquisição em si, não restaria dúvida entre os membros sobre os termos de contrato. A explicação, dada pelo líder do grupo no país asiático, Yuji Sugimoto, tem sentido: o atraso das negociações se deu exatamente por causa da Apple, que exigiu alguns ajustes no contrato sobre a questão do fornecimento de memórias de acordo com fontes ligadas à negociação.
Governo, interesses e mais pressão
Outro entrave que a Toshiba precisa superar para levar a venda adiante é a barreira criada pela Western Digital, que divide com a empresa japonesa o controle da SanDisk. Como a companhia não foi incluída na negociação, ela deve criar quantos empecilhos forem possíveis para evitar a conclusão da negociação
Além dos pormenores contratuais e de possíveis desacordos entre os membros do grupo de investimento, há ainda questões legais que precisam ser superadas para que o negócio seja finalizado. O governo japonês conseguiu que a Toshiba, junto da também japonesa Hoya Corp, ainda mantivesse controle de 50% do negócio de memórias. Outros grupos japoneses e um próprio fundo estatal demonstraram interesse em investir no negócio no futuro.
Tudo isso deve atrasar a conclusão da venda para depois do final do ano fiscal japonês, que acaba no próximo mês de março — vale lembrar que os órgãos regulatórios do mercado no Japão também precisam dar o seu aval sobre essa questão. A Toshiba é, atualmente, a segunda maior fabricante mundial de memórias NAND, o que explica também todo o imbróglio e todo o interesse em torno da negociação.
Fontes