Se as polêmicas sobre a cultura sexista no Vale do Silício já não tivessem sido o suficiente para botar fogo na discussão de como a região trata as mulheres, agora é a vez da Tesla entrar na confusão: funcionárias da fábrica da montadora, em Fremont, descrevem o seu ambiente de trabalho como uma “zona de predadores”, se referindo ao assédio por parte de seus colegas.
A bomba, trazida à tona pelo jornal britânico The Guardian, é acompanhada por alegações de outras colaboradoras que afirmam terem sido cantadas por outros trabalhadores, se sentindo inseguras perto de gerentes e também sendo sujeitadas a comentários machistas por parte de seus superiores.
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Toda a história começou depois da repercussão do caso de AJ Vandermeyden, uma engenheira e ex-funcionária da Tesla, que processou a empresa de Elon Musk por “assédio indesejado e intrusivo”.
AJ Vandermeyden (Foto: Rami Talaie/The Guardian)
As alegações são de que ela e outras colegas de trabalho tiveram promoções negadas, recebiam menos que outros funcionários homens nas mesmas posições e, ao vocalizar suas reclamações para a área de Recursos Humanos, foram ameaçadas. Vandermeyden foi mandada embora meses depois de tornar tudo isso público.
Agora, a voz dela se junta a de outras funcionárias que foram chamadas para um almoço organizado pela empresa para falar sobre “óleos essenciais”, o que fez com que algumas colaboradoras se sentissem ofendidas – e Vandermeyden acredita que esse foi o ponto crítico para as alegações sobre a “zona de predadores”.
Elon Musk também falou
O chefão da Tesla, Elon Musk, não deixou barato e se pronunciou em um email. O executivo escreveu: “Se você faz parte de um grupo de minoria, você não ganha carta branca para ser um babaca. Tivemos alguns poucos casos na Tesla em que alguém em uma posição de minoria recebeu uma promoção sobre outros candidatos até mais qualificados, e aí decidiu processar a Tesla em milhões de dólares, porque sentia que não foi promovido o suficiente. Isso obviamente não é legal”.
A companhia está refutando veementemente as alegações feitas por Vandermeyden e pelas demais colaboradoras e afirmou que a descrição da empresa como “zona de predadores” não foi em decorrência do almoço sobre os “óleos essenciais” que, segundo a montadora, foi um evento organizado por um grupo chamado “Women in Tesla” (Mulheres na Tesla) e já fazia parte do cronograma.
“Colaboradores se juntaram para fazer perguntas aos executivos, compartilhar suas experiências na Tesla – positivas e negativas –, enquanto outros falaram de coisas que eles acreditavam que a empresa estava fazendo certo e alguns fizeram algumas sugestões”, disse um porta-voz da empresa. “Em alguns casos, funcionários estavam apenas buscando uma colaboração melhor com seus parceiros de RH de forma geral e não tiveram nada a ver com qualquer alegação de assédio”.
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