Depois de tantos anos com o padrão de memórias DDR3 imperando nos mais diversos segmentos, as fabricantes finalmente viram que o momento era ideal para fazer um upgrade para o padrão DDR4.
É claro que a decisão não foi tomada de forma aleatória. Primeiro, as empresas que desenvolvem tais tecnologias precisaram atender aos requisitos estabelecidos pela JEDEC (conselho responsável pela padronização das memórias DDR4).
Depois, marcas como Samsung, Corsair e Crucial tiveram de aguardar até ter uma plataforma estável para os consumidores. Isto aconteceu apenas no fim do ano passado, com a chegada da linha de processadores Intel Haswell-E e as respectivas placas-mãe que davam suporte aos novos chips e módulos de memórias RAM.
Com promessas de melhorias no consumo de energia, aumento de até duas vezes na velocidade de transmissão de dados e alteração na densidade para garantir o dobro de memória num mesmo espaço, o padrão DDR4 chegou para ser revolucionário. O preço, obviamente, acompanhou os benefícios.
Contudo, a dúvida que o consumidor tem é se realmente vale a pena o upgrade. Será que a troca do DDR3 pelo DDR4 vai causar impacto no dia a dia das pessoas? Como se dá o salto de performance na execução de games e aplicações mais pesadas? Para responder tudo isso, nós garimpamos os principais testes e trazemos as considerações mais importantes neste artigo.
As principais novidades do DDR4
Bom, antes de entrar na comparação entre os dois padrões, é de suma importância falar sobre as melhorias do DDR4, afinal, somente ao ter números concretos podemos ter uma noção das qualidades da nova tecnologia.
Primeiramente, temos a questão da tensão de operação. Os módulos de memória DDR4 em versão comum (standard) trabalham com 1,2 volts, o que é menos até mesmo do que as memórias DDR3 do tipo Low-Voltage utilizam (o padrão DDR3L trabalha com 1,35 volts) para operar adequadamente. A versão de baixa voltagem do padrão DDR4 opera com 1,05 volts.
Na prática, essa diferença de tensão deve gerar uma economia muito pequena (na ordem dos 20 watts), mas é algo considerável e que pode fazer diferença ao longo de um ano. Futuramente, isso pode ser de grande serventia principalmente em notebooks, já que os portáteis precisam ser muito mais eficientes na questão do uso de energia.
Outra grande novidade é a frequência de operação. Enquanto o DDR3 trabalha oficialmente com clocks que vão de 800 a 2.133 MHz, o DDR4 começa em 2.133 e vai até 4.266 MHz. Em teoria, os números representam um salto gigantesco, já que temos uma quantidade muito maior de transferências num mesmo espaço de tempo.
Contudo, no dia a dia, a história é completamente diferente. Primeiro porque temos a questão da latência, que aumenta com a frequência de operação. Quer um exemplo? Um módulo DDR3-1600 opera com latência CL11, o que significa que há um atraso de 13,75 nanossegundos para iniciar uma leitura. Uma memória DDR4-2133 tem latência CL15, o que significa que esse tempo sobe para 14,06 nanossegundos.
Diferença na pinagem entre memórias DDR3 (topo) e DDR4 (abaixo)
Quanto à estética, as memórias DDR4 sofreram algumas alterações internas, algo que resultou em leves mudanças no posicionamento dos contatos. Além disso, o novo padrão tem um acréscimo de 48 pinos, totalizando 288 contatos. O tamanho físico continua igual, sendo que foi preciso uma redução no espaço entre os componentes metálicos no slot (tanto na memória quanto na placa-mãe).
Uma comparação complicada
É importante considerar que uma batalha entre as duas tecnologias não é exatamente justa se considerarmos as configurações compatíveis com cada padrão. As memórias DDR3 podem ser usadas em uma grande gama de computadores, mas não há um processador da série Intel Haswell-E que ofereça tal possibilidade — pelo menos não comercialmente.
Além da vantagem para o DDR4 na questão de processamento, o que impossibilita um teste preciso, há outros componentes na placa-mãe que podem alterar drasticamente os resultados de benchmarks. Diferenças de chipset e a comunicação entre processador e memória RAM apresentam enormes discrepâncias de uma configuração para outra.
Conseguir identificar se uma vantagem é resultado do uso do novo padrão de memórias ou dos novos processadores é algo muito complicado, já que as verificações em benchmarks ou jogos geralmente apresentam resultados em pontuações únicas.
Também é válido pensar que de nada vale fazer um teste apenas de memória, já que ele geralmente dará melhores resultados ao computador com DDR4, sendo que isso não tem grande relevância para o consumidor no cotidiano.
Apesar desses detalhes, a comparação ainda se faz necessária e de grande interesse, já que, dependendo do resultado, o usuário pode ter uma boa noção dos benefícios ou prejuízos que terá com uma ou outra tecnologia. Vamos ver quais foram os números que a AnandTech conseguiu em sua análise comparativa.
Vale a pena apostar no DDR4?
Bom, finalmente vamos aos tais testes que podem nos dar uma ideia do quanto vale a pena apostar no DDR4. Os números abaixo foram divulgados pelo site AnandTech, que fez algumas comparações tanto com softwares para conversão de vídeos, para uso profissional, renderização de páginas na web, softwares comuns (como WinRAR e 7-Zip) e outros tantos que podem dar uma noção da performance do DDR4 no dia a dia.
Como você pode ver acima, o padrão DDR4 foi superior em apenas cinco testes, sendo que somente em dois resultados podemos considerar como uma vantagem significativa. As memórias DDR3 mostraram superioridade, ainda que mínima, em 17 testes, dos quais apenas um apresenta ganho impactante de performance.
Para jogos, o DDR4 conseguiu 11 resultados positivos, com três excelentes vantagens. Os módulos DDR3 levaram a melhor em oito testes, mas somente dois podem ser classificados como diferenças significativas. É válido comentar que o teste aqui foi realizado tanto em configuração com uma placa de vídeo quanto em modo SLI (com placas NVIDIA GTX 770).
No fim das contas, temos quase um impacte técnico. O padrão DDR4 talvez seja um pouco vantajoso em jogos, mas não necessariamente faz diferença para aplicações pesadas. É de ficar boquiaberto com as capacidades do DDR3, que ainda deve reinar absoluto por um bom tempo — exceto se a indústria forçar o upgrade para a nova tecnologia.
Diferença em frames por segundo com diferentes configurações de memória e módulos com clocks diferentes
Também é preciso considerar que toda a arquitetura do DDR3 saiu em desvantagem em boa parte dos testes, já que os resultados foram influenciados pelo processador e demais componentes nas máquinas com módulos DDR4.
Basicamente, quando conseguimos ver vantagens nos testes com memórias DDR4, elas são tão mínimas que o investimento em memórias DDR4 não é exatamente válido, já que toda a configuração da máquina acaba tendo seu preço elevado. Por ora, recomendamos manter o DDR3 independente das tarefas que você realiza, mas pode ser que o futuro reserve boas surpresas para esta tecnologia.
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