Seguindo nossa série de artigos sobre o processo de construção de computadores gamer, vamos falar agora sobre memórias RAM adequadas para a jogatina.
As dicas aqui apresentadas são do overclocker Ronaldo Buassali, especialista no assunto que, em pareceria com o Tecmundo, vem ajudando os jogadores que estão montando suas máquinas de jogos.
Assim como o processador e a placa de vídeo, a memória desempenha um papel importante na hora de trabalhar com jogos pesados. As memórias mais recentes são do tipo DDR3 com 240 pinos, mas será que qualquer uma serve?
Primeiro, é importante ressaltar que os modelos lançados em meados de 2007 sofreram muitas alterações, o que nos leva a recomendar modelos mais novos, que já incorporam as melhorias promovidas pelo avanço da tecnologia.
(Fonte da imagem: Ronaldo Buassali)
Os primeiros modelos introduzidos foram de 1.066 MHz e 1.333 MHz, e já no final de 2007 surgiram memórias de 1.600 MHz. Nessa época, as peças trabalhavam com tensões bem altas se comparadas com as atuais. Essa alteração de voltagem possibilitou um “alívio” no trabalho dos computadores de hoje.
Essa questão é importante e vamos abordá-la neste artigo, mas, antes, vamos tecer algumas considerações que achamos primordiais para determinar as características que devem definir as memórias destinadas para um PC Gamer.
Quantidade de memórias RAM para jogos
Uma vez que a proposta de um PC Gamer deve ser rodar todos os games com qualidade, recomendamos a quantidade de 4 GB, que é o requisito mínimo para games mais recentes, como Crysis 3 e Battlefield 4. Aliás, a DICE, desenvolvedora de BF4, recomenda 8 GB para obter qualidade e desempenho satisfatório.
Quantidades abaixo de 4 GB estão aquém das especificações mínimas para games, tornando a máquina inadequada. Instalar mais de 8 GB é interessante, mas não espere grande diferença. Em caso de limitação de orçamento, vale poupar este valor para incremento em outros itens (a não ser que o PC seja utilizado também para outras atividades que requerem mais memória).
Frequência e padrão de memória para um PC gamer
Se você está montando uma máquina para jogos e o orçamento está apertado, recomendamos memórias de 1.600 MHz com dissipadores como linha de entrada, uma vez que este é o padrão atual. Memórias de 1.066 e 1.333 MHz devem ser evitadas quando possível.
(Fonte da imagem: Divulgação/Corsair)
A diferença de performance entre módulos com clock de 1.333 e 1.600 MHz não é significativa, mas existem mais coisas envolvidas, que nos orientam a dar esta recomendação. As memórias de 1.600 MHz já estão há um bom tempo no mercado e não são muito mais caras, valendo a pena investir seu dinheiro com um produto melhor.
As memórias de baixas frequências, como a de 1.333 MHz, na maioria das vezes, são fabricadas com chip de baixo custo e qualidade, portanto muito mais suscetíveis a problemas, que vão das irritantes mensagens de erro à falha completa do sistema. Quando ocorrem essas falhas, é comum que os dados críticos armazenados na memória sejam perdidos ou substituídos.
Aliada à frequência das memórias, temos um parâmetro importante: a latência que usualmente é chamada de "timing". Ela promove o tempo de resposta entre o tráfego de informações. Quanto menores forem esses valores, melhor é o desempenho da memória.
Existe uma grande quantidade de "timings" em uma memória, alguns de bastante importância, mas o mais conhecido é o Cas (CL). Este valor é responsável pela determinação da latência da memória, sendo um valor em unidade de tempo que pode variar.
Temos, por exemplo, memórias de 1.600 MHz com Cas variando de 6 até 10, sendo que o valor mais alto torna o modelo mais barato. Via de regra, para uma máquina gamer, não haverá diferença significativa em jogos, mas uma memória com Cas menor indica sem dúvida uma melhor qualidade do chip.
Problemas que surgem por conta de memórias baratas
Vamos dizer que você está montando um computador, liga a fonte e nada acontece. A maioria das pessoas vai checar outros componentes, talvez trocar a fonte ou passar horas tentando resolver o problema, mas é bastante frequente acontecer coisas do gênero por problemas relacionados à memória.
Às vezes, a máquina funciona bem no início, mas, em seguida, misteriosamente desliga. A maioria dos gamers já experimentou a "tela azul" em algum momento de suas vidas, e nem sempre é fácil dizer o que a causou, mas podemos creditar grande chance deste problema ser provocado por memórias de má qualidade.
(Fonte da imagem: Ronaldo Buassali)
Elas também são mais propensas a apresentar problemas de compatibilidade, reconhecimento parcial ou, ainda pior, a omissão de parte da quantidade instalada, fazendo com que essa seja uma causa comum de defeitos associados à memória.
A indicação do dissipador também tem uma forte relação com isso. As unidades fabricadas por empresas sérias, com dissipadores, utilizam geralmente chips de melhor qualidade (como os da Samsung, da Hynix, da Elpida etc.).
É bastante fácil de perceber que o uso intenso do computador nos jogos causa aquecimento nos componentes internos, tornando a recomendação de dissipadores bastante importante.
É preciso ter em mente que o PC pode rodar com memórias de baixa qualidade, quase que da mesma forma como o faria com memórias decentes de 1.600 MHz, mas tudo o que foi citado acima ficaria por conta e risco do comprador, ou seja, a vantagem da economia verte a favor apenas de quem vendeu, e para o comprador fica a maior probabilidade de ter problemas futuros.
Por que os melhores fabricantes de memória não incluem chips "baratos" em suas linhas de mais qualidade? A resposta é simples: porque eles não querem que o seu nome fique associado a eles. Portanto, mantemos para um PC Gamer, no mínimo, memórias que sigam as indicações acima.
Memórias de alto desempenho
Atualmente existem memórias de alta performance com frequências de até 3.000 MHz. O desempenho "extra" obtido com a utilização desses componentes pode ser verificado de uma maneira mais latente, em frequências realmente altas (algo próximo de 2.400 MHz), e principalmente em benchmarks sintéticos como 3DMark 11, Fire Strike Extreme e outros.
Nessas condições, a diferença pode ser grande, e mesmo em games como Battlefield 4, no qual as melhorias são mais tímidas, ela é bastante considerável em relação à utilização de memórias com clock de 1.333 ou mesmo 1.600 MHz.
(Fonte da imagem: Divulgação/Corsair)
Memórias de alta performance como as Corsair Dominator Platinum e G.Skill Trident são caras, porque são fabricadas e testadas uma a uma, chip a chip (normalmente são 16 chips por módulo). Esses chips são testados individualmente para sua classificação, sendo que são bastante raros os aprovados para trabalhar em frequências de 2.666 MHz ou superiores.
Computadores providos dos processadores de nova geração, Haswell (série K) e Ivy Bridge E (série K e X) têm a característica de poder trabalhar com as memórias em alta frequência, o que melhora consideravelmente o desempenho do sistema.
Nos sistemas cujo processamento gráfico é realizado pelo processador (GPU integrada), as memórias trabalhando em frequências mais altas promoverão boa melhora de desempenho, o que ocorre porque a memória de vídeo a ser utilizada é a mesma que a da placa-mãe, ou seja, as memórias que estamos tratando neste artigo.
Dicas importantes
- Qualquer entusiasta gostaria de um quad-channel (memórias trabalhando em quatro canais, característica para desktop disponível para plataforma Intel X79) de memórias de alta performance, mas mesmo um kit single (um módulo) com 4 GB serve como requisito mínimo para um PC Gamer e permitirá qualidade decente para jogos;
- Um bom investimento é usar 8 GB de memória RAM. Se não for possível comprar para uso imediato, vale considerar como futuro upgrade;
- Para testar se uma memória está boa, é bastante útil conhecer o software Memtest / Memtest86. Ele testa os setores, verificando defeitos e a integridade da peça. Essa atividade pode ser útil principalmente se você comprar um kit usado;
- Dê preferência para a utilização de todos os canais de memória. Se for utilizar 8 GB, opte por uma combinação 2 x 4 GB. Comprar um pente de 8 GB pode ser uma boa escolha caso o comprador esteja propenso a um upgrade para 16 GB;
- Mesmo que muitas pessoas utilizem memórias de baixa qualidade e não tenham problemas, isso não quer dizer que devemos indicá-las. A maioria dos problemas apresentados por memórias são por conta de chips de baixa qualidade, os quais podem acabar dando prejuízo. Se não fosse assim, não existiria sentido para as fabricantes investirem em tecnologia e componentes mais robustos;
- Não é porque uma memória não possui as características que recomendamos para um PC Gamer que significa que ela é ruim. Existem memórias de 1.333 MHz com chip decente que podem atender às necessidades de um PC doméstico ou de trabalho, mas elas deixam a desejar para quem pagou mais e acredita ter levado algo melhor;
- A venda de computadores gamer munidos de memórias abaixo das especificações citadas somente interessa a quem economizou neste componente, levando compradores desatentos a pagar mais pelo que não estão levando;
- Poucas pessoas conhecem as marcas e os modelos de chip de boa qualidade. Isso faz com que empresas barateiem consideravelmente o custo de suas máquinas em detrimento da qualidade deste componente. Marcas consagradas de memórias são a melhor opção para quem não quer pesquisar os códigos, e também porque seria necessária a remoção do dissipador para a identificação do chip;
- Os modelos de qualidade das marcas conceituadas costumam ter garantia vitalícia. Isso é prova cabal de que abaixo do dissipador estão instalados componentes de alta qualidade. Atente-se a isso.
Este foi mais um artigo da série PC gamer. Esperamos que as dicas tenham sido úteis. Fique ligado em nosso site, pois em breve vamos publicar um artigo dando mais conselhos sobre os demais componentes para sua máquina de jogos. Até a próxima!
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