Com novo método, um tipo de neurônio pode ser transformado em outro (Fonte da imagem: Reprodução/Scientific American)
O córtex cerebral dos mamíferos está dividido em seis camadas distintas, cada qual com um tipo específico de neurônios. Basicamente, sabemos disso há séculos e, portanto, não é novidade alguma. Mas agora cientistas descobriram que existe uma forma de fazer com que um tipo de neurônio se converta em outro, graças às pesquisas de Denis Jabaudon, que tenta entender os mecanismos genéticos que estabelecem e mantêm essas camadas.
Jabaudon desenvolveu um método eletroquímico batizado de iontorporation, que transfere genes em um tipo específico de neurônio. Com isso, a equipe do pesquisador conseguiu transformar um tipo de neurônio em outro em um cérebro já formado, nos dando um pouco mais de informações sobre a habilidade de readaptação e reprogramação desse órgão.
Detalhes sobre o experimento
Os neurônios da camada 4 do cérebro de uma rato possuem corpo arredondado e muitos dendrites curtos, usados para se conectar com outras células, recebendo sinais sensoriais do tálamo. Já as células da camada 5B possuem corpo em forma de pirâmide e um dendrite proeminente que se prolonga até a camada 1.
Além disso, o Fezf2 é uma espécie de regulador da atividade de certos genes e que se faz presente na vida toda dos neurônios da camada 5B, sendo necessário e suficiente para transformar células corticais em neurônios dessa camada.
Neurônio com corpo piramidal do cérebro de um rato (Fonte da imagem: Reprodução/Wikipedia)
Quando a equipe de Jabaudon incorporou o Fezf2 em neurônios da camada 4, um dia depois das cobaias nascerem, essas células se estabeleceram com uma nova identidade cerca de uma semana após o início do experimento, transformando-se completamente. Em outras palavras, os neurônios da camada 4 passaram a se comportar como se fossem da 5B, transmitindo sinais nervosos como essas células fariam. E, ainda melhor, eles foram capazes de se reorganizar dentro do cérebro e passaram a receber sinais das camadas 2 e 3, em vez do tálamo.
O mesmo experimento foi repetido com o atraso de 10 dias após o nascimento dos ratos, mostrando que o tempo é fator importantíssimo para a reprogramação dos neurônios, já que dessa vez eles não apresentaram a mesma maleabilidade que da outra vez. Agora, os cientistas pretendem investigar os mecanismos moleculares que atuam no caso de lesões cerebrais e, dessa forma, esperam um dia que a reprogramação de neurônios possa ser um meio de reparar um sistema nervoso danificado.
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