Traumas cerebrais provocados por lesões são capazes de destituir um sujeito de personalidade. Significa, em outros modos, que pessoas vítimas destes tipos de acidentes podem não conseguir recuperar memórias – a retenção de informações também fica comprometida em casos do gênero. Mas e se for possível restaurar determinadas funções cerebrais por meio de um chip e fazer assim com que veteranos de guerra, por exemplo, superem traumas?
Pois é justamente esta a proposta do programa Restoring Active Memory (RAM), empreitada conduzida pelas universidades da Califórnia e Pensilvânia sob a supervisão da Agência de Projetos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA). Apesar de ousada, a proposta é de fato promissora. Acontece que, em 2013, próteses neurais funcionaram junto ao cérebro de ratos – provando que a interação cérebro/máquina em circuito fechado é possível. Atualmente, não existem métodos eficazes capazes de tratar traumas cerebrais graves e recuperar memórias perdidas.
O que motiva o desenvolvimento de RAM é também o fato de que, desde o ano 2000, cerca de 270 mil membros dos serviços militares norte-americanos foram acometidos por algum tipo de lesão cerebral traumática. Estima-se ainda que 1,7 milhão de civis dos EUA também são afetados por traumas que não permitem a retenção de memórias.
O conceito
A universidade da Califórnia (UCLA) pretende coletar dados a partir de eletrodos implantados no cérebro de pacientes epiléticos. A intenção desta ação é analisar o comportamento do córtex entorrinal e também do hipocampo – ambas áreas diretamente envolvidas nos processos de aprendizagem e memorização. Na Pensilvânia, os estudiosos vão observar a forma de comportamento do cérebro de pacientes que praticam jogos de memória.
Uma vez desenhados ambos os sistemas, modelos criados por computadores serão capazes de descrever o funcionamento das “memórias em código de neurônios” – o que deverá possibilitar a criação de um “circuito fechado” funcional. E deve-se deixar claro: todos os pacientes que participarão do RAM serão voluntários.
Em suma, pretende-se fazer com que o mecanismo capte sinais de uma área não danificada do cérebro e o faça passar pela região lesionada para criar então uma nova ligação neural. A pesquisa toda poderá durar até quatro anos. Mais detalhes acerca do programa Restoring Active Memory podem ser conferidos no site da DARPA, em inglês.
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