O professor de engenharia elétrica e da computação Carlos Mastrangelo, da Universidade de Utah, nos EUA, publicou nesta semana um artigo científico descrevendo como ele construiu o primeiro par de óculos com lentes líquidas para resolver o problema de portadores de presbiopia. Ele mesmo sofre da doença e demonstrou na CES 2017 a sua criação.
Esse aparelho serve para evitar que as pessoas afligidas pela presbiopia tenham que trocar óculos o tempo todo
Esse aparelho serve para evitar que as pessoas afligidas pela presbiopia tenham que trocar óculos o tempo todo, usando um acessório para enxergar de perto e outro para enxergar de longe. Algumas lentes atuais até possuem foco duplo, mas não ajudam em momentos em que o usuário precisa agir rapidamente, como no trânsito.
Com óculos tradicionais, Mastrangelo conta que tinha problemas para dirigir em locais desconhecidos, pois não conseguia enxergar o GPS no painel do carro, uma vez que não tinha como remover os óculos feitos para ver de longe — essenciais para reparar nas ruas e na sinalização — e colocar os para ver de perto.
“Eu ficava me perguntando o porquê de eu estar sendo tratado com tecnologia desenvolvida por Benjamin Franklin. Eu não vivo no século 18,” explicou Mastrangelo ao The Verge por email.
Como funciona
Essa dificuldade foi o que motivou Mastrangelo a dedicar seu tempo à criação, que hoje funciona a partir desse protótipo que você confere na imagem. Ele conta com uma câmera infravermelha entre as lentes que serve para identificar a distância entre o rosto do usuário e o objeto que ele está olhando. Com isso, os óculos automaticamente mudam a curvatura das lentes líquidas para fazer o foco.
Pessoas com presbiopia perderam a flexibilidade no globo ocular
Pessoas com presbiopia perderam a flexibilidade no globo ocular, o que fazia a curvatura da “lente do olho” de forma natural. Por isso, os mais idosos possuem dificuldade para ler livros, por exemplo. Crianças normalmente têm uma capacidade bem maior de trocar o foco de visão de um objeto para o outro. Quando a pessoa atinge a vida adulta, o problema pode começar a se manifestar.
Para fazer os óculos funcionarem, Mastrangelo precisou embutir uma bateria no dispositivo, capaz de enviar impulsos elétricos para as lentes com frequência e também operar a câmera infravermelha ininterruptamente. A versão atual do aparelho consegue trocar o foco em apenas 14 milissegundos, o que o olho humano, em teoria, não deve perceber. A autonomia dos óculos é de mais de 24 horas no estágio atual de desenvolvimento.
Segunda geração
Mastrangelo e um de seus estudantes de doutorado, Nazmul Hasan, no momento trabalham na segunda geração do aparelho, que deve ser “bem mais leve, mais compacto, mais estiloso e mais capaz”, explicou o professor. A nova versão contará com sistema de rastreamento de olhos para o dispositivo entender melhor para onde o usuário está olhando e, com isso, ajustar o foco com mais precisão.
O criador acredita que seu produto possa chegar ao mercado em dois ou três anos e deverá custar algo entre US$ 500 e US$ 1 mil.
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