Quando falamos do Hololens, a primeira aplicação que nos vem ao pensamento provavelmente é no entretenimento. Afinal, imaginar-se em uma sala cheia de hologramas que conseguem simular perfeitamente um campo de batalha ou o território de outro planeta é algo que apenas permeava a nossa imaginação — e o filme do Homem de Ferro.
Dois médicos brasileiros, entretanto, estão dando uma nova aplicação ao dispositivo. Pela primeira vez o Hololens marca sua chegada aos centros cirúrgicos para auxiliar em cirurgias da coluna.
O Dr. Henrique Lampert é um cirurgião ortopédico em Jaraguá do Sul, SC, e há pouco mais de 5 meses resolveu investir em um Hololens para auxiliá-lo durante as operações. A convite do nosso parceiro Matheus Betinelli (do projeto TecMundo Experts), o Dr. Lampert muito atenciosamente tirou um momento de sua agenda apertada para responder algumas perguntas sobre o seu inovador projeto.
Aviso! Você pode conferir um vídeo mostrando a cirurgia real feita pelos médicos, mas, se você tem sensibilidade ao ver sangue, não assista. Caso queira conferir as imagens, clique neste link.
De onde surgiu a ideia de utilizar o Hololens para fins cirúrgicos?
“Eu e o Dr. Bruno Gobatto já utilizávamos tomografias para renderizarmos os scans em modelos tridimensionais, que eram, em seguida, impressos utilizando uma impressora 3D. Em pouco tempo vimos que isso não estava sendo viável, pois às vezes o objeto que precisávamos imprimir era maior do que o suportado pela impressora ou demorava horas e horas para fazer um único modelo. Foi então que tive a ideia de comprar um Hololens. Agora, podemos visualizar os mesmos scans, mas em forma de hologramas e durante a cirurgia, podendo saber exatamente onde colocar os parafusos, por exemplo. ”
Em qual estágio do desenvolvimento se encontra?
“Não se trata, necessariamente, de uma aplicação. O que fazemos é um plano cirúrgico, importamos as informações da tomografia e outros exames ao computador, criamos as imagens 3D, enviamos ao Hololens e então utilizamos os hologramas para um melhor entendimento da situação do paciente.
Quais as principais funções?
“Acredito que a principal função seja facilitar a cirurgia, pois consigo ver exatamente onde colocar os parafusos na coluna, e tudo isso em tempo real, sem precisar recorrer a guias impressos que acabam gerando um certo risco de contaminação. ”
Como são tratadas as questões de esterilização do dispositivo?
“Essa é uma das maiores facilidades do Hololens, pois eu não preciso tocar nele em momento algum, utilizo os comandos de voz e gestos, portanto ele não fornece qualquer risco de contaminação ao paciente. Quando necessário, peço para que alguém retire da minha cabeça e continuo a cirurgia normalmente. ”
O Dr. Lampert também deixou claro que pretende desenvolver melhor essa ideia e levar à toda comunidade médica: “Acredito que no futuro poderemos oferecer treinamentos à ferramenta, de forma que outros médicos também consigam utilizar o Hololens dentro do centro cirúrgico. ”
Conforme as tecnologias de realidade virtual e aumentada vão crescendo e se desenvolvendo, é certo que setores antes inexplorados terão uma maior oportunidade de evoluir junto com a tecnologia. Vale lembrar que o Hololens ainda está na sua fase inicial, e previsões indicam que em 2017 teremos um novo Hololens, totalmente redesenhado e provavelmente com um hardware muito superior ao atual, dando ainda mais liberdade e poder para os inovadores de plantão.
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E aí, você toparia ser operado por um médico utilizando óculos de realidade aumentada? Conte para a gente nos comentários abaixo!
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