A década de 1960 não foi marcante apenas por lutas populares que sacudiram o mundo, mas também para o mundo dos computadores, mais especificamente dos sistemas operacionais (SO). É nos anos 60 que surge o embrião do Unix, o pai de praticamente todos os SOs existentes hoje em dia.
Se você ainda não ouviu falar desse sistema operacional, provavelmente já escutou um bocado sobre sistemas feitos a partir dele. Mac e Linux são apenas alguns dos SOs tipo Unix. Conheça agora um pouco mais sobre este importante marco na história dos computadores pessoais.
O que é o Unix?
Unix, o pai dos sistemas operacionais (Fonte da imagem: Reprodução / Site oficial)
Unix é um sistema operacional criado por Kenneth Thompson após um projeto de sistema operacional não ter dado certo. O Unix foi o primeiro sistema a introduzir conceitos muito importantes para SOs como suporte a multiusuários, multitarefas e portabilidade.
Além disso, o Unix suporta tanto alterações por linhas de comando, que dão mais flexibilidade e precisão ao usuário, quanto definições via interface gráfica, uma opção normalmente mais prática e menos trabalhosa do que a anterior.
Sua história remonta aos anos de 1960, quando Thompson, Dennis Ritchie e outros desenvolvedores se juntaram para desenvolver o sistema operacional Multics nos Laboratórios Bell da AT&T. A ideia era criar um sistema capaz de comportar centenas de usuários, mas diferenças entre os grandes grupos envolvidos na pesquisa (AT&T, General Eletronic e Instituto de Tecnologia de Massachusetts) levaram o Multics ao fracasso. Contudo, em 1969, Thompson começou a reescrever o sistema com pretensões não tão grandes, e aí surge o Unics.
O passo seguinte foi um retoque no nome e ele passa a se chamar Unix. Em 1973, com ajuda de Dennis Ritchie, a linguagem empregada no sistema passa a ser a C, algo apontado como um dos principais fatores de sucesso do sistema. Atualmente, uma série de SOs são baseados no Unix, entre eles, nomes consagrados como Gnu/Linux, Mac OS X, Solaris e BSD.
Por que o Unix é a base dos sistemas operacionais?
Apesar de não haver uma resposta exata para isso, a esmagadora maioria dos sistemas disponíveis atualmente é baseada no Unix. Talvez você nem saiba, mas o sistema operacional que roda no caixa eletrônico onde você saca dinheiro, por exemplo, provavelmente é um do tipo Unix.
(Fonte da imagem: KHanger)
Multitarefa e multiusuário
É provável que o primeiro grande motivo da popularidade deste sistema sejam os conceitos que ele lançou no mundo dos SOs. Ao contrário de seus principais “concorrentes”, o Unix propôs um sistema multitarefa, capaz de executar dezenas de processos simultaneamente. De fato, a execução no Unix se dava de forma extremamente rápida, o que o fazia parecer ser multitarefa.
Outra característica do Unix é o suporte a multiusuário. O sistema permite que várias aplicações sejam executadas de modos independente e concorrente por usuários diferentes. Assim, eles podem compartilhar não somente hardwares, mas também softwares e componentes como discos rígidos e impressoras.
Atualmente, esses recursos parecem óbvios, mas há 40 anos eram novidades e fortes diferenciais para a escolha de um sistema operacional. Vale lembrar ainda que, nessa época, computadores pessoais também pareciam um sonho distante e o Unix era usado, basicamente, por universidades, governos e grandes indústrias.
Distribuição livre
Outro fator que com certeza influenciou na popularidade do Unix foi ele ter funcionado sob uma licença livre em seus primeiros anos de vida, tendo sido distribuído gratuitamente para universidades e órgãos governamentais dos Estados Unidos. Apenas depois de algum tempo a licença se tornou proprietária.
Contudo, a maioria dos sistemas criados com base no Unix funciona sob um sistema total ou parcial de código aberto. Desse modo, a proliferação do sistema foi impulsionada pela licença livre, principalmente das famílias BSD, Open Solaris e Linux.
AmpliarAmbiente gráfico X rodando no Unix no final dos anos 80. (Fonte da imagem: Liberal Classic)
Por que a Microsoft não usa o Unix?
Essa história começa a ser contada no ano de 1979, quando a IBM necessitava de um sistema operacional para um novo computador e contratou a Microsoft para realizar o serviço. Como a empresa de Bill Gates não possuía um sistema próprio, ela adquiriu o Q-DOS, modificou-o e deu um novo nome a ele: MS-DOS.
MS-DOS, também conhecido apenas por DOS, é um acrônimo para “sistema operacional de disco da Microsoft” e foi a base dos sistemas Windows até o lançamento do Windows 2000. O DOS coordenava o funcionamento do computador, fazendo uma “ponte” entre o hardware e os aplicativos.
Então, a resposta à pergunta desta seção pode ser: por falta de interesse. Além das diferenças básicas entre o Q-DOS/MS-DOS (que tinha como características ser monotarefa e monousuário) e o Unix, o DOS foi a escolha de Bill Gates para entrar no mercado de PCs. Ele preferiu agregar um produto “menor” à sua empresa para vendê-lo à IBM.
Sistemas Unix e tipo Unix
É importante fazer uma ressalva. Unix é um sistema proprietário, justamente por isso softwares como distribuições de Linux e o Mac OS são chamadas de “tipo Unix”. Para um sistema ser considerado Unix, é preciso se enquadrar completamente no “Single Unix Specifications” ou Especificações Únicas do Unix, em tradução livre.
Essas especificações foram definidas pela norma Posix, criada a partir de um projeto desenvolvido em 1985 para padronizar os sistemas variantes do Unix. Se tomarmos Windows, Mac e Linux, os principais sistemas operacionais da atualidade, apenas o SO da Microsoft não faz uso de uma arquitetura baseada no Unix.
Mais seguro?
Essa é uma questão um tanto quanto polêmica. Muitos falam que o Windows é vulnerável demais, enquanto outros dizem que sistemas Linux e Mac (baseados no Unix) não são infectados por vírus. A controvérsia é tanta que até já fez parte da seção “Mito ou Verdade” aqui no Tecmundo.
O que se pode dizer é que, normalmente, sistemas baseados no Unix têm uma estrutura de execução de processos e de instalação de aplicativos um pouco mais complicada do que o Windows. Acaba sendo mais simples instalar um aplicativo executável no Windows do que compilar um pacote TAR.GZ no Linux, por exemplo.
Isso, somado à esmagadora popularidade do Windows entre os usuários, acaba por torná-lo um sistema mais vulnerável do que seus concorrentes. Contudo, o diretor executivo da Symantec, criadora do Norton Antivirus, Enrique Salem, afirmou em fevereiro deste ano que Mac OS não é mais seguro do que Windows.
Vários movimentos no sentido de descomplicar o uso das dezenas de distribuições de Linux têm tornado o uso do sistema cada vez mais convencional, o que pode acarretar em problemas semelhantes aos do Windows. De qualquer modo, a estrutura dos sistemas tipo Unix talvez torne mais difícil a infecção por malwares.
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Essa foi a história de um dos mais importantes componentes de software da história da informática. Não deixe de registrar a sua opinião nos comentários.
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