Futebol, política e religião são três assuntos tradicionalmente polêmicos e potencialmente violentos. Dezenas, centenas ou milhares de anos de discussão ainda não levaram as pessoas a uma conclusão geral sobre alguma destas questões, e provavelmente nunca levarão. Em uma escala menor, menos dramática, e que, provavelmente, não causou ou causará violência, surge outro debate sem fim: qual é o melhor sistema operacional?
Assim como nas questões citadas acima, existem dezenas de posições possíveis para o debatedor. Mas neste caso, a dualidade mais polêmica e mais importante é, sem dúvida, entre o Windows e o Linux. O espaço no mundo da informática é cada vez mais disputado e os produtores de cada sistema operacional especializam seus produtos, numa tentativa de adquirir uma quantidade cada vez maior de usuários.
Há alguns anos, a visão geral era de que, enquanto o Windows era um sistema operacional amigável e acessível, o Linux era algo reservado para usuários com um nível de conhecimento muito alto, que entendiam não apenas da interface do seu computador, como também das particularidades técnicas relativas ao próprio processamento de dados. Hoje em dia, este tipo de visão já não é tão difundida: computadores comprados até mesmo em lojas populares estão, cada vez mais, sendo equipados com Linux em vez do Windows. Por quê?
Esta pergunta fatídica tem dezenas de respostas, e também não analisa a questão por inteiro, pois a decisão de qual sistema operacional será utilizado pelo usuário não é, de forma alguma, definitiva. É um novo tipo de debate, no qual o debatedor pode ver através da perspectiva de seu oponente, trocando de lado à vontade, sem medo.
Até injeção na testa
Sem dúvida, o principal motivo pelo qual a popularidade do Linux cresce a cada instante é o fato dele, por definição, ser gratuito. É um sistema operacional open source, que pode, ao contrário do Windows, livremente ser adaptado e customizado para cada usuário, dependendo de seu nível de conhecimento. Para a maior parte da população, essa possibilidade de alteração e edição não é interessante, pois ainda requer uma habilidade técnica consideravelmente grande.
O primeiro aspecto a ser avaliado pelo usuário do Linux é a distribuição adequada às suas intenções. Existem dezenas de opções, desde aquelas mais amigáveis e simples, como Kurumin e Ubuntu, feitas para quem não tem intimidade com o ambiente Linux, até as mais complexas, como Debian e Slackware, orientadas para usuários com conhecimentos técnicos profundos.
A aquisição do Linux é muito simples. Usuários de conexão de banda larga podem baixar gratuitamente qualquer uma das dezenas de versões disponíveis, e aqueles que ainda utilizam linha discada certamente podem encontrar na banca mais próxima de sua casa uma ou outra revista que traz consigo, sem custo adicional, um CD com uma distribuição do sistema operacional em sua versão integral.
O Windows, por outro lado, é vendido normalmente, como um software qualquer. O custo, relativamente alto, é muito pouco atraente para usuários iniciantes. Redes de lojas que comercializam computadores estão, cada vez mais, optando por disponibilizar o Linux em suas máquinas, para reduzir seus preços e atrair mais clientes.
Primeira impressão
O primeiro contato que o usuário tem com o sistema operacional de seu computador recém-comprado é com a sua interface. Essa, tradicionalmente, é uma grande vantagem do Windows, cuja aparência sempre foi um foco de seu desenvolvimento. Porém, várias opções de ambientes gráficos alternativos estão revertendo essa situação, tornando o Linux um sistema operacional mais bonito, elegante e atraente. Confira abaixo um vídeo:
Uma vez que o usuário se adapta à cara de seu sistema operacional, a compatibilidade com os programas mais úteis e populares torna-se o fator mais relevante. Este sempre foi outro estigma do Linux: o de não ser compatível com a maioria dos softwares utilizados pelo usuário padrão. Porém, os desenvolvedores notaram essa dificuldade de adaptação e, hoje em dia, qualquer distribuição Linux possui um sistema de gerenciamento de pacotes, que gera uma lista dos programas mais utilizados por usuários ao redor do mundo, e permite sua instalação de forma automática e simples.
Mas, para aqueles que ainda não estão satisfeitos com a facilidade crescente de encontrar seus softwares favoritos ou seus equivalentes para Linux, surgem diversas possibilidades de emulação do ambiente Windows, que permitem a utilização de programas individualmente ou até mesmo do sistema operacional inteiro.
Mesmo havendo essa possibilidade de rodar programas do Windows no ambiente Linux, essa troca ainda não é tão simples quanto parece. Jogadores vão se decepcionar com a perda de performance na tradução. O emulador de sistema precisa traduzir todo o conjunto de instruções de um ambiente para o outro, para então realizar a sua leitura. Esse é um processo que força muito a capacidade do computador, desvia recursos do pesado processamento de dados exigido para o funcionamento de jogos modernos, e, desta forma, acaba aumentando os requerimentos destes games, que já são normalmente altos.
Estes requerimentos eram um problema, pois uma boa parte dos equipamentos mais poderosos não era utilizável com o Linux, graças à incompatibilidade da arquitetura de hardware com o sistema operacional e à ausência de drivers. Hoje, a maior parte dos computadores pessoais é compatível com o sistema. Mas não se engane: isso ainda não satisfaz a necessidade de poder de processamento aumentada vertiginosamente pela emulação de sistema operacional.
Cada macaco no seu galho
Então, qual é a resposta da pergunta feita no começo deste artigo? Qual é o melhor sistema operacional? Windows ou Linux? Na verdade, esta é uma pergunta irrelevante. Não importa qual dos dois é melhor. No fim das contas, a decisão sobre qual sistema operacional vai ser mais adequado depende, principalmente, do tipo de usuário. Usuários casuais talvez prefiram a tradição e a popularidade do Windows. Talvez esta também seja a preferência de jogadores. Usuários com nível técnico mais alto talvez prefiram o Linux. Ou não.
Um sistema operacional não passa de um conjunto de ferramentas, produzidas para aproximar o software e o hardware, criando um processo de interação que seja, sobretudo, eficiente e confortável para quem utiliza o computador. Não há razão para confronto entre adeptos de Linux e Windows, e é inútil discutir qual dos dois sistemas é fundamentalmente melhor. Mesmo se um deles for, de fato, mais desenvolvido do que o outro, o que realmente importa é o conforto e a satisfação do usuário.
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