LG G6: review/análise

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Nós ainda não temos muita base para comparação, mas parece que o LG G6 é a melhor alternativa para quem não gostou do Galaxy S8; da mesma forma, o S8 também é a melhor escolha para quem não deu muita bola para o que a LG mostrou no G6. São dois smartphones semelhantes por conta de escolhas de design por parte das duas fabricantes, mas é necessário deixar claro que ambos têm sim suas diferenças significativas.

Olhando sem atenção para os detalhes, alguém poderia até dizer que o G6 é apenas uma segunda opção ao novo top de linha da Samsung, mas eu acho que celular da LG tem suas qualidades únicas e merece ser tratado como um igual. Claro que o S8 é melhor em alguns pontos, mas o G6 também supera o concorrente em outras frentes. Sem mais delongas, vamos à análise completa do novo LG G6.

Que tela mais comprida é essa?

A LG foi a primeira grande marca a trazer o formato de tela 18:9 ou 2:1 para o mercado mobile. Até então, esse padrão era visto apenas em salas de cinema e em alguns clipes de artistas famosos. A coreana resolveu apostar nisso por ter percebido que o mundo dos smartphones tinha muito a ganhar com mais espaço vertical. Afinal, fora raros momentos de consumo de vídeo e games horizontais, nosso tempo com o celular é gasto com ele na vertical.

A LG resolveu diminuir o espaço das bordas superior e inferior para entregar mais display

A LG resolveu então diminuir bastante o espaço das bordas superior e inferior para entregar mais display sem precisar deixar o produto muito maior. Funcionou! O G6 tem um corpo relativamente pequeno, e essa impressão é passada justamente pelo fato de a largura dele não ser exagerada, facilitando o uso com uma só mão.

Mas não ache que uma tela de 5,7’’ no formato 18:9, como a do G6, possui o mesmo espaço de uma 16:9 com a mesma medida diagonal. O Nexus 6P, por exemplo, também mede 5,7, mas tem um espaço de visualização maior: são 90,7 cm² do smartphone da Google contra 85,5 cm² do da LG. Pode parecer pouco, mas 5 cm² é bastante coisa.

Eu espero que, a partir de agora, as empresas comecem a anunciar o display de seus celulares em cm², para que o consumidor tenha uma base de comparação mais justa. Contudo, enquanto isso não acontece, a regra é essa: telas 16:9 (o nosso formato padrão atual) são cerca de 6% maiores que as 18:9 com a mesma medida diagonal. Generalizando, a do G6 é 6% menor que a de qualquer outro aparelho mais antigo que também meça 5,7’’.

Para fazer a conta e descobrir qual é o espaço da tela de um gadget, você precisa de uma régua para medir a altura e a largura. Multiplicando essas medidas em centímetros, você consegue a área. O problema é que, atualmente, nenhuma marca entrega essas informações precisamente em tabelas de especificações, e você tem que fazer tudo na mão. A gente espera que isso mude em breve ou que todos os celulares venham no padrão 18:9 (o que é bem difícil de acontecer nos próximos anos).

Se você não estiver a fim de medir manualmente os lados do display, use esse site aqui para conseguir dimensões aproximadas.

Com isso esclarecido, podemos seguir e discutir a qualidade da tela do G6. Esse display representa as cores com muita fidelidade e alcança um nível de brilho bem intenso. O mais interessante é que a marca coreana conseguiu um nível de contraste bem intenso nesse visor, mesmo ele sendo IPS LCD. Tanto é que existe o recurso de visor sempre ligado, mostrando hora, data e alguns ícones de notificações. Você nem percebe que o display está completamente ligado. Ponto para a LG!

Eu não tenho dúvidas de que o visor do G6 seja o melhor IPS LCD disponível no mercado atualmente, mas ele ainda não superior ao Super AMOLED do Galaxy S8, que consegue cores mais vivas, muito brilho e “contraste infinito”. Em suma, dá para dizer que a tela do G6 é excelente, mas não a top da categoria.

Uma nova abordagem em design

Não dá para dizer que a identidade visual do design da LG mudou completamente de um ano para o outro, entre o G5 e o G6. Mesmo esses aparelhos tendo sido construídos a partir de materiais bem diferentes, eles ainda compartilham muito na questão da aparência. Talvez o esquema da câmera dupla ajude a manter essa similaridade, mas, em minha opinião, não é só isso.

Muito mais bonito que o G5, pelo menos

Seja como for, o G6 é bonito. Muito mais bonito que o G5, pelo menos. O design dele é bem sóbrio ao passo que traz uma novidade na parte frontal: a tela com cantos arredondados e que seguem os cantos da própria carcaça.

Outro ponto que deve ser tratado é a qualidade de construção. O G6 é bem rígido e passa a impressão de ser um smartphone resistente, mesmo tendo sua traseira construída em vidro curvado. Nessa parte, temos Gorilla Glass 5, enquanto a proteção do display em si é Gorilla Glass 3.

Contudo, a integração entre esses materiais não é perfeita. Passando o dedo na moldura, você nota que os cantos não são tão lisos quanto no Galaxy S8, por exemplo. Ainda assim, o produto da LG, bem como o da Samsung, é a à prova d’água.

Essas fotos

O LG G6 consegue fazer fotos impressionantes quando temos boas condições de iluminação. Nesses casos, as imagens ficam muito bem definidas, com alto nível de detalhe e foco incrivelmente preciso. A qualidade de algumas fotos chega a ser impressionante. Muito disso se deve ao foco PADF e ao sistema de câmeras duplo na parte traseira.

Não é preciso atravessar a rua para enquadrar todo um prédio histórico

Com isso, as imagens feitas com o G6 obtêm uma sensação de profundidade maior, e você ainda tem a possibilidade de usar uma lente normal e outra com ângulo de 125°. Isso permite mostrar mais elementos no mesmo clique, ou ainda capturar uma paisagem mais ampla. Quem tira muitas fotos de pontos turísticos provavelmente vai amar esse recurso, já que não é preciso atravessar a rua para enquadrar todo um prédio histórico, por exemplo.

Mas essa qualidade toda não aparece quando você fotografa em ambientes fechados, com iluminação artificial. O rosto das pessoas fica com um efeito estranho nessas situações, e você logo percebe que, se tudo não estiver perfeitamente estático, a foto pode ficar um pouco borrada. Capturas noturnas infelizmente não são o forte do G6 também, mas ele consegue resultados OK com flash.

Já o app de câmera é bem legal. Ele conta com uma série de filtros para aplicar no modo automático, mas nada muito mais avançado do que isso. Como se trata de um aparelho da LG, eu confesso que esperava mais coisas bem diferentes. No modo manual, entretanto, há vários controles profissionais para o caso de você saber lidar com esses recursos fotográficos.

A câmera frontal tem apenas 5 MP, mas segue mais ou menos a mesma linha das qualidades e dos defeitos dos sensores traseiros. Para captura de vídeo, o modelo da LG consegue um ótimo desempenho. Ele estabiliza bem as imagens e registra seus momentos em 4K ou em Full HD. Vale lembrar ainda que ele conta com câmera lenta e time lapse.

Bom desempenho

Com o hardware que o G6 tem, não há como ele não apresentar um bom desempenho. O aparelho é capaz de lidar com qualquer game presente na Google Play sem qualquer problema. Nós jogamos Horizon Chase, Uncharted e vários outros sem perceber qualquer queda de frames. A renderização dos gráficos ficou excelente, com imagens sempre muito bem definidas.

Ainda assim, isso não é o suficiente para bater o Galaxy S8 nos benchmarks. O celular da Samsung conta com um chip mais novo, que é da geração 2017, e isso lhe garante uma larga vantagem sobre o processador do ano passado, presente no G6. Muita gente considera esse o maior problema do smartphone da LG, que chegou às prateleiras praticamente junto com o S8, mas com hardware defasado.

Mesmo assim, ele é muito ágil em tudo o que faz, e você só percebe diferença entre esses dois concorrentes os colocando lado a lado. No cotidiano, ambos se saem muito bem. Confira os benchmarks.

Interface da LG

Além dos cantos arredondados do visor, a LG resolveu dar uma atualizada no seu pacote de ícones a fim de combiná-los com o hardware do G6. Contudo, o esquema visual geral do software não sofreu mudanças mais drásticas em outros elementos. A área de notificações continua igual, as telas iniciais também, e o app de configurações recebeu uma atualização ou outra.

Mesmo assim, a LG manteve os botões de navegação no fundo do display e muitos outros elementos do Android Puro para que o usuário novo não sofra pela falta de familiaridade. O problema aqui é basicamente o excesso de apps desnecessários. São dezenas de itens que só servem para você desinstalar ou desativar.

Existe ainda outro problema de software: apps de vídeo não de adaptam à nova tela de proporção 18:9 do G6. Nós tentamos incontáveis vezes fazer vídeos do YouTube e da Netflix funcionarem adequadamente no display, mostrando vídeo em tela-cheia, mas foi praticamente impossível. Em alguns casos, ficamos com barras pretas em cima, embaixo e em uma das laterais.

Chega a ser ridículo ter um problema desse tipo em um celular que traz o display diferente como um de seus principais recursos. O software até vem com um botão de compatibilidade, mas, em vez de esticar os vídeos, o G6 tenta reiniciar os aplicativos e forçá-los a se adaptar ao novo formato. Na nossa experiência com o aparelho, isso nunca funcionou com apps de streaming. O Galaxy S8, por sua vez, tem um recurso muito mais simples e efetivo para resolver a situação.

Para ver vídeos em tela-cheia, só se eles estiverem armazenados localmente e forem executados pelo player padrão do sistema.

Por fim, o Android presente aqui é o Nougat 7.0, bastante personalizado pela LG, mas com muitos dos recursos que a Google incluiu, bem como multitarefa com tela dividida universal, alternância entre apps com dois toques no botão de recentes, e por aí vai.

Muito tempo longe da tomada

O LG G6 consegue ficar um dia inteiro longe das tomadas sem nenhum tipo de preocupação, e, caso você economize, dá para chegar a um dia e meio com um bom esforço. Isso quer dizer que, se a sua rotina for longa e incluir algumas horas de aula noturna ou, às vezes, um happy hour, o G6 não vai te deixar na mão.

No nosso teste de execução contínua de vídeo, ele conseguiu aguentar 11 horas e 6 minutos. Note que utilizamos uma amostra de material no YouTube com 1 hora exata de duração. Nesse intervalo, fazemos três medições e, em seguida, extrapolamos o resultado final baseado no consumo do período do vídeo. Essa autonomia foi exatamente a mesma do Xiaomi Mi Note 2, muito parecida também com a do Galaxy S8.

Extras

É interessante comentar que este aparelho não é dual-SIM, mas há uma pegadinha: a gaveta tem um segundo espaço para chip de operadora compartilhado com micro SD, mas ele não funciona. Nós aqui no TecMundo normalmente criticamos as gavetas compartilhadas e chamamos isso de "dual-SIM fake". Contudo, a LG resolveu fazer a nossa ironia se tornar literal.

O som que sai pelo alto-falante mono do G6 é de boa qualidade, mas não alcança um volume muito alto. Além do mais, como a saída fica na parte de baixo, é bem fácil abafar completamente o áudio ao jogar ou mesmo ao ver vídeos na horizontal.

Um dos pontos mais positivos do G6 sobre o seu principal concorrente é o posicionamento do leitor de digitais

Um dos pontos mais positivos do G6 sobre o seu principal concorrente, o Galaxy S8, é o posicionamento do leitor de digitais. Ele fica em um local bem mais fácil de alcançar, permitindo que você o utilize com um movimento natural, sem se esticar nem nada. Fora isso, o sensor em si é de ótima qualidade, muito rápido e preciso.

Por fim, você recebe na caixa — além de carregador, cabo e fone de boa qualidade — um adaptador de micro USB para USB-C. Assim, caso você tenha um carregador ou cabo antigo dando sopa por aí, dá para usar isso com o seu novo G6 sem problemas.

Vale a pena?

Depois de conferir todo este artigo, você pode estar convencido de que o G6 é um bom smartphone, mas que está longe de ser perfeito. Mas e o preço? Oficialmente, a LG está vendendo seu novo top de linha por incríveis R$ 3.999, o mesmo valor do Galaxy S8. Claro que você pode encontrar ofertas por algo entre R$ 3,5 e R$ 3,6 mil no pagamento à vista, mas, ainda assim, está muito caro.

Eu não recomendaria um celular com esse preço para ninguém

Eu não recomendaria um celular com esse preço para ninguém, nem que fosse a pessoa mais rica do país. Isso porque esses preços de lançamento das grandes fabricantes não podem ser encarados pelos brasileiros como algo normal, mesmo por quem possa pagar. Se o aparelho valesse realmente tudo isso, ele não estaria com 40% de desconto seis meses depois, como muito provavelmente será o caso do G6. Por isso, eu não posso dizer que um dispositivo, por melhor que seja, vale a pena sob a etiqueta dos R$ 3.999.

Outra coisa interessante: mesmo a LG tendo tentado igualar o preço do novo top da Samsung, a empresa está, na verdade, oferecendo algo mais caro, porque o S8 só vem com 64 GB de armazenamento no Brasil por enquanto, ao passo que a LG cobra a mesma coisa por um modelo de 32 GB.

Seja como for, a nova aposta da LG foi muito acertada considerando o que a empresa fez com o G5. O aparelho evoluiu em praticamente todos os aspectos, mas perdeu aquela modularidade mal elaborada da versão passada. Levando em conta que a Motorola/Lenovo veio logo em seguida com o Moto Z e seus Snaps, a LG fez bem em abandonar aquele padrão.

Quando o G6 estiver sendo vendido por um preço decente, quem sabe na casa dos R$ 2,5 mil, ele estará valendo a pena sim. Isso porque ele tem uma ótima autonomia de bateira, câmeras capazes de fazer fotos surpreendentes e um monte de outras qualidades. Mas, por enquanto, ele é o grande concorrente do S8 que você não deveria comprar. Nem ele, nem o S8.

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Opção de compra

Perguntas dos leitores

R: em vários mercados "selecionados", como diz a LG, o aparelho está sendo vendido em 32 e 64 GB de espaço nativo.

R: sim. Na parte traseira, que tem o vidro curvado, a LG resolveu optar pelo Gorilla Glass 5. Na frontal, onde não há curvaturas, a empresa achou que ficar com o Gorilla Glass 3 era uma boa opção.

R: infelizmente, não. A câmera do S8 continua fazendo fotos melhroes que o conjunto de sensores traseiros do LG G6. Isso porque o aparelho não consegue fazer imagens boas em ambientes com iluminação artificial ou em locais abertos durante a noite. O S8 se sai bem melhor nesses cenários.

R: a autonomia do G6 está muito boa, pelo menos enqunato ele é novo. No nosso teste de bateria, ele durou a mesma coisa que o Xiaomi Mi Note 2, que é um aparelho consideravelmetne maior e, que, por consequência, tem uma célula de energia de maior capacidade.

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