LEDs especiais equiparam imagem LCD à de displays mais modernos (Fonte da imagem: Reprodução/QD Vision)
Não há como negar que o display de cristal líquido (LCD) é o padrão mais popular do mercado em TVS e monitores. Se comparado com as telas de LEDs orgânicos (OLED), o LCD é bastante ineficiente, já que não é capaz de produzir imagens tão brilhantes e coloridas.
Porém, o OLED ainda esbarra na limitação do custo de fabricação, que torna a tecnologia quase proibitiva para o desenvolvimento de telas grandes. Uma TV OLED de 55”, por exemplo, custa cerca de R$ 14 mil.
Agora, novas empresas têm apostado em uma alternativa que promete trazer mais brilho ao LCD e uma qualidade de imagem que pode ser comparada à do OLED. Chamada de Quantum Dots, ou “pontos quânticos”, em tradução livre, essa técnica utiliza nanocristais que emitem cores reais quando são ativados por energia elétrica e luz.
LCD comum x Quantum Dots
Nós já publicamos um artigo todo sobre o funcionamento das telas LCD. Mas como sabemos que nem todo mundo dispõe de tempo para ler artigos técnicos, preparamos também este infográfico animado, que ajuda a ter uma ideia melhor da composição e operação de uma TV LCD:
Para gerar as cores vermelha, azul e verde, as televisões de LCD usam filtros especiais que ajudam a colorizar, polarizar e a difundir a luz recebida pelos cristais. Porém, há alguns detalhes desse processo que poderiam ser otimizados.
Para começar, esses filtros deixam passar um espectro bastante largo de cores. Dessa forma, ao criar a cor vermelha, por exemplo, os filtros também exibem diversas outras cores avermelhadas. Como se não bastasse, 90% da luz emitida pelos LEDs brancos — que são LEDs azuis revestidos por fósforo amarelo — acaba sendo perdida ao passar pelos filtros ópticos.
Quando falamos de Quantum Dots, estamos nos referindo a um filme produzido pela empresa Nanosys e que é capaz de resolver esses problemas. Com ele, não é necessário usar LEDs brancos, já que o Quantum Dots é capaz de usar a luz dos LEDs azuis diretamente, transformando-a de maneira mais eficiente que o fósforo do modelo antigo e convertendo-a para cores vermelhas e verdes puras, ou seja, com um controle maior na passagem do espectro de luz.
E todos os ventos sopram a favor da tecnologia da Nanosys. De acordo com o artigo do IEEE Spectrum, além de o filme de Quantum Dots ser compatível com o processo atual de fabricação de telas LCD, ele também permite o uso de LEDs azuis, que custa a metade do preço de LEDS brancos. Como resultado, é possível obter uma imagem em LCD com 50% mais cores do que a tradicional.
Quantum Dots chegando às prateleiras
Outra empresa que tem apostado suas fichas na nova tecnologia é a QD Vision, uma companhia que nasceu de dentro do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e que já ganhou o título de ser a primeira a produzir um produto final com Quantum Dots. Porém, a solução apresentada por eles é diferente da encontrada pela Nanosys.
Em entrevista para a IEEE Spectrum, o CTO da QD Vision, Seth Coe-Sullivan, explicou que em vez de um filme que filtra a luz, os pontos quânticos, desta vez, são integrados diretamente nos LEDs que provêm o backlight da TV. Com isso, há uma economia ainda maior do uso do material.
Agora, a QD Vision tem trabalhado em um projeto também muito animador: tornar as telas OLED mais baratas.
OLED sem o quesito orgânico
Caso você ainda não tenha lido nosso artigo sobre as telas OLED, saiba que a letra “O” da sigla tem um significado muito especial: “orgânico”. Basicamente, isso significa que os LEDs usados nesses displays possuem uma camada de compostos carbônicos capazes de emitir luz própria e dispensar a presença de backlights.
Porém, não é fácil e muito menos barato fixar essas moléculas orgânicas nos displays OLED. Normalmente, esse processo é feito por meio de uma técnica de evaporação caríssima ou por meio de impressoras que depositam o material no local desejado. Apesar de mais barato, o método da impressão não é tão confiável.
Em contrapartida, os Quantum Dots podem ser misturados em tintas com a ajuda de solventes e, mais tarde, estampados ou aplicados sem perder o poder de luminescência. Além disso, esses “pontos” são melhores do que os compostos orgânicos na tarefa essencial de converter energia elétrica em luz, consumindo menos energia e brilhando tanto quanto o concorrente.
No ano passado, a QD Vision demonstrou, em parceria com a LG, um display LED de Quantum Dots totalmente funcional, com 4 polegadas. Coe-Sullivan diz acreditar que os primeiros produtos com essa tecnologia devam chegar às lojas dentro de três ou cinco anos.
A batalha do Quantum Dots não está ganha
Não há como negar que o display de cristal líquido (LCD) é o padrão mais popular do mercado em TVS e monitores. Se comparado com as telas de LEDs orgânicos (OLED), o LCD é bastante ineficiente, já que não é capaz de produzir imagens tão brilhantes e coloridas.
Não há dúvidas de que o Quantum Dots pode oferecer TVs LCD com uma imagem muito superior. Isso, por si só, já é um grande feito, principalmente para o consumidor final, que terá um produto com mais qualidade de imagem e preço mais baixo do que as tecnologias concorrentes.
Mas não há como dar a guerra por vencida. Para superar outros tipos de televisores e monitores, as empresas que investem em Quantum Dots dependerão do futuro. É provável que a fabricação de displays OLED acabe barateando com o tempo e com novos avanços tecnológicos. Além disso, a própria iluminação de fundo em LED branco pode evoluir e tornar os “pontos quânticos” irrelevantes.
Como consumidores, só nos resta esperar e torcer para que o melhor produto seja entregue por um preço justo e adequado ao mercado.
Fonte: IEEE Spectrum