A empresa Evoluce desenvolve softwares especiais controlados por gestos. A última novidade da companhia alemã é o WIN&I (Win and I, inglês para “Windows e eu”). Resumidamente, o software promete substituir o mouse pelo Kinect, periférico da Microsoft que é sucesso de vendas.
Testamos o software em um desktop ligado a um monitor e também a um televisor maior, e você confere, nesta análise, as nossas impressões sobre o WIN&I.
Instalação
É necessário instalar três softwares antes do WIN&I propriamente dito: OpenNI (framework para interação com aplicativos), PrimeSensor e NITE (que interpretam o sensor do Kinect). Apesar da quantidade grande de programas necessários, isso não demora muito tempo.
Conexão
Depois de instalar os softwares necessários, é hora de conectar o Kinect no PC. De acordo com a desenvolvedora do WIN&I, o sensor deve estar até 15 cm acima ou abaixo do monitor e os resultados são melhores a uma distância entre 60 cm e 3,5 m. Não é recomendado ter luz direta no sensor.
(Fonte da imagem: Divulgação)
Uso básico
O WIN&I não tem interface gráfica. O executável do software é uma janela de comando, que deve ser mantida aberta enquanto o usuário quiser usar o Kinect como o mouse. É necessário mexer um braço para os lados ou para a frente para calibrar o sensor, Essa calibragem é fundamental para a interpretação dos movimentos. Ao se afastar por alguns segundos, o software se reseta, ou seja, os gestos são desabilitados até que algum usuário se posicione novamente na frente do Kinect e calibre o software. Ao trazer a mão para trás, o WIN&I também encerra uma sessão até que alguém o reative.
Uma função que teoricamente melhora a exploração da tela é a “Quick Move”. Para apontar um canto distante do cursor do mouse, o usuário deve mexer a mão rapidamente. Mas tal recurso é apenas útil em um monitor wide grande. Em telas menores, a exploração deve ser sempre lenta.
O clique é um problema. De acordo com as instruções, o duplo clique é feito com a mão em um movimento para a frente. O problema é que o “golpe” com a mão deve ser rápido e preciso para clicar sem movimentar o cursor.
O que podemos afirmar com base nos nossos testes é:
- o posicionamento do usuário no momento da calibragem é determinante. Dependendo da distância em relação ao Kinect, é necessário esticar mais os braços ou ser mais rápido nos movimentos;
- a habilidade do usuário com este tipo de interface também é determinante, pois um usuário sem experiência com certeza terá mais dificuldades. Mas o clique é um problema constante, independente da experiência do usuário. Ele é impreciso, pois, muitas vezes, em vez de clicar, ele arrasta um ícone (só para citar um exemplo de erro frequente);
- a resolução da imagem também influencia. Quanto menor o tamanho dos ícones, mais impreciso é o clique sobre eles.
Modo de gestos
O “Gesture Mode” atribui diferentes funções do mouse a gestos com a mão. Ele é ativado quando o usuário fica com a mão parada por cerca de dois segundos. Um ícone “&” aparece, indicando que o modo de gestos está ativo.
Nesse modo, os movimentos para esquerda e direita representam, respectivamente, os cliques com os botões do mouse. Para cima e para baixo, por sua vez, representam as teclas Page Up e Page Down. O "Gesture Mode" também permite redimensionamento e exploração da tela ativa para cima e para baixo.
Por um lado, o recurso deixa os cliques mais precisos; por outro, a exploração da tela ativa não melhora absolutamente nada e continua tão imprecisa quanto o modo de exploração.
Interação com programas específicos
O WIN&I tem recursos adicionais dentro de softwares específicos, como o Windows Media Center, que pode ser explorado apenas com movimentos para cima, para baixo e para os lados. Na prática, a dificuldade é a mesma da exploração do desktop.
Dentro de um navegador, ao manter a mão esticada, você teoricamente pode redimensionar ou mover a janela, mas isso é praticamente impossível. Também em teoria, ao apontar a mão a alguma área específica de uma página, é possível aproximar, afastar, redimensionar e explorar. Só em teoria.
Trabalhar com mapas pode ser bem mais interessante com recursos de toque e gestos. Testamos o Google Earth, e a experiência não foi das melhores. Os gestos precisam ser ainda mais precisos para você não parar em um lugar absolutamente no meio do nada. Em alguns momentos, quando o programa interpreta corretamente os gestos, realmente a exploração é interessante, mas isso não acontece frequência.
Conclusões
Resumidamente, o WIN&I é um programa impreciso e que não vai mudar a vida de nenhum usuário. A única facilidade é que basta executá-lo e se posicionar na frente do Kinect, mas todo o resto é uma experiência cansativa e desastrosa.
A movimentação simples do cursor até que responde bem, mas não sempre. O clique com o mouse desperta raiva constante pela ineficiência e as interações mais específicas (movimentar para cima, para baixo, aproximar, afastar) não funcionam.
Nos vídeos da desenvolvedora, o software demonstra ser mais preciso e fácil. Mas a quantidade de cortes nas imagens e a nossa experiência revelam que, no máximo, o WIN&I é um programa em estágio de desenvolvimento, longe de ser um software eficiente.
Resta ter esperança na Microsoft, que percebeu que vários desenvolvedores paralelos exploram o Kinect para outras finalidades. O SDK (Software Development Kit, Kit de Desenvolvimento de Software) do periférico deve ser lançado oficialmente no segundo semestre de 2011, e a partir daí novos — e melhores — softwares devem surgir.
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