Review: leitor digital Amazon Novo Kindle Paperwhite [vídeo]

8 min de leitura
Imagem de: Review: leitor digital Amazon Novo Kindle Paperwhite [vídeo]

A Amazon anunciou a primeira versão do Kindle Paperwhite em 2012, trazendo como destaque para a época a adoção de uma tecnologia de iluminação incorporada, a qual passou a permitir que as pessoas pudessem ler seus livros digitais mesmo em lugares escuros.

A linha tem recebido uma série de atualizações de lá para cá, e a mais recente delas foi revelada em meados do mês passado. O Novo Kindle Paperwhite, como foi batizado o aparelho, inclusive entrou em pré-venda no Brasil.

Com retroiluminação, maior densidade de pixels e tipografia exclusiva, o mais novo leitor digital da marca promete uma experiência de leitura extremamente agradável. A Amazon nos enviou uma unidade para testar a novidade, e você confere agora o que achamos dele.

Especificações técnicas

Design

Na questão visual, o Novo Kindle Paperwhite tem poucas diferenças em relação
à sua versão anterior (confira na galeria de imagens a seguir). A estrutura continua a mesma, tendo seu botão de energia e a entrada micro USB na parte inferior. Esse posicionamento nos agrada, pois evita pressionar acidentalmente essa tecla durante as leituras.

Assim como seu antecessor, o novo leitor digital da Amazon possui um design com linhas curvas, e a carcaça é na cor preta-fosca. As leves mudanças nesse sentido ficam por conta da logo da fabricante, que deixou de ser espelhada, e do nome do eReader, o qual passou a ser totalmente preto.

Aliados a isso, o acabamento impecável e as bordas pouco espessas dão ao dispositivo um visual muito elegante. Com apenas 9 mm de espessura, a companhia norte-americana alega que o Novo Kindle Paperwhite chega a ser mais fino do que alguns lápis.

As dimensões reduzidas do aparelho, combinadas à textura emborrachada de revestimento, promovem uma pegada firme e confortável, evitando que o eletrônico escorregue, por exemplo. A sua leveza (206 gramas na versão WiFi e 217 gramas na edição WiFi + 3G) também é a garantia de que você não cansará ao segurá-lo em jornadas mais longas de leitura.

A única coisa que podemos apontar como “negativa” em seu formato é o desnivelamento entre a tela e a carcaça — característica que não existe no Kindle Voyage, o irmão mais velho e evoluído do Paperwhite. Porém, essa é uma questão estética, e não funcional, ou seja, ela não chega a afetar a sua experiência de uso do aparelho.

Tela e iluminação

O Novo Kindle Paperwhite conta com uma tela E-Ink de seis polegadas, o mesmo tamanho do display da versão antiga. Contudo, a densidade de pixels foi aumentada significativamente. O modelo recém-anunciado possui 300 ppi, enquanto a edição antecessora tem 212 ppi — mas esse valor chega a ser o dobro do de versões mais antigas.

Detalhe da nitidez das letras no modelo de 2014 do Kindle Paperwhite.

Detalhe da nitidez das letras no Novo Kindle Paperwhite.

Na prática, isso resulta em textos mais nítidos, ou seja, mais conforto para a sua leitura. Devemos salientar também a baixíssima incidência de reflexos no display, permitindo que você leia mesmo debaixo do sol. Isso se deve ao tipo de tecnologia empregada no display, promovendo uma experiência bem diferente daquela encontrada nas telas LCD de tablets e smartphones.

Tal aspecto nos remete a outro elemento importante: a retroiluminação do novo leitor da Amazon manteve as características da do modelo anterior. A luz é direcionada para tela, e não para os seus olhos. Além disso, você pode ajustá-la de acordo com a iluminação do ambiente, reduzindo o cansaço visual. Por exemplo, em ambientes escuros, é indicado reduzir a luminosidade.

Ainda nesse sentido, vale comentar que a sensibilidade e a resposta ao toque da tela do Novo Kindle Paperwhite se mostraram satisfatórias. É verdade que ela não possui um retorno tão veloz quanto a de displays usados em outros eletrônicos, fato que se deve ao uso da E-Ink. Com tudo isso em mente, chegamos à conclusão de que os botões físicos não fazem a menor falta para este leitor digital.

Leitura e navegação

Outra novidade do dispositivo é a tipografia Bookerly. A fonte exclusiva da Amazon foi desenhada manualmente para proporcionar uma experiência ainda mais próxima da que temos nas páginas impressas de obras literárias.

De acordo com os estudos realizados pela fabricante, essa tipografia faz com que os textos ganhem um visual mais leve, com melhor espaçamento, e se ajustem com mais eficiência ao alinhamento configurado, permitindo que as palavras sejam reconhecidas mais rapidamente com diferentes tamanhos de fonte. Assim, você ganha em desempenho de leitura, que fica mais fácil, rápida e com menos mudanças de páginas.

Quando o assunto é navegação, nada mudou entre o Novo Kindle Paperwhite e sua versão antiga. A transição de páginas é feita com toques nas laterais da tela, enquanto o menu é acessado ao pressionar a parte superior do display. É nessa seção que você encontra botões que o levam até a loja de livros, o controle de iluminação, as configurações do aparelho e muito mais.

Aprimorando a leitura

Apesar de não serem recursos novos, não podemos deixar de citar a presença do Dicionário, do Construtor de vocabulário e do Tradutor. Durante as leituras, sempre que sentir necessidade, você pode pressionar uma palavra. Feito isso, um menu flutuante é exibido com o significado do termo no idioma original, uma breve contextualização dele com base na Wikipédia e a tradução para um entre dezenas de idiomas (incluindo português, inglês, espanhol, alemão, italiano, francês e muitos outros).

O simples fato de selecionar uma palavra a transfere para uma espécie de caderno virtual, que mantém um histórico das suas pesquisas para que, se necessário, você reconsulte aquele termo quando quiser — mesmo que o livro no qual foi encontrado já tenha sido apagado do dispositivo.

E isso não é tudo: o sistema da Amazon ainda oferece ferramentas para marcar páginas, grifar frases e fazer anotações. O mais legal de tudo é que esses dados são totalmente sincronizados, ou seja, eles podem ser compartilhados com outros Kindles que você possua ou dispositivos que tenham o app logado em sua conta.

Dessa forma, essas funções ajudam quem procura ou precisa enriquecer seus conhecimentos em um novo idioma e até mesmo na sua língua nativa, além de permitir que você ressalte trechos importantes e que poderão ser úteis no futuro.

Acervo em expansão

Aproveitando o gancho, não podemos deixar de ressaltar o acervo de obras disponibilizado pela Amazon, que vem aumentando consideravelmente no Brasil depois que a empresa começou a atuar oficialmente por aqui.

Hoje, a loja de livros conta com mais de 2 milhões de títulos, muitos deles gratuitos (são mais de 2,5 mil livros), sendo amostras grátis ou que fazem parte do Kindle Unlimited, serviço com cobrança mensal que dá acesso a milhares de obras completas — que em nosso país custa atualmente R$ 19,90 por mês.

Algumas centenas desses livros cabem simultaneamente dentro do Novo Kindle Paperwhite, que possui 4 GB de espaço de armazenamento.

Bateria

Mais uma vez, não podemos reclamar da bateria dos leitores digitais da Amazon. Em condições ideais, a previsão da fabricante é de que o Novo Kindle Paperwhite funcione por até seis semanas com uma única carga. Para isso, são 30 minutos de leitura por dia, conexão sem fio desligada e brilho de tela configurado em níveis menores do que 10.

Na prática, com o WiFi mantido ligado o tempo todo, leituras diárias de aproximadamente 45 minutos e a iluminação sendo ajustada conforme a luminosidade do ambiente, conseguimos manter o aparelho longe da tomada por sete dias, restando ainda alguns poucos pontos percentuais de energia.

A marca que obtivemos está bem abaixo daquela estimada pela Amazon, exatamente por usarmos o aparelho em condições diferentes das ideais, mas que mais se aproximam da rotina real de uso. Contudo, ela é mais do que suficiente para você ler muitas e muitas páginas sem ter que abandonar o aparelho por algumas horas para que ele seja recarregado.

PDF ainda não é bem-vindo

O Novo Kindle Paperwhite herdou muitas qualidades do seu antecessor, mas também ficou com algumas das limitações dele. Uma delas é a dificuldade na reprodução de arquivos PDF. O aparelho consegue abri-los e faz um bom trabalho com documentos mais simples, aqueles que se resumem a textos ordenados e poucas imagens.

O leitor digital até é capaz de selecionar termos e pesquisá-los, dependendo do arquivo original. Porém, as fontes são relativamente pequenas, não é possível ajustar o tamanho delas e conteúdos com muitas imagens são bastante distorcidos. Com isso, a leitura desse tipo de formato “quebra um galho”, mas não é das melhores.

Navegador experimental

O browser incorporado ao sistema operacional há algumas versões do leitor digital também não recebeu aprimoramentos aparentes no Novo Kindle Paperwhite. Ele continua com um desempenho lento de navegação e ineficiente para abrir sites mais elaborados — e talvez por isso ainda não tenha perdido a indicação de “experimental”.

Em parte, isso se deve a limitações técnicas da tecnologia E-Ink da tela, mas esperávamos ver algum avanço nesse recurso. O navegador pode servir para alguma pesquisa urgente que você necessite fazer no Google, por exemplo, mas não crie expectativas de que ele substitua o aplicativo instalado no seu smartphone ou tablet.

Vale a pena?

Você pode comprar o Novo Kindle Paperwhite por R$ 479 diretamente da Amazon brasileira. O valor está um pouco acima da média de outros eReaders, como o Lev com Luz, que custa R$ 399 na Saraiva, e o Kobo Aura, vendido por R$ 479 na Livraria Cultura. Vale explicitar ainda que o produto da Amazon possui uma versão com conectividade 3G que sai por R$ 699.

Essa diferença de preço pode ser justificada por alguns recursos exclusivos e que se destacam perante os concorrentes, como a retroiluminação eficiente, a tipografia exclusiva Bookerly, a boa resposta da tela e o acervo em constante expansão.

Porém, o maior questionamento feito hoje em dia por quem tem vontade de adquirir um leitor digital é se o investimento nesse tipo de aparelho vale a pena se comparado ao necessário para um tablet, que possui muitas outras funcionalidades — como navegar pela internet, jogar, se comunicar com outras pessoas, entre outras.

É indiscutível que a experiência de ler no Novo Kindle Paperwhite provou ser mais agradável do que em um iPad ou um Nexus, por exemplo. Afinal, ele foi feito para isso. Porém, seu preço oferece um ótimo custo-benefício apenas para aqueles que possuem uma rotina diária e relativamente longa de leitura. Caso contrário, tablets e até smartphones podem dar conta do recado.

Mesmo assim, se você procura um eReader qualificado e não liga em gastar um pouco a mais, sem dúvida sugerimos a compra do Novo Kindle Paperwhite — no mínimo, vale a pena colocá-lo na sua lista de modelos a serem adquiridos.

Fontes

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.