(Fonte da imagem: Reprodução/Flickr/RebeccaPollard)
Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade de Nottingham Trent afirma que a percepção visual de jogadores pode ser de fato distorcida por jogos. Ao analisar os efeitos colaterais provocados por este tipo de entretenimento virtual sobre quase 500 pessoas, os especialistas constataram que muitos dos gamers possuem “visões alteradas do mundo real logo após uma sessão de jogatina”. Os mecanismos mentais responsáveis por afetar a forma como os “objetos reais” podem ser percebidos ainda são pouco conhecidos.
O que é visto?
A pesquisa, publicada pelo periódico International Journal of Human-Computer Interaction, levou em conta as experiências testemunhadas por 483 pessoas – informações essas coletadas todas a partir de 54 fóruns online sobre jogos. E, conforme relatado pelos gamers, algumas das seguintes distorções aparecem, por vezes, em frente aos olhos dos jogadores:
- “Popups” durante conversas: algumas “janelas” (parecidas com as de publicidade que se abrem de repente em sites) acabam pipocando em frente a alguns interlocutores;
- “Head-up Displays” enquanto se dirige: informações como trajeto, velocidade do carro e quantidade de voltas faltantes para a conclusão de uma corrida são informações disponíveis aos jogadores conhecidas como “Head-up Displays” (HUDs) – enquanto "dirigem de verdade", alguns dos gamers confessam enxergar esses tipos de imagens no para-brisa.
Essas distorções de percepção levaram a psicóloga Angelica Ortiz de Gortari e o professor Mark Griffiths a elaborar o conceito de Game Transfer Phenomena (GTP), que se refere justamente às experiências sensoriais alternativas de jogadores.
Constatações
As pseudoalucinações podem acontecer durante, imediatamente após e depois de um certo tempo seguinte à jogatina. Apesar de já existirem estudos relacionados a “efeitos colaterais” e a “imagens-fantasmas”, a relação entre as visões distorcidas e o mecanismo cerebral dos jogadores parece ser ainda mais particular.
De acordo com os pesquisadores, o fenômeno GTP está diretamente relacionado às associações dos gamers de elementos “do mundo real” às experiências de jogos. Parece ainda que as imagens de video games aparecem de forma involuntária e chegam até a travar alguns dos hábitos mais básicos do cotidiano – alguns dos jogadores, por exemplo, não conseguem dormir ou se concentrar em atividades durante a manifestação do GTP.
(Fonte da imagem: Reprodução/Scene360)
“As experiências visuais definidas como GTP nos mostram uma relação psicológica com os mecanismos cognitivos de percepção e a possibilidade de aprendizagem com os jogos sem mesmo a intenção [por parte dos jogadores]”, afirma Ortiz de Gortari. “Isso nos convida a refletir sobre os efeitos de uma exposição prolongada aos estímulos sintéticos”, comenta ainda a especialista.
Não há um padrão
Diferentes jogadores interpretam naturalmente de formas alternativas o fenômeno GTP, uma vez que os hábitos de cada pessoa são o que parece determinar o grau de percepção desses elementos ilusórios. “Alguns dos gamers podem ser mais suscetíveis que outros. Essas experiências parecer ser de rápida duração, mas alguns dos jogadores as vivenciam de modo recorrente”, esclarece Griffiths.
Poucas constatações foram feitas pela dupla de especialistas. Porém, sabe-se que o mecanismo mental relacionado à percepção de objetos se comunica de alguma forma às variações de ordem psicológica de quem vivencia o GTP. “Este estudo nos mostra a necessidade de investigações sobre as adoções neurais dos efeitos colaterais produzidos por jogos como uma forma de encorajar uma jogatina saudável”, reconhecem, por fim, os pesquisadores.
Via BJ
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