Análise: Diablo III [vídeo]

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Após 11 anos de espera, Diablo III finalmente chegou às lojas no último dia 15 de maio. Seguindo a tradição estabelecida pela Blizzard, as expectativas relacionadas ao título eram imensas.

A responsabilidade da empresa era não só agradar aos fãs antigos, que jogaram durante anos Diablo 2 e sua expansão, Lord of Destruction. Durante o longo tempo de desenvolvimento do game, surgiu uma nova geração de jogadores com gostos diferentes e que não testemunharam o impacto dos títulos anteriores — dominar essa fatia do público não é exatamente uma tarefa fácil.

Vinte anos após os três Males Primários terem sido derrotados, uma nova ameaça demoníaca cerca o mundo de Santuário. Cabe a uma união entre magos, bárbaros, feiticeiros, monges e caçadores de demônios descobrir a origem desse mal, em uma jornada que vai colocá-los no caminho das imensas hordas do inferno.

Aprovado

Tradução para o português

Quem comprou a edição nacional do game (ou fez o download do título em nosso idioma) tem à disposição um dos melhores esforços de adaptação já vistos em um jogo eletrônico. A Blizzard conseguiu superar o trabalho que havia feito em StarCraft II: Wings of Liberty, traduzindo de forma nada menos que excelente todo o conteúdo de Diablo III.

Isso fica evidente desde o momento em que o título é iniciado e surge o vídeo de apresentação totalmente em português. Sejam as falas dos personagens, textos exibidos na tela ou nomes de itens e localizações, torna-se clara a dedicação da produtora em agradar ao público que não possui conhecimento de outras línguas.

Só não é possível dizer que o trabalho é perfeito devido a pequenas falhas de entonação e à repetição de algumas vozes. Porém, esses pequenos defeitos não estragam a experiência, e quem simplesmente não gostar da tradução sempre pode baixar o pacote adicional com o idioma de sua preferência.

Classes balanceadas

Ao contrário do que acontecia em Diablo 2, no qual havia classes claramente beneficiadas com habilidades melhores, Diablo III é aquele tipo de jogo em que fica difícil se focar somente em um único personagem. Todas as profissões possuem habilidades interessantes que se mostram complementares entre si — um estímulo extra para quem gosta de partidas multiplayer.

Existem opções tanto para quem gosta de matar monstros usando a força física (monges e bárbaros) quanto para aqueles que gostam de se manter a uma distância segura (feiticeiros e caçadores de demônio), e até mesmo uma mistura surpreendente entre os dois estilos (magos).

Independente da classe que você escolhe, Diablo III sempre se mostra muito bem balanceado. Ao menos na dificuldade normal, não há nenhum motivo, além do gosto pessoal, pelo qual você deve optar por um herói em específico — todo o mérito deve ser dado ao longo tempo de testes Beta do game.

Adeus árvores de habilidades

Quando foi anunciado que a Blizzard abandonaria de vez a personalização dos atributos dos personagens e que não haveria mais árvores de habilidades, a comunidade de fãs do game entrou em choque. Felizmente, após um estranhamento inicial, fica claro que o novo sistema implementado pela empresa é tão complexo quanto o anterior, além de ser mais respeitoso com os jogadores.

Conforme você evolui o seu personagem, são destravadas novas habilidades específicas para a classe escolhida. Enquanto duas delas podem ser acionadas pelos botões do mouse, quatro ficam atribuídas às teclas de atalhos — para finalizar, ainda é possível escolher três poderes auxiliares que funcionam de forma totalmente automática.

O que destaca o game é que todas essas habilidades (com exceção das auxiliares) podem ter suas propriedades modificadas através de runas especiais. Com isso, um ataque elétrico pode ser alterado para provocar danos de fogo ou para explodir os inimigos derrotados, ferindo todos os que estão ao redor.

Isso faz com que a personalização dos personagens se torne algo bastante estratégico, já que várias técnicas de ataque podem ser empregadas. Um mago pode atacar tanto de longas distâncias quanto enfrentar os inimigos cara a cara — tudo depende do momento e da preferência do jogador.

O melhor de tudo é que, como os poderes podem ser mudados a qualquer momento, você não precisa criar um novo personagem simplesmente porque colocou um ponto de evolução no lugar errado.

Apresentação primorosa

O que deve ficar claro desde o primeiro momento é que Diablo III não é um jogo revolucionário graficamente. O visual do jogo está muito mais próximo daquele visto em World of Warcraft do que daqueles apresentados em The Witcher 2: Assassins of Kings, o que está longe de ser algo negativo.

O game compensa a falta de polígonos com uma direção de arte surpreendente, em que todos os elementos se unem de forma perfeita. Seja andando por uma cidade árabe ou explorando uma catacumba, você sempre sente que o mundo do jogo possui coerência e percebe a ligação existente entre os diferentes cenários.

Outro destaque é o motor físico empregado pela Blizzard, que se reflete em golpes que realmente têm peso e ambientes completamente destrutíveis. Poucas coisas são mais divertidas do que errar um golpe para, momentos depois, perceber que ele acabou derrubando uma parede que esmagou alguns inimigos.

Reprovado

Exclusivamente online

Embora a grande atração de Diablo III seja jogar em companhia de amigos, é inegável o fato de que muitos compraram o game para acompanhar sua história de maneira individual. Isso torna grande o desapontamento quando se percebe que uma conexão com a internet é indispensável mesmo para quem joga no modo single player.

Além de ficar claro que isso serve somente como uma forma de proteção contra a pirataria, tal opção também expõe os jogos individuais a problemas como lags e instabilidades de conexão — algo que nunca aconteceria num modo offline. O fato de que os servidores do jogo tiveram que ser retirados do ar durante algumas horas no dia de seu lançamento só colaboram para formar uma impressão negativa.

Vale lembrar que a empresa tem bastante experiência nesse sentido, mantendo conectadas milhões de pessoas a seus servidores de World of Warcraft e StarCraft. Isso garante que a estabilidade no serviço logo vai ser atingida ao mesmo tempo em que depõe contra a competência da companhia — afinal, não era preciso raciocinar muito para saber a grande demanda que Diablo III iria causar.

Peças faltando

Outro ponto que incomoda é ver que determinadas promessas dos desenvolvedores foram cumpridas de forma incompleta ou estão simplesmente ausentes da aventura. Exemplo do primeiro caso é a Casa de Leilões que, até o momento em que esta análise é escrita, ainda não oferece a possibilidade de investir dinheiro real em novos itens.

Da mesma forma, a ausência completa de qualquer sistema de combate entre jogadores é uma grande decepção. Embora a Blizzard tenha prometido que um sistema do tipo vai ser incorporado em breve a partir de um patch gratuito, fica a sensação de que a produtora não aproveitou totalmente os 11 anos de desenvolvimento que teve à sua disposição.

Vale a pena?

Diablo III pode não ser o jogo mais bonito do mercado, tampouco o mais inovador. Porém, se você costuma jogar no PC e só tem como comprar um game no momento, essa sem dúvida é a escolha certa.

Apesar das diversas mudanças que apresenta, o jogo mantém intacto o espírito da série e mostra que não é dessa vez que a Blizzard vai registrar um fracasso em seu currículo. O titulo possui classes muito interessantes, uma apresentação visual muito bem cuidada (que não exige um hardware poderoso) e um sistema de evolução muito envolvente — somados, esses elementos devem manter você em frente ao PC durante um bom tempo.

Apesar de a desenvolvedora ter cometido alguns erros, o game possui qualidades que fazem você esquecer-se deles em questão de segundos. Diablo III não só evolui o gênero ao qual pertence, como estabelece um novo padrão de qualidade para os títulos exclusivos para computadores.

Via BJ

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