(Fonte da imagem: Divulgação/Blizzard)
Caso a sua comunicação familiar vá além de “mãe, me traz um chocolate quente?” enquanto encara o mundo digital de World of Warcraft ou as corridas de Gran Turismo, aí vai uma boa notícia: talvez os games estejam fortalecendo os seus laços familiares.
De acordo com um estudo conduzido pelos pesquisadores Cuihua Shen, da Universidade do Texas, e Dmitri Williams, da Universidade do Sul da Califórnia, os laços familiares podem ser grandemente fortalecidos através da atividade conjunta permitida por alguns jogos eletrônicos.
Em particular, os MMOs. A pesquisa, publicada no US News and World Report, teve como objeto cinco mil famílias que encaravam o game EverQuest 2. Os resultados? A comunicação fluía melhor naquelas em que a diversão se dava conjuntamente. “Se eu estou jogando com familiares e amigos, eu estou estendendo a minha vida social para dentro do ciberespaço, e, psicologicamente, isso é bom para mim”, afirmou Shen.
(Fonte da imagem: Divulgação)
Mas há o outro lado, naturalmente. Caso o seu estilo de diversão seja solitário, do tipo que ignora o mundo físico ao redor, focando-se apenas em dragões e amigos exclusivamente virtuais, isso, provavelmente, vai se refletir na comunicação familiar. Mas há vários pormenores entre oito e 80, naturalmente.
Jogue em família, comunique-se em família
Por um ambiente familiar mais saudável
O crescimento e a popularização de ambientes de jogo eminentemente sociais não deixam muitas dúvidas: os games tem cada vez mais ocupado um papel central na formação de laços interpessoais. É claro, isso vai facilmente além da conclusão óbvia dos jogos em massa online, atingindo também aqueles presentinhos em forma de insumos para fazendas virtuais e a boa e velha diversão chacoalhante protagonizada pelo arauto da Nintendo, o Wii.
Mas a questão aqui é: qual é realmente o contexto da sua jogatina em particular? “Jogar MMOs pode ser bom para a sua saúde psicológica, mas isso depende do propósito, do contexto e do tipo dos jogadores envolvidos”, afirma Cuihua Shen. “Há realmente muitas nuances.” Entretanto, parece haver um consenso quanto às tendências cada vez mais sociais dos games, sobretudo em ambientes online.
Um “power-up” para situações complicadas
A ideia de que um ambiente de jogo online saudável pode ampliar os seus laços e melhorar a comunicação tem, de fato, ganhado bastante força dentro da comunidade de estudiosos do entretenimento eletrônico. Para a designer de jogos Jane McGonigal, por exemplo, mencionando um estudo publicado na revista Smithsonian, “jogar com outras pessoas melhora o seu relacionamento com elas”.
Mas McGonigal vai além, afirmando que a sua forma de encarar o mundo “real” pode ser dramaticamente fortalecida através do treinamento em ambientes virtuais colaborativos. “Você se torna mais capaz de lidar com situações complicadas, mesmo que tenha falhado em uma primeira tentativa”, afirma McGonigal.
(Fonte da imagem: Divulgação/Lucas Arts)
Para a designer, essa melhoria vem na bagagem das novas formas de se jogar video games — aquelas que não se focam apenas em um jogador completamente desligado do mundo, cenário que representava a grande maioria dos jogos em gerações anteriores. “A ideia de um jogador solitário realmente não representa mais a realidade. Mais de 65% dos jogos agora são sociais, jogados em ambientes online ou colocando os jogadores em uma mesmo sala.”
Conhecendo pontos fortes e fracos... Mas com moderação
Compartilhar ambientes de jogo pode revelar mais sobre as pessoas do que se poderia imaginar a princípio. De fato, enquanto encara uma partida de Super Street Fighter IV ou FIFA 12 — seja online ou localmente —, você terá uma boa oportunidade de conhecer pontos fortes e fracos, e também vários outros pontos da personalidade de amigos ou familiares, o que acaba por reforçar os laços interpessoais. “Você se sente mais positivo em relação a elas, [as pessoas com quem divide a jogatina], confia mais nelas”, afirma McGonigal.
(Fonte da imagem: Divulgação/Electronic Arts)
Segundo a designer, um bom relacionamento através dos jogos pode ainda culminar em novas parcerias futuras, dentro ou fora dos jogos. Entretanto, embora encha o peito para soltar que “existem toneladas de pesquisas apontando para a melhoria dos relacionamentos através dos games”, a designer também lembra que há um limite para isso.
Basicamente, caso a diversão passe de 20 horas semanais, a coisa toda pode não ser tão saudável assim. “Caso ultrapasse esse limite, você pode começar a sentir os impactos negativos.”
A tecnologia e o que nós fazemos com ela
A moderação ainda parece ser a chave do sucesso
Assuntos ligados à salubridade do entretenimento eletrônico parecem jamais escapar de gerar controvérsias — provavelmente uma consequência natural da popularização dos games. Quanto ao fortalecimento de laços familiares/sociais não poderia ser diferente.
De fato, o mesmo estudo que demonstrou a melhoria da comunicação familiar em famílias que dividiam universos de jogo online fez também um alerta: os efeitos podem ser contrário em casos de exagero, sobretudo quando se trata do bom e velho “jogador solitário” internado por horas a fio em frente a um jogo favorito.
Em outras palavras, embora laços online possam ser fortalecidos através da jogatina ininterrupta, ignorar o “mundo real” pode fazer com que a sensação de solidão aumente assim que o console/computador seja desligado. “Não se trata de culpar a tecnologia”, afirmou Cuihua Shen. “A questão é como nós a utilizamos”. De fato.
Via Baixaki Jogos
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