Ainda que nem sempre sejam efetivos, os serviços de petições online parecem atrair diariamente milhares de pessoas para as mais variadas causas. Embora o objetivo de muitas delas seja nobre, é claro que as que mais se destacam apostam na zoeira, seja para encaixar o Mr Catra no League of Legends, salvar o Orkut ou pedir que o governo dos EUA construa uma Estrela da Morte.
Os comerciantes de uma cidade no interior de Minas Gerais parecem ter ido além na “hueragem”, utilizando a web para pedir o fim da internet no município. O abaixo-assinado publicado no portal “Petição Pública” foi supostamente criado a partir de uma aliança de “comerciantes, mercadores, camelôs, barraqueiros, ambulantes, atravessadores e demais trabalhadores formais e informais de Viçosa”.
Mas, mas... tem até hashtag no cartaz!
Endereçado aos membros da Câmara Municipal do local, o texto basicamente diz que o comércio eletrônico vem oferecendo uma competição desigual para quem faz negócios na cidade, e, portanto, o acesso à internet deveria ser completamente proibido na região. Confira o texto na íntegra:
“Aos membros da Câmara Municipal
O futuro de nossas crianças é incerto. Nosso comércio está sendo dizimado, dilapidado, enxovalhado, trucidado e escorchado por um inimigo externo que, ao que parece, tem condições competitivas muito superiores às nossas. Desde o advento do impiedoso rival, nossas vendas caíram, empregos foram extintos e menos dinheiro circula em nossa economia. Estamos estagnados por causa dele.
O temido adversário é a internet, que nos impinge uma concorrência implacável, desumana, absurda e insana. Viçosa é uma das cidades mineiras que mais realiza compras online. O capital que deveria movimentar nosso comércio é enviado a outras localidades, via internet, deixando os empreendimentos viçosenses à míngua.
Pensando no bem de nossos concidadãos, proponho a criação de uma lei municipal que proíba a utilização da internet em Viçosa. Nada de compras virtuais no município: somente empresas locais devem ser beneficiadas com o suado dinheiro de nosso povo.
Com a medida, venderemos mais roupas, sapatos, tênis, celulares, travesseiros, livros, vibradores, computadores, televisores e ventiladores, beneficiando praticamente todos os ramos do comércio da cidade.
Vossas Excelências hão de concordar conosco que os recursos que seriam destinados ao estrangeiro ficarão no município, o que gerará mais lucros para os empresários, mais empregos para os trabalhadores e mais produtos e serviços para a sociedade – enfim, mais prosperidade para todos.
Contamos com a compreensão e o apoio dos legítimos representantes do povo viçosense.
Cordialmente,
Comerciantes e trabalhadores de Viçosa”
Afinal, a zoeira tem limites ou não?
"Seu apoio é muito importante". Será?
Até o momento, apenas 99 pessoas assinaram a petição, mostrando que o movimento não parece estar fazendo muito sucesso entre os 76.745 habitantes do município – o que, pelo menos, eles não deram a mínima para a ação. Conferindo mais de perto as reivindicações e os envolvidos em sua produção, fica relativamente fácil entender a falta de adesão do público. Em primeiro lugar, o texto é até bem escrito – se levarmos em consideração a construção gramatical da coisa –, mas os fatos e explicações, claro, são completamente absurdos.
Pesa bastante contra o abaixo-assinado o fato de o documento ser encabeçado pelo lendário Capelão, um dos comerciantes mais zoeiros de Viçosa. O sujeito é bem conhecido por utilizar a página de seu bar no Facebook para descer a lenha em clientes e curiosos, algo que ao invés de espantar o público, atraiu ainda mais o pessoal – basta ver que o perfil tem mais de 29 mil curtidas. Assim, a probabilidade mais alta é que tudo não passe de mais um viral que aposta em um tema insano – ou uma brincadeira do Não Salvo, como ocorre de tempos em tempos.
Pensando por esse lado...
O link da petição compartilhado na fanpage “Bar e Petiscaria Do Capelão” tem cerca mais de 500 curtidas, cerca de 300 compartilhamentos e algumas boas centenas de comentários debatendo sobre a proposta feita pelo empresário e seus colegas. Muitos acreditam realmente que tudo não passa de “trollagem”, enquanto outra parte das mensagens diz que o comércio local tem que se adaptar aos tempos atuais. O que não falta, porém, são postagens que praticamente zoam a zoeira.
“Tem meu apoio. Mande a petição via pombo correio para eu assinar”, escreveu um dos internautas, ao passo que outros apontaram a falta de opções de vibradores na cidade um dos principais motivos que levam os cidadãos da região a fazer compras online. A falta da possibilidade de conseguir “nudes” também chateou algumas das pessoas que comentaram, prometendo que não assinariam petição nenhuma por conta disso. O cheirinho de “fake” também não espantou a discussão no Twitter. Veja algumas das postagens:
Essa petição para proibir a internet em Viçosa é real e foi escrita pela Taylor Swift.
— João (@jaobrunelli) June 24, 2015
A petição de Viçosa não é zueira não? Pelo post do Facebook parece.
— Emmanuel Duarte (@manucaduarte79) June 24, 2015
Mensagem da Internet para os comerciantes de Viçosa que assinaram a petição: pic.twitter.com/zrz3mpaCMl
— Nil (@niltonfreitas_) June 24, 2015
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A tendência é que os memes e postagens acerca da petição online para acabar com a internet só cresça nos próximos dias, mesmo que ela não faça sentido algum. E você, pretende ajudar os habitantes de Viçosa a se livrar da maligna internet ou prefere só observar todo esse bate-boca? No caso de o texto ser verdadeiro, acha que a reclamação passa na votação da Câmara Municipal da cidade mineira? Deixe sua opinião sobre o assunto mais abaixo, na seção de comentários
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