Hoje em dia, guardamos fotos, vídeos, arquivos de texto e outras memórias pessoais em computadores ou dispositivos de armazenamento, como pendrives — e há quem nem mantenha mais cópias físicas desses materiais. O que aconteceria se, em um futuro próximo, não pudéssemos mais acessar isso, perdendo uma quantidade absurda de momentos?
Isso não é teoria da conspiração de qualquer maluco: quem afirmou que essa é uma possibilidade foi ninguém menos que Vint Cerf, considerado um dos "pais da internet". O cientista, que era uma das figuras por trás da rede que precede a atual, a ARPANET, concedeu uma entrevista ao site da BBC e explicou todas as suas preocupações.
Para ele, incompatibilidades entre hardwares do futuro (décadas ou até séculos no futuro) e softwares do passado podem fazer com que os atuais conteúdos sejam perdidos — e isso significa um pedaço da História, desde memórias inteiras de famílias até documentos corporativos importantes. "A questão não é qual o meio e como os bits digitais são gravados, mas até quando poderemos fazer essa leitura e por quanto tempo eles farão sentido para nós", explica.
Como preservar
"A ideia é capturar o ambiente digital em que os bits foram criados e tornar possível, daqui a mil anos, recriar isso. Assim, arquivos que são interpretados como imagens, documentos e video games sejam recriados e possam ser reproduzidos", diz Cerf. Outro problema é que muitas companhias são donas dessas tecnologias de armazenamento — e elas podem desaparecer a qualquer momento ou em longo prazo, fazendo com que seus conteúdos caiam em uma espécie de limbo virtual.
Por isso, para Cerf, padronizar a interpretação de objetos digitais é a grande salvação. Como exemplo, ele cita uma imagem sendo editada no Photoshop. "É como se tirássemos uma cópia em raio-x do conteúdo, do aplicativo e do sistema juntos, com uma descrição da máquina que faz a leitura", diz, tornando possível mover esse conteúdo de um lugar para outro e torcer para que essa cópia dure e possa ser reproduzida ao longo do tempo.
O problema é que as extensões hoje em dia são muito variadas e, em alguns casos, patenteadas. Ainda não é possível dizer se a "Idade das Trevas" digital a que Cerf se refere vai mesmo chegar — mas não podemos negar que ela é bastante aterrorizante.
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