O Facebook e o Instagram veicularam centenas de anúncios de silenciadores de armas de fogo recentemente, apurou o Wired. Os produtos eram promovidos em vídeos que ensinavam como transformar "filtros de combustível" para veículos em supressores de ruído.
As propagandas são problemáticas principalmente em países cuja venda de supressores é altamente controlada, como nos Estados Unidos. Por lá, a compra do componente exige o fornecimento de digitais, verificação de histórico e pagamento de impostos ao Escritório de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos (ATF).
Os anúncios são de baixa qualidade geralmente apresentam o mesmo texto. Em sua maioria, as imagens são recortes de vídeos do YouTube de canais especializados em armas de fogo, mas provavelmente os criadores de conteúdo não têm qualquer relação com o material.
Nem mesmo as empresas exibidas em vídeo parecem ter relação com a publicidade. Um exemplo disso é a Black Collar Arms, uma das marcas exibidas em vídeo, que afirma não ter qualquer conexão com o anúncio.
"As fotos que você viu são prints da tela tiradas do meu vídeo", disse um dos sócios da Black Collar Arms, Jeremy McSorely, ao Wired. O silenciador visto nas imagens é real e foi fabricado conforme as regulações da ATF.
No Brasil, silenciadores ou supressores de ruído são de uso restrito e controlado seguindo o Decreto 10.030/2019.
Parece ser um esquema de dropshipping
Segundo especialistas contactados pela Wired, os anúncios devem ser originados de esquemas de dropshipping. "Parece ser um revendedor de produtos controversos ou ilegais", mencionou um pesquisador de ameaças da Silent Push, Zach Edwards.
Nesses esquemas, o anunciante é apenas um intermediário da venda. Ele anuncia um produto em vários sites genéricos e, se comprado por alguém, então é feito o pedido para uma varejista de baixo custo.
Anúncios são proibidos em redes da Meta
Contudo, a propaganda desse tipo de produto é proibida nos sites da Meta. As plataformas da empresa não permitem a distribuição de publicidade de armas, silenciadores ou modificações relacionadas.
Segundo a empresa, os anúncios são analisados por um sistema automatizado e recebem suporte de moderadores humanos.
Depois de contactados pela Wired, a Meta removeu os anúncios problemáticos.
Brecha reincidente
A veiculação de publicidade relacionada a armas de fogo acontece nas redes da Meta há um bom tempo, e a empresa trabalha constantemente para conter esse tipo de conteúdo. Em 2018, por exemplo, foram anunciadas medidas para mitigar esse tipo de anúncio.
Outra ocorrência desse tipo de brecha aconteceu em outubro de 2024: uma reportagem da Tech Transparency Project encontrou 230 anúncios de rifles e armas fantasmas circulando pelo Facebook e Instagram.
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