'Se garante na beleza?': desafio viral pode alimentar redes de pornografia infantil

Por André Luiz Dias Gonçalves

12/09/2024 - 17:302 min de leitura

'Se garante na beleza?': desafio viral pode alimentar redes de pornografia infantil

Fonte : Unsplash

O desafio “Se garante na beleza?”, que viralizou no TikTok e no Instagram, vem atraindo crianças e pré-adolescentes em busca de visibilidade. No entanto, os participantes podem acabar tendo suas imagens usadas em sites de pornografia e pedofilia ou por criadores de deepfakes, como destaca o g1 nesta quinta-feira (12).

Divulgada por dezenas de perfis, a campanha convida o público-alvo, formado por usuários de 8 a 13 anos com perfil fechado e baixo número de seguidores, a procurar uma conta divulgadora por mensagem privada. Quando selecionado, o internauta precisa informar nome e idade, responder ao desafio e enviar uma foto ou vídeo.

O desafio envolvendo crianças e pré-adolescentes viralizou no TikTok e também no Instagram.
O desafio envolvendo crianças e pré-adolescentes viralizou no TikTok e também no Instagram.

Em um dos casos avaliados pela publicação, a criança que enviou sua foto também foi questionada se estava solteira. Na sequência, a imagem e os dados do concorrente são compartilhados pelos divulgadores para centenas ou milhares de pessoas, que vão avaliar a sua beleza.

Geralmente, o conteúdo é repostado trazendo o acréscimo de trilha sonora com palavrões e letras maliciosas, ficando disponível publicamente para qualquer pessoa com acesso ao TikTok e ao Instagram. Dessa forma, os participantes do desafio “Se garante na beleza?” ganham a exposição desejada, tentando chamar a atenção de famosos.

Qual é o problema com o desafio?

A exposição de quem participa deste desafio viral traz uma série de riscos, de acordo com o especialista em cibersegurança, Humberto Sandman, ouvido pela reportagem. As imagens compartilhadas pelos menores podem servir para alimentar diversos atos ilícitos no mundo digital.

Fóruns de pornografia são um dos destinos prováveis das fotos e vídeos das crianças e pré-adolescentes, conforme Sandman, assim como redes de pedofilia. Essas imagens também podem servir como fonte de memes, gerar comentários depreciativos e para a criação de deepfakes com IA, inserindo rostos e vozes em cenas falsas.

Procurado pela publicação, o Instagram afirmou não permitir a divulgação de conteúdos explorando ou colocando crianças em risco e que utiliza revisão humana e tecnologia para identificar e excluir postagens que violem suas políticas. Já o TikTok não tinha se pronunciado.

Em ambas as plataformas, a idade mínima para a criação de um perfil é de 13 anos, segundo as políticas de cada empresa.


Por André Luiz Dias Gonçalves

Especialista em Redator

Jornalista formado pela PUC Minas, escreve para o TecMundo e o Mega Curioso desde 2019.


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