O pedido feito pela Ucrânia para “expulsar” a Rússia da internet global foi rejeitado nesta quinta-feira (3) pela Corporação da Internet para Atribuição de Nomes e Números (ICANN), de acordo com a CNN. A exclusão seria uma forma de retaliar o país por conta da invasão ao território ucraniano, iniciada na última semana.
Em carta enviada aos funcionários ucranianos responsáveis pelo pedido, o CEO da ICANN Göran Marby argumentou que a “internet é um sistema descentralizado” e que, por isso, “nenhum ator tem a capacidade de controlá-la ou desligá-la”. A organização internacional liderada por ele é responsável por coordenar o gerenciamento da internet.
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No texto, Marby também comentou que a entidade possui a missão de garantir o funcionamento da web e não deve ser usada para impedir a sua disponibilidade. Dessa forma, ela não pode “tomar ações punitivas, emitir sanções ou restringir o acesso a segmentos da internet, independentemente das provocações”, acrescentou o executivo.
A medida seria uma nova sanção aplicada à Rússia, conforme os ucranianos.Fonte: Unsplash
Apesar de negar o pedido feito pelas autoridades ucranianas, o CEO demonstrou preocupação com o bem-estar dos cidadãos do país invadido, lamentando as ações ocorridas nos últimos dias.
Internautas russos offline
Na solicitação enviada ao Comitê Consultivo para Assuntos Governamentais da ICANN, a Ucrânia pediu a revogação de todos os domínios russos (.RU). Uma demanda semelhante chegou ao Registro Regional da Internet para a Europa, o Oriente Médio e a Ásia Central (RIPE NCC).
O representante ucraniano na ICANN Andry Nabok justificou o pedido como forma de evitar a propagação de notícias falsas sobre o conflito, supostamente promovida pela Rússia. Na sua visão, o bloqueio da internet no território russo permitiria acessar informações confiáveis, ao reduzir consideravelmente a desinformação.
A ação poderia deixar todos os russos sem acesso à web.Fonte: Shutterstock
Porém, o desligamento da internet na Rússia traria “consequência devastadoras”, de acordo com especialistas em governança da web, que já defendiam a rejeição do pedido antes mesmo da resposta da entidade. Para eles, a medida afetaria todos os usuários médios do país, incluindo os opositores de Putin.
Além disso, computadores, celulares e quaisquer outros dispositivos conectados no território russo ficariam sem acesso à web, pois não contariam mais com IPs locais que pudessem identificá-los em uma rede global.
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