Arte digital é um assunto que ainda gera confusão em muitas pessoas. Afinal, qual é o valor de uma arte que pode ser replicada com dois cliques? Enquanto é necessário um trabalho de horas (ou dias) para copiar uma pintura, criar uma cópia de uma arte digital não exige esforço algum. Como garantir que essa obra de arte que existe apenas como pixels — e, em uma análise mais profunda, apenas como dados — é realmente exclusiva e original?
NFT: o que é?
É aí que entra a crypto art, uma arte digital com um código único anexado, garantindo ao proprietário que ela é exclusiva. Mesmo podendo ser copiada inúmeras vezes, apenas a original conta com esse código. Ou, caso o artista queira vender todas as cópias, ele pode inserir códigos nelas, e cada uma contará com uma “marcação” única. Isso garante para os compradores que, mesmo as cópias, são exclusivas, como edições numeradas de uma arte vendida para colecionadores, por exemplo.
Esse é o conceito básico por trás dos non-fungible tokens (NFT — ou tokens não fungíveis, em tradução livre). De maneira bem resumida, um NFT funciona como um código que fica ligado à arte para que as pessoas saibam que ela é original, única e exclusiva (como a Mona Lisa). Para isso, é baseado em blockchain — a mesma base utilizada em criptomoedas como o bitcoin —, o que garante algumas vantagens, principalmente quando a arte é comercializada.
Blockchains disponíveis
Atualmente existem diversos blockchains disponíveis para serem usados com as mais diversas finalidades, porém, a Ethereum foi a que se tornou mais popular para o NFT. Um dos motivos é que ela conta com sua própria criptomoeda, ether (ETH), facilitando as transações. Mesmo assim, é possível realizar compras com outras criptomoedas e até mesmo com cartões de crédito.
A vantagem desse formato é que o NFT pode ficar sempre ligado ao criador ou proprietário original. Caso um comprador decida revender a obra, o artista responsável por ela pode receber uma parte do valor (desde que a transação seja feita na mesma plataforma da venda original). Ou seja, o NFT garante, além da exclusividade, que uma arte digital não seja pirateada.
Quem pode usar NFT?
Primeiro tweet do mundo foi colocado à venda utilizando NFT.Fonte: Twitter/Jack Dorsey
As vantagens do NFT se tornaram tão interessantes para artistas que criam suas obras digitalmente que seu uso foi além do mundo da arte. Um exemplo bastante inusitado, mas que mostra como não há limites para o NFT, aconteceu no Twitter. No início de março de 2021, Jack Dorsey, CEO do microblog, colocou o primeiro tweet da rede social em leilão; para garantir que ele era original, foi utilizado o NFT. A compra foi realizada por um usuário que pagou 1.630 ether, o equivalente a US$ 2,9 milhões.
Outra pessoa que decidiu aproveitar o NFT para vender algo na internet foi o CEO da SpaceX e da Tesla Motors, Elon Musk. Ele decidiu criar uma música sobre o assunto e a colocou à venda utilizando NFT. Musk não fixou um preço, mas chamou atenção de uma pessoa que se tornou bastante famosa nas últimas semanas graças ao NFT: Mike Winkelmann, mais conhecido como Beeple.
Valor do NFT
Colagem vendida por mais de US$ 69 milhões.Fonte: Instagram/Beeple
Beeple trabalha com arte digital e, desde 2007, publica uma imagem diferente por dia no Instagram. Em 11 de março deste ano, ele fez uma colagem com as artes dos primeiros 5 mil dias. Intitulada Everydays — The First 5000 Days, ela foi a leilão após ter sido registrada com NFT e foi vendida por mais de US$ 69 milhões.
É importante lembrar que o valor de uma obra de arte digital é influenciado por diversos fatores, assim como acontece com uma obra de arte física. A fama do artista tem um papel importante no valor final, porém detalhes como o interesse que a arte gera e a exclusividade também são importantes.
Por se tratar de algo novo, o NFT desperta a atenção de entusiastas e colecionadores, mas isso não significa que a arte digital passa a ter mais ou menos valor que qualquer outro tipo de arte. Seu valor pode variar de um dia para o outro, e o que o NFT garante é apenas a exclusividade da obra.
Além disso, mesmo impedindo a pirataria, o NFT não impede o furto da arte digital. Caso uma pessoa decida colocar um NFT em uma obra (um tweet ou qualquer coisa digital) que não pertence a ela, não será possível que o criador reivindique a autoria. Isso faz que a obra original seja colocada à venda por uma pessoa que não a criou e que recebe por isso.
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