No último domingo (15), o Fantástico exibiu uma matéria exclusiva sobre a invenção de um candidato virtual para revelar esquemas eleitorais irregulares. O político fake recebeu propostas de um mercado de venda ilegal de curtidas, comentários e seguidores, além de golpes "sob medida para campanhas que tentam enganar o eleitor", expondo a necessidade de que se desconfie de personalidades e de fontes de informações digitais.
Conforme aponta o material, bastou a criação de perfis em redes sociais para que ofertas de testes superfaturados de covid-19 e de pesquisas que favorecessem o candidato aparecessem. O rosto dele foi montado a partir da junção de elementos de fotos disponibilizadas em bancos de imagens, assim como os de sua família.
Comitê e até itens de divulgação fizeram parte do esquema, sendo que, obviamente, Virtu Aldo não foi registrado na Justiça Eleitoral. "Ética, transparência e honestidade" eram os motes da campanha, que não possuía qualquer curtida ou comentário nas redes – algo que mudaria logo a seguir, considerando que "centenas de sites" vendem pacotes de interações. Todo esse esquema, claro, tem o seu valor, tanto o cobrado pelas empresas quanto o do próprio voto.
"Vamos lembrar que o voto é uma ferramenta importante da democracia. Então, o risco que nós corremos é muito grande", explica Heloisa Starling, professora do Departamento de História da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na reportagem. "É uma consequência do desconhecimento, que leva à manipulação", complementa José Álvaro Moisés, cientista político da Universidade de São Paulo (USP).
Candidato fake recebe propostas de impulsionamento de campanha virtual.Fonte: G1
Inimigos da democracia
Sites especializados em candidatos a vereador e a prefeito também foram encontrados, comercializando, inclusive, reações negativas no YouTube – com o potencial de descredibilizar oponentes –, o que contraria as políticas de uso da plataforma envolvida.
Além disso, centenas de milhares de seguidores estão ao alcance de políticos mal-intencionados, com o sequestro de perfis. "A recomendação essencial é ter muito cuidado na aceitação de jogos e atividades, que podem manipular perfis", indica José Milagre, presidente do Instituto de Defesa do Cidadão na Internet. Elogios não estão fora do pacote.
Roteiros prontos de propostas, compra de votos... Tudo isso é possível. "O risco ao processo eleitoral é tremendo. Hoje, é possível encontrar códigos a preços acessíveis que simulam pessoas nas redes sociais", reforça o executivo. Tanto a Google quanto o Facebook, em notas oficiais, condenam as ações.
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