Há 21 anos, foi lançada uma solução que revolucionou o compartilhamento musical. Estamos falando do Napster, que, lançado em 1º de junho de 1999, reuniu pessoas pela internet e alterou fundamentalmente a indústria do entretenimento. Para comemorar a data, Larry Fitzmaurice escreveu uma matéria ao Stereogum, relatando sua trajetória pessoal e explicando como a novidade impactou a vida de muita gente mundo afora.
No artigo, Larry relembra uma época quase desconhecida para os mais novos. A dificuldade para baixar músicas era tão grande que aquele que tinha contato com quem possuía computador e acesso discado ganhava, além de uma amizade criada pela música, horas de convivência enquanto os downloads eram lentamente realizados.
Segundo ele, não importavam as diferenças entre os gostos da galera. A simples reunião para esse verdadeiro ritual fazia tudo valer a pena. Além disso, escutar repetidamente uma novidade descoberta era padrão, uma vez que o trabalho envolvido para consegui-la tornava quase que obrigatória a dedicação exclusiva ao material.
On this day in 1999: Napster launchedpic.twitter.com/Xa4cAr9Ze6
— Jon Erlichman (@JonErlichman) June 1, 2020
Semelhante à época anterior à internet, antes do Napster, não era possível conferir algo novo se não fosse pelo rádio ou por análises escritas em publicações especializadas, cabendo ao leitor depositar a confiança no conteúdo.
Caso ache que as descobertas da semana de seu aplicativo de streaming falham com você, imagine o que sentiam aqueles que desembolsavam um alto valor para escutar algo novo e não encontravam nada daquilo que esperavam?
Grava um CD pra mim?
Como compartilhar faixas com os amigos em uma época na qual não existia nuvem? Pendrives e MP3 players, além de não serem acessíveis, também não eram tão disseminados. Naquele tempo, a escolha mais acertada para a tarefa era comprar CDs virgens e ter a sorte de que o mesmo amigo com internet possuísse um gravador.
Hoje em dia, é possível ter acesso a uma biblioteca com milhões de músicas por mensalidades tentadoras. Antigamente, era necessário gastar valores até mais altos para ter acesso a um único CD com pouco mais de 10 faixas.
Foi nesse contexto complicado que o Napster surgiu – centralizando arquivos de MP3, algo já inovador na época, em um único servidor para vários estudantes universitários terem acesso à troca de músicas simplificada. Shawn Fanning, desenvolvedor da solução, foi o responsável por algo que, em poucos meses, atingiu mais de 20 milhões de usuários e que, logo depois, foi derrubado por leis de direitos autorais (isso em julho de 2001, apenas dois anos depois de sua criação).
A novidade, claro, irritou muita gente, inclusive grupos mundialmente conhecidos, como o Metallica. O que não se sabia era que o lançamento revolucionaria a indústria do entretenimento, sendo a inspiração de muitas soluções e eclipsado por elas.
Além disso, sem esse movimento ousado, alternativas de streaming que conhecemos hoje em dia dificilmente teriam se tornado quase essenciais na maneira como consumimos conteúdos.
Um mundo fragmentado
Claro que o Napster ocupou apenas uma parcela na constante luta de diversas organizações para democratizar o acesso a produtos musicais e afins. Outras tantas elaboraram maneiras que complicaram ainda mais o movimento de instituições de defesa de direitos autorais.
Apesar da facilidade que possuímos, Larry afirma que a frieza corporativa de hoje em dia tomou o lugar do senso de pertencimento experimentado por jovens há 21 anos enquanto baixavam suas faixas e as compartilhavam da melhor maneira possível. “Ainda que moralmente questionáveis, Napster e seus colegas foram, possivelmente, os últimos responsáveis pela criação de um mundo conectado pela música em si”.
Verdadeiras comunidades eram criadas em torno de gostos musicais.Fonte: Imgur
“Se há alguns anos éramos todos algum tipo de pirata, a fragmentação da vida digital tornou um terreno comum algo cada vez mais raro – fraturando a conexão entre todos”, finaliza Fitzmaurice.
Fontes