Em uma reportagem publicada neste fim de semana, o jornal norte-americano The New York Times denuncia o mercado de visualizações falsas no YouTube. A publicação entrou em contato com alguns dos criminosos que oferecem o serviço de inflar a contagem de visualização de vídeos no YouTube de forma artificial, e essas pessoas pareciam bem confiantes em sua forma de atuação.
Identificado como Martin Vassilev, um internauta canadense revelou que espera faturar US$ 200 mil de lucro em 2018 com a venda de visualizações. Vassilev é dono do site 500Views.com e explica que ele é, na verdade, uma espécie de intermediário ou atravessador. Ele vende o serviço e contrata terceiros capazes de entregar as visualizações compradas. Quando um fornecedor não consegue completar o serviço, Vassilev imediatamente encontra alguém para concluir o pedido.
Eu consigo entregar uma quantidade ilimitada de visualizações para um vídeo
“Eu consigo entregar uma quantidade ilimitada de visualizações para um vídeo. Eles tentaram acabar com meu negócio por tantos anos, mas ele não conseguem. Sempre tem um jeito”, disse Vassilev ao NY Times.
Outro vendedor de visualizações contatado pelo jornal, esse do site Devumi.com, disse que, nos últimos três anos, conseguiu arrecadar mais de US$ 1,2 milhão vendendo mais de 196 milhões de visualizações falsas para vídeos no YouTube. A maioria dessas visualizações compradas é direcionada a vídeos musicais, mas o Devumi.com já teve alguns clientes notáveis, como funcionários da organização midiática estatal russa RT, e da rede Al Jazeera English, outra rede midiática ligada ao governo. O NY Times entrou em contato com as duas organizações e descobriu que os responsáveis por comprar views para os vídeos dessas organizações já não trabalhavam mais com as empresas.
Aquele 1%
O YouTube, por sua vez, contou à publicação que conta com recursos que limitam drasticamente a influência de visualizações falsas no total de acessos que o site recebe. Jennifer Flannery O’Connor, gerente de produto do YouTube, disse que menos de 1% das visualizações que a plataforma de vídeo recebe como um todo são de origem fraudulenta. “Isso tem sido um problema sobre o qual temos trabalhado por muitos, muitos anos. Mas nossos sistemas de detecção de anomalias são realmente muito bons”, contou.
Ele explicou inclusive que a equipe do YouTube frequentemente compra visualizações falsas para identificar novas práticas e, com isso, impedir que elas funcionem. Ainda assim, 1% de visualizações falsas podem não impactar no YouTube como um todo, mas com bilhões de vídeos assistidos todos os dias, o YouTube é a plataforma de busca mais relevante do mundo atrás do Google. Assim, mesmo que não haja um impacto global na plataforma, alguns vídeos acabam conseguindo ser bem inflados e, dessa forma, enganam vários agentes do mercado de publicidade online.
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