Apps de monitoramento do smartphone afastam pais e filhos, diz estudo

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Se você procurar por aí, vai encontrar vários apps criados para os pais monitorar o uso de smartphones dos filhos. Bem, que ninguém gosta de marcação cerrada estamos carecas de saber, e uma pesquisa da Universidade da Flórida Central (UFC) pode gerar certa polêmica: segundo o estudo, esses softwares não somente são ineficazes como também geram atrito e causar distanciamento entre os jovens e os adultos.

Pais não devem tratar aplicativos de controle parental como uma bala mágica para manter seus adolescentes seguros online

O levantamento começou com uma avaliação online junto a 200 pares de tutores e adolescentes, com idades entre 13 e 17 anos. Metade dos progenitores disse ter usado pelo menos uma vez os “apps de monitoramento” que bloqueiam sites, limitam o tempo de uso do display e rastreiam a atividade em sites.

Os resultados mostraram que os adeptos desses aplicativos eram propensos a serem mais rigorosos e autoritários, além mais exigentes e raramente dispostos a ouvir os menores. Os filhos que foram vigiados relataram com mais frequência a exposição ao conteúdo explícito indesejado, assédio e problemas com outros jovens.

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“É possível que os adolescentes que estejam enfrentando riscos online tenham pais com maior probabilidade de uso de aplicativos de controle parental. No entanto, os pais muitas vezes desconhecem os perigos da web que seus filhos enfrentam e isso não explica estaticamente por que eles escolheram usar os apps de monitoramento”, explica disse Pamela Wisniewski, professora assistente de Engenharia e Ciência da Computação da (UFC), em entrevista ao Gizmodo por email.

Uso de app parental pode revelar falta de envolvimento

Com base em suas descobertas iniciais, os pesquisadores analisaram 736 resenhas online deixadas por pais e filhos (de 8 a 19 anos) de 37 aplicativos de controle parental disponíveis no Google Play. Os adultos geralmente diziam coisas favoráveis em relação aos utilitários, mas 2/3 dos jovens davam a eles apenas uma estrela e muitas vezes diziam que os aplicativos afetavam negativamente o relacionamento deles com os pais.

Se ele não confia em mim o suficiente para usar meu telefone, então por que eu deveria confiar nele?

“Esse aplicativo vai causar problemas de confiança nos seus filhos. Desde que meu pai instalou, nos distanciamos mais. Se ele não confia em mim o suficiente para usar meu telefone, então por que eu deveria confiar nele? ”, escreveu um garoto, em um review do SecureTeen Parental Control.

A análise de Pamela de certa forma confirma o que o menino diz na loja virtual da Google. “Outra possível explicação é que os adolescentes não estão obtendo o apoio de que precisam de seus pais para ajudá-los a lidar tanto com problemas ‘offline’ quanto com experiências de risco online. O uso de aplicativos de controle parental, em oposição aos pais mais engajados, pode ser sintomático dessa falta de envolvimento.”

O que os pais poderiam fazer, então?

De acordo com os autores, ao invés de recorrer a redes automatizadas de segurança, os pais deveriam se envolver mais na vida de seus filhos, o que inclui supervisionar diretamente o que eles veem na internet e ter conversas abertas sobre os perigos das atividades online. Ao mesmo tempo, também deveriam confiar no próprio julgamento dos menores no gerenciamento desses riscos.

Se os aplicativos forem utilizados como ferramenta para suplementar as práticas parentais positivas, e não para tomar o lugar dos pais, então eles podem trazer benefícios

Outra pesquisa da equipe de Pamela descobriu que os adolescente tendem a se recuperar rapidamente de ocasionais “trolls” da web ou atos de cyberbullying. Uma sugestão para os desenvolvedores é a de aceitar sugestões dos jovens na criação dos apps parentais. Enquanto isso, o adultos que insistem em usar esses apps devem procurar as opções que mantêm os pais informados e orientam como os filhos podem se manter seguros.

"Se os aplicativos forem utilizados como ferramenta para suplementar as práticas parentais positivas, e não para tomar o lugar dos pais, então eles podem trazer benefícios. Porém, esses apps não devem ser usados ??como uma solução do tipo 'configure e esqueça' porque são imperfeitos e não podem substituir a conversa com nossos filhos e ensiná-los a se envolver com os outros online de maneira significativa e segura.”

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Os estudos ainda não foram publicados oficialmente e devem ser apresentados no final deste mês, na Conferência da Association for Computing Machinery sobre Fatores Humanos em Sistemas Computacionais, em Montreal, no Canadá. “A conclusão aqui é que os pais não devem tratar aplicativos de controle parental como uma bala mágica para manter seus adolescentes seguros online.”

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