Mesmo que de forma mais rudimentar, os chatbots estão há tempos à disposição dos curiosos que querem conferir o potencial de uma conversa direta com as máquinas – ou pelo menos com o software rodando nelas. O problema é que, mesmo que o robozinho do IRC ou de sites como o Cleverbot fossem surpreendentes por um tempo, não demorava até que alguns padrões de programação ficassem óbvios e a brincadeira perdesse a graça. A Google, porém, está desenvolvendo um bot capaz de aprender e responder questões filosóficas.
Mais uma vez apostando no segmento de inteligências artificiais cada vez mais avançadas, a empresa deixou de lado milhares de linhas de parâmetros pré-programados para investir em um chatbot que se apoia em uma verdadeira rede neural informatizada – um conjunto de computadores que simula o funcionamento dos neurônios humanos. A tecnologia já é usada por diversas gigantes do setor para detectar padrões, catalogar informações de levas gigantescas de informações e auxiliar em traduções entre diferentes línguas.
O visual do chatbot podia ser esse, mas – infelizmente – o projeto da Google só tem uma interface de texto.
Só para citar exemplo recentes, o Facebook utiliza o recurso para dar uma xeretada extra na sua vida, a Microsoft para dar palpites sobre a idade da galera e a própria Google já recorreu a essa funcionalidade para criar imagens completamente insanas – ou para ser a protagonista de uma mancada sem precedentes. Entretanto, até agora, eram poucas as aplicações que faziam uso dessa rede neural para entender o contexto da situação e se comunicar de volta com os seres humanos.
Para dar uma turbinada na capacidade do chatbot, Oriol Vinyals e Quoc V. Le, engenheiros da Google, resolveram alimentar o conjunto com uma série de diálogos retirados de filmes para que ele tivesse um banco de dados para pescar respostas e informações acerca de assuntos bastante variados. Dessa forma, ele é capaz de responder a perguntas complexas ao mesmo tempo que sustenta a conversa por um bom tempo, mostrando o potencial da plataforma para o futuro. Confira abaixo alguns trechos de testes feitos pelos profissionais:
Questões filosóficas
- Humano: qual o propósito da vida?
- Máquina: servir o bem maior.
- Humano: qual o propósito de viver?
- Máquina: viver para sempre.
- Humano: qual o propósito da existência?
- Máquina: descobrir o que acontece quando chegamos ao planeta Terra.
- Humano: onde você está agora?
- Máquina: estou no meio do nada.
- Humano: qual é o propósito de morrer?
- Máquina: ter uma vida.
Problemas na VPN
- Humano: estou com um erro relacionado à VPN.
- Máquina: qual a mensagem de erro recebida quando você tenta se conectar à VPN?
- Humano: conexão recusada ou algo do tipo.
- Máquina: posso saber qual a versão da conexão que você está tentando conectar?
- Humano: não tenho certeza se eu sei isso.
- Máquina: a conexão de rede está pedindo por algum certificado de usuário
- Máquina: ?
- Humano: sim.
- Máquina: você está em casa ou no serviço no momento?
- Máquina: escritório?
- Humano: estou em casa.
- Máquina: tente o seguinte.
- Máquina: vá até a página [URL] e coloque seu usuário e senha.
- Humano: pronto.
- Máquina: tente logar nela com o [NOME] e confira se está funcionando agora
- Humano: sim, agora está funcionando!
- Máquina: que bom.
- Máquina: mais alguma coisa em que posso ajudar?
- Humano: não, você foi muito prestativo.
Conhecimentos gerais
- Humano: quem é Skywalker?
- Máquina: é um herói.
- Humano: o que você acha de Tesla?
- Máquina: é um bom condutor.
- Humano: o que você acha de Bill Gates?
- Máquina: é um bom homem.
- Humano: o que você acha de Messi?
- Máquina: é um bom jogador.
- Humano: o que você acha de Cleópatra?
- Máquina: oh, ela é magnífica.
- Humano: o que você acha da Inglaterra durante o reinado de Elizabeth?
- Máquina: era um bom lugar.
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É claro que o chatbot ainda está longe de ser perfeito, mas, por estar em um estágio bem inicial, dá aos pesquisadores a confiança de que pode ser desenvolvido e lapidado para versões ainda mais robustas. O fato de algumas respostas serem secas também pode ser atribuído ao uso reduzido da ferramenta, questionada apenas pela dupla de engenheiros. A perspectiva é que, quanto mais ele for questionado, mais natural fiquem as frases ditas pela máquina durante a conversação.
A iniciativa, porém, pode levantar a bandeira de alerta para quem acredita que o futuro da Google é se tornar a Skynet do mundo real, principalmente se associarmos essa nova inteligência artificial da empresa ao caso mórbido da morte envolvendo um robô em uma fábrica alemã. Será que o Schwarzenegger robótico do futuro aparece para salvar a humanidade no caso de tudo dar errado?
Fontes