Visto de maneira isolada, Sunspring poderia parecer somente uma ficção científica de baixo orçamento com um roteiro digno de produções “B”. No entanto, o curta-metragem se mostra um tanto revolucionário ao se tornar a primeira produção do tipo totalmente escrita por uma inteligência artificial — que aparece nos créditos com o nome “Benjamin”, escolhido por ela mesma.
Dirigido por Oscar Sharp, o filme foi criado para participar do festival Sci-Fi London, que inclui competições como o 48-Hour Film Challenge, em que equipes têm tempo limitado para criar curtas-metragens usando objetos predeterminados. Sunspring foi criado com o auxílio de Ross Goodwin, pesquisador de inteligência artificial da Universidade de Nova York que forneceu o “roteirista” da produção.
Benjamin também foi o responsável pela produção da música-tema
“Assim que fizemos a primeira leitura [do texto], todos ao redor da mesa ficaram rindo com contentamento”, afirmou Sharp ao site Ars Technica. Os atores tiveram seus papéis atribuídos aleatoriamente e escolheram o tom de suas falas (e suas expressões corporais) conforme liam o roteiro — resultado que você pode conferir no filme.
Benjamin também foi o responsável pela produção da música-tema, que foi produzida a partir de um banco de dados contendo 30 mil canções populares. O resultado foi aprovado pelos jurados do festival, que destacaram Sunspring como uma das melhores produções participantes do desafio de 48 horas.
Aprendendo com exemplos
A inteligência artificial, normalmente usada para o reconhecimento de textos, foi alimentada com uma dúzia de roteiros de ficção científica das décadas de 1980 e 1990 como base para sua própria criação. O sistema dissecou essas informações para criar parágrafos inteiros baseados nos padrões encontrados, dando preferência às palavras e estruturas de frases mais comuns.
Cena de Sunspring
Com o tempo, Benjamin aprendeu a imitar a estrutura de um roteiro e a indicar posicionamentos de personagens e falas bem formadas. A inteligência artificial só era incapaz de trabalhar com nomes próprios, motivo pelo qual o diretor decidiu atribuir letras a cada personagem de Sunspring.
Benjamin também teve papel essencial no processo de votação pública estabelecida pelo festival. Ao perceber que outros competidores estavam usando bots para aumentar seus números, Sharp e sua equipe programaram a inteligência artificial para fazer essa tarefa. “Então o fizemos votar 36 mil vezes por hora nos últimos momentos do concurso e destruímos os trapaceiros”, explicou o diretor.
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