A revolução digital mudou muita coisa nas últimas décadas, e dificilmente encontramos coisas que ainda são feitas da mesma forma que há 15 anos. Um dos mercados em que isso aparece com mais destaque é a fotografia. Das imagens captadas com filmes até a instantaneidade de compartilhamentos permitida atualmente, muita coisa mudou, mas o que você pode nunca ter percebido é a importância que apenas uma rede social tem dentro disso tudo.
O Instagram é tido por especialistas como a segunda grande revolução da fotografia (a primeira seria a fotografia digital em si). Com mais de 80 milhões de usuários cadastrados em todo o planeta, ele reúne desde amadores, entusiastas da fotografia, profissionais que querem mostrar seu trabalho até o usuário comum, que publica apenas fatos cotidianos, sem qualquer preocupação estética.
O futuro da fotografia de rua
(Fonte da imagem: Reprodução/Tatiana Pecanac)
“Agora, todos olham o mundo através de uma tela de 3 polegadas.” Talvez essa seja uma das melhores definições já encontradas para o que se tornou o Instagram hoje. Com uma plataforma simples, ele acaba sendo acessível a todo tipo de público, além de permitir a publicação rápida de qualquer conteúdo.
Para o especialista em fotografia de rua, Erick Kim, com a soma da enorme quantidade de pessoas vivendo em grande cidades com a popularização de câmeras fotográficas, o lançamento de smartphones com foco na fotografia e a tendência social do homem, é possível que o Instagram seja o grande ponto de popularização da fotografia de rua – e, na verdade, isso já é um movimento atual.
Segundo Kim, um dos principais fatores que tornam o Instagram mais amigável para o dia a dia do que o Flickr, por exemplo, é a possibilidade de criar imagens únicas e não necessariamente seguir uma linha de publicações de forma a criar uma série completa, como a mecânica do Flickr sugere.
A instantaneidade do jornalismo atual
As redes sociais revolucionaram a forma como as notícias são dadas, passando o poder da mão dos grandes veículos para que os acontecimentos fossem mostrados pelos próprios usuários. O Instagram segue essa mesma linha, centralizando imagens de notícias ou eventos diversos em vários cantos do planeta.
Já não é mais tão incomum encontrar um veículo de comunicação que solicita o envio de imagens para seus seguidores, e com o Instagram isso fica mais instantâneo, otimizando o processo.
(Fonte da imagem: Reprodução/magneticart)
Ainda segundo Erick Kim, é possível vislumbrar um futuro ainda mais brilhante para a rede com a aquisição feita pelo Facebook. Ele relata que conhece dezenas de fotojornalistas que já utilizam adaptadores WiFi para fazer o envio instantâneo de imagens para as editorias em que trabalham.
Seguindo esse raciocínio, Kim acredita que, caso as câmeras DSRL também ganhem funções inteligentes no futuro, não é difícil imaginar integrações com o Instagram para que imagens feitas de forma profissional sejam publicadas instantaneamente na web.
A fotografia de moda também está mudando
Quem acompanha o mundo da moda sabe que a Semana de Moda de Londres está a pleno vapor. Enquanto isso, dezenas de editores de sites e revistas procuram imagens em bancos para a ilustração de seu conteúdo. No entanto, nem sempre a fotografia pode vir de equipamentos e olhares profissionais.
Na ultima semana de moda de Nova York, por exemplo, um projeto especial do Getty Images levou dezenas de imagens feitas com o Instagram para serem vendidas no banco de imagens. A proposta era mostrar um olhar diferente sobre os acontecimentos — algo que, aparentemente, deu muito certo.
(Fonte da imagem: Jason Kempin/Getty Images)
Isso mostra que nem sempre as imagens do Instagram fazem sucesso apenas em blogs pessoais sobre moda. Os grandes editores estão entendendo o poder que vem do público e as possibilidades que se abrem ao usar a rede tanto nos bastidores quanto nas passarelas.
Um projeto próximo a isso e que tende a crescer com a popularização do Instagram é o iStockphoto (comprado pela Getty). Nele, as imagens publicadas não passam por uma editoria, mas são vendidas pelos próprios usuários.
Filtros e a “magia” da edição
Por outro lado, existem aqueles que reprovam o uso do Instagram, não como rede, mas sim como sistema de edição. Em artigo para o The Guardian, Kate Bevan garante que os filtros do Instagram são “artifícios baratos” para tentar melhorar fotografias ruins. A soma de efeitos e melhorias geralmente escolhidas por profissionais dão um tratamento básico a imagens que geralmente teriam um visual ordinário.
E essa seria uma das grandes mudanças que a rede trouxe para a fotografia atual. O que antes era conseguido de foto em foto, de forma pensada e produzida conforme o seu contexto, ganha agora filtros que, segundo Bevan, ajudam a retratar imagens de má qualidade com um senso “pseudo-artístico”.
“Para mim, Instagram, Hipstamatic e outros são a antítese da criatividade. Eles fazem com que todas as imagens tenham a mesma aparência. Eles não necessitam de análise ou de um processo criativo: um clique e tudo está feito”.
(Fonte da imagem: Reprodução/ReallyNiceImages)
Ao mesmo tempo, o jornal The Atlantic Wire acredita que o que é chamado de democratização da fotografia é, na verdade, uma grande farsa. A publicação afirma que a qualidade de grande parte das imagens é totalmente questionável, o que faz do Instagram uma rede superficial.
No entanto, é preciso levar em consideração que nem sempre as fotografias são feitas em um celular, muito menos editadas dentro do Instagram. Em alguns casos, apenas a estrutura da rede é utilizada para a divulgação de fotografias feitas em outros equipamentos, editadas com diferentes plataformas.
De qualquer forma, é impossível negar as mudanças na instantaneidade com a qual as fotografias hoje são compartilhadas, algo que nenhuma rede tinha conseguido até então. Embora a tendência sjea a de que o Instagram cresça cada vez mais, a internet é uma verdadeira caixa de surpresas e qualquer mudança no comportamento do consumidor ou o surgimento de novos sistemas ou produtos podem fazer com que todo esse potencial vá por água abaixo.
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