Se você chegou na internet quando a navegação ainda estava no início em nosso país (nos anos 90), deve se lembrar de páginas um tanto quanto peculiares. Fundos compostos por imagens lado a lado e GIFs animados eram elementos comuns de serem vistos.
A internet acabou passando por uma evolução e outras linguagens se desenvolveram. Mas quem diria que o Flash seria capaz de mudar a visão que tinhamos da web?
O Flash
Ao mostrar que é possível fazer muito mais do que páginas em códigos simples, a aposta da Macromedia (a antiga dona — hoje é a Adobe que tem os direitos) era a de que páginas estáticas não tinham graça e precisavam de mudanças.
O Flash é uma tecnologia baseada em vetores para a criação de animações. Isso signfica que, diferente de imagens em bitmap, por exemplo, não há perda de qualidade por mais que você aumente ou diminua as proporções dos elementos. É claro que imagens em mapas de bits ainda podem ser usadas combinadas com o Flash.
O Flash se popularizou na internet devido às suas múltiplas funcionalidades, facilidade de uso e "leveza" para carregamento (caso use somente vetores). E, como não se limita somente a animações, há uma linguagem de programação usada junto com ele, chamada Action Script, muito semelhante ao Javascript. Graças a isso, é possível criar interações com os usuários de internet e fazer jogos em Flash.
Múltiplas possibilidades foram criadas com o Flash. Agora, uma nova revolução nas linguagens da internet está se desenvolvendo cada vez mais: o HTML5.
O HTML5
Diferente do Flash, o HTML é conhecido pela sua utilização de tags no código. Ele acabou por ser a base das páginas na internet e, combinado com outras linguagens, como o próprio Flash e Javascript, permitiu experiências de navegação para os usuários.
Visando facilitar cada vez mais e beneficiar desenvolvedores, é desenvolvido agora o HTML5. A linguagem traz tags mais objetivas e úteis para a internet, como Canvas (para renderizar imagens), de vídeo (para incorporação prática), geolocalização (como se fosse um GPS), aplicativos offline (através do caching) e bases de dados (como o SQL). Saiba mais sobre no artigo "O que é HTML5?".
Onde está o Flash no iPhone e no iPad?
Quando o iPhone foi lançado, não apresentou Flash. Tudo bem, uma atualização com certeza resolveria isso. O problema é que já está para ser lançada a quarta versão do sistema operacional do aparelho da Apple, mas não há o mínimo sinal de suporte para Flash, por mais que a Adobe já tenha anunciado que está pronta para incluí-lo para os portáteis da empresa.
O que acabou com todas as esperanças foi quando Steve Jobs disse que de forma alguma pretende colocar suporte para o Flash nos sistemas operacionais tanto do iPhone, quanto do iPad. A razão é simples. Segundo o criador da marca da maçã, o Flash é cheio de bugs e problemas que deveriam ser resolvidos pela Adobe.
Sendo assim, ele não pretende colocar o suporte e ainda conclui com a afirmação de que o HTML5 está para tomar o lugar do Flash. Mesmo assim, os usuários de iPhones com jailbreaks esperam uma atualização não oficial, criada pela comunidade. Além disso, o novo Adobe Flash CS5 promete trazer suporte para desenvolvimentos para a plataforma da Apple, mas nada relacionado ao navegador.
HTML5 x Flash
O HTML5 acaba por ser uma mudança excelente para todos pelo simples fato de ser a linguagem mais padronizada. Ou seja, você não precisa baixar nenhum plugin para que funcione — diferente do Flash. O problema é que, antes de mais nada, os navegadores também precisar ser compatíveis. Atualmente, somente o Google Chrome e o Apple Safari têm suporte.
Já o Flash está presente em uma infinidade de sites hoje. Há excelentes utilidades, como reprodução de vídeos e jogos, os quais são cada vez mais bem desenvolvidos. O problema começa quando seu computador começa a achar o processamento do Flash pesado demais, como é o caso de vídeos em HD no YouTube.
O HTML5, nesse caso, seria a alternativa perfeita. Com a integração de vídeos já nativa da linguagem, não é necessário que os vídeos passem antes pelo Flash para serem reproduzidos, aumentando consideravelmente a performance. É por isso que o YouTube e o Vimeo já usam a tecnologia. Veja mais sobre isso no artigo "YouTube e Vimeo entram na onda do HTML5".
O HTML5 ainda não é capaz de desempenhar todas as funções do Flash (longe disso). Mas as promessas são realmente grandes em questão de funcionalidades. E há preferência na utilização de um código-padrão do que um dependente de plugins para funcionamento.
O que o futuro reserva?
Promessas para o HTML5 não faltam. Aplicações relativamente boas já comprovam que a tecnologia é potente, como o Google Voice, o YouTube e o Vimeo. Entretanto, principalmente na questão de vídeos, o HTML5 precisa evoluir muito, já que o uso de codificações (ou codecs) para reprodução é mais complexo do que parece.
A transição também demora anos para acontecer, já que ela não ocorre de uma vez só. Essa mudança gradativa dá a oportunidade para a Adobe modificar o Flash e "correr atrás do prejuízo", com a melhora da performance e novas funcionalidades.
Com essa mudança gradativa, podemos também descartar que as empresas modificarem seus sites feitos em Flash será um desconforto, pois provavelmente já teriam de se atualizar de uma forma ou outra.
Dizer que o HTML 5 vai substituir o Flash é, no mínimo, errado. Já é comprovado que tecnologias dificilmente morrem, somente se modificam e entram em convergências. Cada linguagem mostra vantagens sobre outras ao desempenhar tarefas — o HTML5 permite maior performance e facilidade, mas não faz tudo que é possível com o Flash. E se um dia o fizer, é porque a convergência aconteceu.