A convite da Huawei, o TecMundo esteve presente no evento Huawei/PUCRS IoT Smart City Summit 2016 na última quinta-feira (31), onde foi inaugurado o Smart City Innovation Center, um núcleo de pesquisa e desenvolvimento de soluções relacionadas às cidades inteligentes e da Internet das Coisas (IoT). Esse hub está localizado no Tecnopuc, o Parque Científico e Tecnológico da PUCRS, em Porto Alegre.
O evento mostrou o avanço das tecnologias que possibilitarão o desenvolvimento de Smart Cities (cidades inteligentes) e os desafios enfrentados pelos profissionais da área, como a necessidade de implementação de um sistema único que seja capaz de fazer todos os silos dessa tecnologia “conversarem”, além dos problemas envolvendo segurança e ética na manipulação, transporte e armazenamento de dados.
A iniciativa conta com a parceria do governo do Rio Grande do Sul através da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (SDECT) e da Prefeitura de Porto Alegre, do Ministério das Comunicações, do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI).
Chegando ao Parque Científico e Tecnológico da PUCRS, o Tecnopuc
O futuro é aqui
O novo centro de pesquisa da Huawei está localizado dentro do Parque Científico e Tecnológico da PUCRS – o Tecnopuc –, no bairro Partenon, em Porto Alegre. O local é um campus de mais de 11,5 hectares com cerca de 50 mil metros quadrados de área construída entremeada por muito verde, o que dá um clima extremamente agradável e moderno para o parque. Foi lá também onde aconteceu o evento de apresentação sobre Smart Cities.
O Smart Cities Summit 2016 promoveu painéis de discussão sobre temas relacionados às cidades inteligentes e internet das coisas
O Tecnopuc estimula a pesquisa e a inovação por meio de uma ação simultânea entre academia, instituições privadas e governo, além de abrigar uma série de empresas de diferentes portes, entidades e centros de pesquisa da própria Instituição. Companhias como a Microsoft, a Dell e a HP possuem núcleos de desenvolvimento locais que contam com a participação de graduandos e pós-graduandos da PUC do Rio Grande do Sul.
Um negócio da China!
O Huawei/PUCRS IoT Smart Cities Summit 2016, além de ter marcado a inauguração do Smart City Innovation Center, promoveu painéis de discussão sobre temas relacionados às cidades inteligentes e internet das coisas, conceito utilizado para descrever a crescente conexão entre os dispositivos tecnológicos que tem como objetivo melhorar a vida das pessoas em centros urbanos.
As saudações e apresentações iniciais ficaram a cargo de executivos da Huawei, o professor da PUC e presidente da APROTEC Jorge Audy, o representante do governo chinês e Conselheiro de Tecnologia da Embaixada Chinesa Mo Hongjun, o reitor da PUCRS Joaquin Clotet, além de José Fortunati (PDT) e José Ivo Sartori (PMDB), prefeito de Porto Alegre e governador do Rio Grande do Sul, respectivamente, e do Secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciências e Tecnologia do estado, Fábio Branco.
Sistemas como o de iluminação pública, de câmeras de vigilância nas ruas e toda a comunicação que envolve polícia, bombeiros e profissionais de resgate médico, serviços controlados pelo poder político, podem se beneficiar imensamente com a Internet das Coisas
Os participantes ressaltaram bastante os benefícios da parceria entre as instituições privadas, como a Huawei e a PUCRS, e o governo do Rio Grande do Sul. Esse interesse político possibilitaria muito mais do que apenas investimento financeiro na implantação do sistema de cidades inteligentes, mas facilitaria por viabilizar meios mais diretos para o desenvolvimento do projeto. Assim, sistemas como o de iluminação pública, de câmeras de vigilância nas ruas e toda a comunicação que envolve polícia, bombeiros e profissionais de resgate médico, serviços controlados pelo poder político, podem se beneficiar imensamente com a Internet das Coisas e a possível integração que ela vai gerar.
Com a palavras, Mo Hongjun, Conselheiro de Tecnologia da Embaixada Chinesa
A inteligência de uma Smart City
Com introdução de Mr. Xu Xin, especialista da Huawei em cidades inteligentes, e moderação do professor Fabiano Hessel, da PUCBR, o primeiro painel de discussões do dia tratou especificamente da implantação de uma Smart City no Brasil. Com foco sempre nas três palavras-chave de todo o projeto, “ciência, tecnologia e inovação”, os palestrantes falaram um pouco mais sobre o andamento de todas as áreas onde a tecnologia de cidades inteligentes pode ser adotada.
A Huawei tem como um dos principais objetivos incluir empresas locais em parcerias para tornar as cidades inteligente uma realidade
Segundo eles, o maior desafio para que tudo isso dê certo é o desenvolvimento de um sistema operacional da cidade que seja compatível com tudo que for ligado a ele e que possa se comunicar, inclusive, com os serviços de outras Smart Cities. Outra preocupação está em fazer uma plataforma aberta para que qualquer empresa ou indivíduo sejam capazes de criar produtos que sejam reconhecidos e totalmente compatíveis com essa tecnologia.
Esse é um dos objetivos da Huawei segundo o especialista em cidades inteligentes Mr. Xu Xin. De acordo com ele, a empresa chinesa tem como um dos principais objetivos incluir empresas locais em parcerias para tornar as cidades inteligente uma realidade.
Mr. Xuxin faz a apresentação do conceito de Smart Citiy da Huawei
Conhecimento que não vai embora
O professor da PUCRS Fabiano Hessel ressaltou que a parceria entre Huawei, PUCRS, a cidade de Porto Alegre e o estado do Rio Grande do Sul tem como um dos trunfos impedir que os “cérebros” desenvolvidos no seio dessa alma mater acabem buscando outros centros profissionais, especialmente os localizados fora do país.
Os profissionais formados dentro da PUCBR e em outros centros acadêmicos brasileiros terão mais estímulos para criar suas próprias startups de tecnologia e formar parcerias
Assim, os profissionais formados dentro da PUCBR e em outros centros acadêmicos brasileiros terão mais estímulos para criar suas próprias startups de tecnologia e formar parcerias para trabalhar direta ou indiretamente na implantação das cidades inteligentes.
Um grande exemplo de Smart City que vem sendo testada no Brasil é o caso de Águas de São Pedro, que o TecMundo visitou e conferiu em duas ocasiões e pode atestar seu funcionamento em áreas de saúde e iluminação públicas, sistemas de segurança e educação. Segundo nos informou, Anderson Tomaiz, gerente sênior de soluções da Huawei Enterprise, o sistema integrado de Águas de São Pedro foi um sucesso. No entanto, e quando levamos essas plataformas para uma cidade realmente grande, como Porto Alegre?
Painel de discussão sobre Smart Cities
Grades ambições
Transformar cidades em Smart Cities é, sem dúvida, um enorme desafio. E obviamente fazer isso em cidades com tamanhos, necessidades e objetivos diferentes exige processos e esforços diversos. Segundo os especialistas informaram no painel, apenas o estudo e a prática podem dizer qual é o melhor procedimento para se iniciar a implantação das tecnologias em uma cidade. Os testes feitos até hoje ainda são bastante limitados, como podemos ver nos exemplos:
- Águas de São Pedro possui apenas 3 mil habitantes e é um caso de cidade pequena que teve diversos sistemas públicos integrados por meio da Internet das Coisas;
- O Tecnopuc vai receber um sistema pequeno de iluminação controlado por IoT, além da plataforma de segurança que vai envolver uma central de comunicação via rádio que pode filmar ocorrências e câmeras de segurança integradas a uma central. Tudo isso é feito através de conexão LTE-M;
- A cidade de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, já utiliza um sistema inteligente de comunicação com as ambulâncias que fazem o resgate de acidentados e serve para informar se o atendimento pode ser feito nas instalações de saúde da cidade ou se é necessário levar o paciente para um hospital mais bem preparado em alguma cidade maior no entorno.
Segurança em primeiro lugar
Após uma discussão sobre a ética envolvendo a transmissão, o processamento e o armazenamento de dados pessoais fornecidos por dispositivos ligados à IoT, os palestrantes foram questionados pelo TecMundo sobre a segurança envolvendo o sistema de uma cidade inteligente.
Como se preparar para defender uma plataforma completamente integrada que acessa uma quantidade imensa de informações e define ações muito importantes para o funcionamento da sociedade? Qual é a preocupação dos envolvidos com a proteção de dados contra ataques de hackers ou com a possibilidade de sofrer com atos de vandalismos?
Qual é a preocupação dos envolvidos com a proteção de dados contra ataques de hackers ou com a possibilidade de sofrer com atos de vandalismos?
Segundo representantes da Huawei e da PUCRS, a preocupação com a segurança é de primeira importância para os envolvidos. Sempre que uma nova plataforma começa a ser desenvolvida, sua proteção é definida desde a primeiríssima etapa.
Além disso, tudo é feito em parceria com o Ministério da Defesa, utilizando as tecnologias mais avançadas contra todo tipo de interferência de terceiros. Fomos informados, inclusive, que mesmo nessa fase embrionária de testes, os sistemas da Huawei já sofrem inúmeras tentativas de invasão, nenhumas delas com sucesso.
Entrada do Smart City Innovation Center
Indo direto ao ponto
Após o painel bastante esclarecedor sobre Smart Cities e Internet das Coisas, fomos convidados a visitar o Smart City Innovation Center, localizado no décimo andar do prédio principal do Tecnopuc.
Pudemos ter noção de como vai funcionar o sistema de segurança que será implantado em breve no próprio campus da PUCRS, com uma antena que será instalada sobre um dos prédios do parque tecnológico, a central que vai integrar toda a comunicação feita pelos guardas através de aparelhos que são uma mistura de smartphone (inclusive funcionando com Android) e rádio no estilo walkie-talkie. Esses dispositivos são equipados com câmeras que transmitem em tempo real via internet móvel as imagens que os guardas quiserem, seja de um suspeito ou de um acidentado.
“É possível saber quando uma luminária está queimada ou quando está próximo da hora de trocá-la, trazendo mais economia e segurança à população”, explicou Tomaiz
Lá fomos apresentados ao gabinete que reúne tudo que é utilizado para os sistemas funcionarem: uma mistura de servidor com roteador, que deixa todos os dados do serviço armazenados na Nuvem. Também pudemos testemunhar como vai funcionar a iluminação pública controlada por um sistema operacional que é o embrião da plataforma integrada que a Huawei pretende desenvolver.
O computador, controlado por alunos de graduação e pós-graduação da PUCRS, conecta-se através do 4G com uma pequena central que ativa a iluminação com lâmpadas de LED. Através do SO é possível ligar e desligar a luz, definir a intensidade do brilho e temporizar o equipamento conforme o necessário. Com uma programação eficaz, existe a possibilidade de uma economia bastante considerável de energia elétrica usando esse sistema.
“É possível saber quando uma luminária está queimada ou quando está próximo da hora de trocá-la, trazendo mais economia e segurança à população”, explicou Tomaiz. “O centro está aberto a empresas interessadas em desenvolver aplicações que favoreçam as soluções pensadas para as cidades. Além de infraestrutura técnica, também atuaremos como mentores dos projetos”.
Um passo à frente...
O conceito de Smart City já é algo completamente real e os esforços da Huawei são exemplares na implantação de uma plataforma tão complexa. A abertura dos sistemas desenvolvidos e o estímulo às parcerias com empresas e profissionais locais ajudam a desenvolver a tecnologia no país, especialmente em centros universitários focados nesse tipo de conhecimento.
Com o tempo, é muito possível que veremos cada vez mais iniciativas para o desenvolvimento de cidades inteligentes pelo Brasil e pelo mundo. O momento agora é crucial: vencer o desafio da integração entre as diferentes plataformas e, indo ainda mais longe, providenciar uma comunicação compatível entre as Smart Cities espalhadas por aí. Se depender da Huawei, o futuro está muito mais próximo do que imaginamos.
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Fontes