Durante a MWC 2015, a HTC roubou a cena ao anunciar o One M9, modelo que continua sendo um dos smartphones top de linha do portfólio de produtos da marca.
Combinando aspectos do seu antecessor com melhorias significativas de hardware e software, o aparelho chegou às lojas prometendo oferecer a melhor experiência possível dentro da sua categoria e bater de frente com todos os modelos premium do mercado.
Mas será que esse dispositivo da companhia taiwanesa está realmente à altura de outros grandes celulares disponíveis na atualidade? Nós passamos alguns dias usando o HTC One M9, e você confere a seguir o que achamos dele.
Elegância pura
O design dos aparelhos da HTC tem sido muito elogiado nos últimos anos. Com o One M9 não é diferente: as linhas curvas empregadas na sua idealização, o acabamento impecável de produção e a estrutura metálica dão ao eletrônico um visual elegante e sofisticado. O toque de requinte final no modelo que testamos fica por conta dos detalhes em dourado.
A tampa traseira possui o aspecto de aço escovado, mas com certo nível de espelhamento. Diferente do que esperávamos, essa característica não facilita a visualização daquelas tradicionais marcas de dedo deixadas pela oleosidade natural da nossa pele. Além disso, a leve curvatura dessa parte da carcaça ajuda a promover uma pegada firme e confortável, como se o celular se encaixasse na mão.
O posicionamento dos botões, na lateral direita, e dos alto-falantes, na frente do aparelho, também nos agradou. Isso porque ele evita o abafamento do som e ações indesejadas durante as jogatinas, por exemplo.
Vale comentar que, devido a essa localização dos speakers, a altura do One M9 (14,46 cm) é um pouco maior do que as encontradas em aparelhos com dimensões de tela similares. Isso pode ser mais bem visualizado nas imagens acima, na qual o modelo da HTC aparece junto com o LG G2, que tem um display de 5,2 polegadas. Porém, essa diferença não chega a incomodar quando ele está no bolso ou sendo manipulado.
O ponto negativo do design deste aparelho é a leve saliência da câmera, que a deixa mais suscetível a batidas e, consequentemente, a danos. Para evitar riscos e rachaduras, a cobertura de safira sobre a lente deve dar uma proteção extra, além de promover fotos mais nítidas. Porém, todo cuidado é pouco e o uso de capas de proteção deve ser uma prática “saudável” para o One M9.
Uma janela para o mundo
Este smartphone conta com uma tela Super LCD3 de 5 polegadas, que é protegida pelo vidro Corning Gorilla Glass 4. A resolução de 1920x1080 pixels (Full HD) e a densidade de pixels de 441 ppi são suficientes para a exibição de imagens nítidas e cores bastante vivas — algo importante para quem consome muito conteúdo visual.
Devemos salientar que essas características do One M9 ficam atrás das de outros modelos que já possuem displays 2K — caso do LG G3, Samsung Galaxy Note 4, Moto Maxx, entre outros. Porém, na prática, essa diferença não é tão perceptível em telas desses tamanhos, que não ultrapassam 6 polegadas.
No tocante à dimensão útil de tela, consideramos bom o tamanho do display, promovendo uma experiência de navegação muito agradável. Apesar disso, quem pretende jogar ou assistir a muitos filmes pode sentir falta de alguns décimos de polegadas a mais.
Sobre o sistema de iluminação, podemos dizer que ele é satisfatório. O nível máximo é bem elevado e dá conta do recado na hora de visualizar conteúdos em ambientes externos com alta incidência de raios solares. Além disso, o display apresentou um nível aceitável de reflexos quando usado em locais com muita luz artificial. Esses reflexos existem, mas não impedem que você enxergue o que está sendo apresentado.
Áudio de primeira
Em seus mais recentes lançamentos, a fabricante taiwanesa tem investido bastante em sistemas de áudio qualificados. No One M9, a missão de reproduzir sons ricos e autênticos ficou com o HTC BoomSound, e ele não nos decepcionou — sendo um dos maiores atrativos do aparelho.
O recurso é capaz de recriar 5.1 canais para uma ótima perspectiva de ambientação. Você pode controlar as configurações dele por meio de dois modos: um voltado para filmes e vídeos e outro para músicas. Basta um toque na tela para que os ajustes sejam feitos automaticamente.
Os alto-falantes atingem volumes bastante altos, com pequenas e normais distorções quando colocados no máximo. Mas, em geral, as reproduções são qualificadas tanto pra frequências mais graves quanto para aquelas mais agudas — algo que se deve ao dispositivo operar com suporte para 24 bits e 192 kHz.
O HTC Connect é mais um atrativo de software nesse sentido. O recurso permite que qualquer música, e até mesmo vídeos, seja transmitida para um player doméstico compatível através de um simples deslizar de dedos na tela. É possível inclusive compartilhar faixas distintas para alto-falantes diferentes. Por fim, o fone de ouvido que acompanha o modelo é qualificado, mantendo a fidelidade de áudio. Contudo, sentimos falta apenas de botões para avançar e retroceder faixas — uma comodidade para quem não gosta de andar por aí com o celular na mão.
Registrando seus momentos
O One M9 tem uma câmera traseira de 20 MP, dotada de lentes de 27.8 mm e f/2.2, cobertura de safira, dois LEDs e recurso auto-focus, podendo realizar gravações em 4K. Por sua vez, o sensor frontal de 26.8 mm e f/2.0 tem 4 MP de resolução e usufrui da tecnologia HTC UltraPixel para registrar fotos e vídeos com qualidade equivalente à de uma câmera de 13 MP, aproximadamente.
É importante recordamos que o sensor principal do smartphone da HTC foi bastante criticado no lançamento, pois gerava imagens granuladas e tremidas. Pouco tempo depois, a fabricante disponibilizou atualizações que corrigiram esses problemas e ainda adicionaram uma opção de captura com suporte para o formato RAW, possibilitando edições posteriores com ferramentas profissionais.
Os upgrades parecem ter surtido efeito. As imagens registradas com o One M9 não são um primor e provavelmente não são melhores que as dos principais modelos premium do momento. As fotografias podem não satisfazer as necessidades de profissionais da área, mas não devem deixar a desejar para fotógrafos casuais.
Em ambientes externos e bem iluminados, as fotos que tiramos com o aparelho da empresa taiwanesa apresentaram um bom nível de detalhes e fidelidade. Quando resolvemos fotografar lugares mais escuros é que a qualidade geral caiu bastante, resultando em imagens bem granuladas. Porém, devemos salientar que isso é comum em câmeras de celulares devido a suas limitações técnicas.
Algo que chamou nossa atenção foi o modo manual de captura, que permite fazer diversos ajustes do principal sensor de captura, incluindo ISO, foco, balanço de branco e abertura do obturador. Porém, o aparelho não oferece nada além disso como diferencial de software. Sentimos falta ainda da função de selfie panorâmica, presente nos smartphones mais modernos.
Desempenho na prática
O HTC One M9 possui uma configuração de hardware compatível com a proposta estabelecida pela fabricante. Ele é dotado do chipset Qualcomm Snapdragon 810 octa-core (sendo quatro núcleos Cortex-A53 de 1,5 GHz e outros quatro Cortex-A57 de 2 GHz) de 64 bits, da GPU Adreno 430 e de 3 GB de memória RAM.
Como era de se esperar, essa especificação provou ser capaz de aguentar uma rotina pesada de uso. Durante nossa análise, executamos vários aplicativos simultaneamente e não percebemos qualquer atraso de transição ou lentidão no sistema operacional. Google Chrome, Facebook, WhatsApp, Gmail, Spotify, YouTube, TecMundo, Baixaki e muitos outros apps foram abertos e mantidos em operação sem que o smartphone sofresse para executá-los.
O celular da HTC também deu conta, e com folga, de rodar alguns dos games mais recentes e exigentes disponíveis na Google Play, como Mortal Kombat X, Terminator, FIFA 15 Ultimate Team e Real Racing 3.
Benchmarks
Como de costume em nossas análises de smartphones, submetemos o aparelho a uma bateria de testes de benchmark. Nos gráficos comparativos, colocamos os resultados do HTC One M9 ao lado daqueles encontrados em alguns dos top de linha das marcas concorrentes. Entre esses aparelhos, estão o Samsung Galaxy S6, o Motorola Moto Maxx, o LG G4 e o Sony Xperia Z3.
Aproveitamos para fazer uma relevante observação: na hora de comparar um modelo com os demais, não indicamos levar em conta apenas os dados presentes nas ilustrações abaixo. Obviamente, desempenhos maiores nesses benchmarks significam que um determinado aparelho é melhor em uma tarefa específica ou outra. Contudo, na maioria das vezes, as diferenças apresentadas nesses testes não são percebidas no dia a dia.
Precisamos ainda comentar brevemente sobre a metodologia usada. Basicamente, o dispositivo foi mantido conectado à fonte de alimentação durante todos os procedimentos. Além disso, ele foi reiniciado antes de cada um dos testes, visando encerrar todo e qualquer processo que pudesse estar em segundo plano e que pudesse afetar a performance.
Confira a seguir os gráficos com os comparativos, sendo que, em todos eles, quanto maior a numeração, melhor o desempenho apresentado.
Bateria
Junto com a câmera, a bateria de 2.840 mAh do One M9 foi um dos recursos mais criticados quando o dispositivo chegou às prateleiras. Mais uma vez, a companhia taiwanesa ouviu as reclamações e procurou sanar o problema com mais uma atualização. Novamente, as alterações realizadas, aparentemente, foram bem-sucedidas.
Após nossa experiência com o celular da HTC, concluímos que a bateria dele está dentro dos padrões dos smartphones premium da atualidade. De maneira geral, uma carga diária é suficiente para manter o dispositivo em operação por 24 horas. Claro, o tempo que você permanece longe da tomada depende do seu perfil de uso.
Para mensurar isso de maneira mais clara, executamos o teste de autonomia do benchmark PCMark. O HTC One M9 obteve um resultado de 5 horas e 29 minutos, sendo melhor do que o Galaxy S6 (4h48), mas pior do que o Moto Maxx (6h18). Em outras palavras, a autonomia dele está dentro do esperado.
Interface e aplicativos
A HTC também se empenhou em oferecer softwares variados para facilitar a rotina dos donos do seu smartphone. Por exemplo, a galeria de imagens, que conta com efeitos de transição executados a partir de “pinçadas” na tela, é complementada pelo app Zoe. O aplicativo combina fotos e vídeos para formar montagens inclusive com trilha sonora. Depois é só você compartilhar suas obras com amigos.
O BlinkFeed e a Sense Home são mais funções que chamam atenção. Os programas são capazes de aprender seu comportamento e rotina, trazendo notícias e indicações de estabelecimentos com base nos seus interesses e localização. Assim, por exemplo, perto do horário do almoço o app sugere um restaurante nas proximidades.
Mas o foco da empresa ficou mesmo com a personalização de uso do aparelho. Além de uma homescreen que pode alterar automaticamente atalhos se você estiver em casa ou no trabalho, o One M9 possui uma central para o download de temas, papéis de parede e muito mais. Tudo para que ele fique ainda mais com o seu jeitão.
Vale a pena?
O preço sugerido do HTC One M9 é US$ 649, o equivalente a aproximadamente R$ 2 mil, sem cálculo de impostos e taxas de importação. O valor é condizente com a categoria premium, ficando próximo ao que é cobrado por seus concorrentes, como o LG G4 e o Samsung Galaxy S6. Infelizmente, ele não é encontrado oficialmente no Brasil, o que significa que você teria que importá-lo ou comprá-lo no exterior.
Mais do que o preço, o HTC One M9 possui desempenho de um top de linha. Tanto a performance percebida no uso quanto os resultados em benchmarks provam que ele dá conta de rodar qualquer aplicativo para Android com muita folga.
Sem dúvida, ele é um aparelho qualificado. Tela com boa resolução, sistema de áudio impecável, ergonomia satisfatória e design requintado são apenas alguns de seus atrativos. Se você está disposto a investir pesado em um smartphone, vale a pena colocar este modelo na sua lista de aparelhos a serem estudados.
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