Transformar a maneira como os usuários acessam conteúdo e interagem com a internet. A aposta da Google com o lançamento do Chrome OS e a Chrome Web Store é, sem dúvida, ousada. No entanto isso não significa que, ao menos de imediato, todo esse potencial possa ser colocado em prática.
Em muitos itens, isso parece ser uma questão de tempo. Em outros, além de tempo, será necessária uma completa readaptação por parte dos usuários, que deverão substituir o sentimento de “ter” um aplicativo pela possibilidade de “poder” utilizá-lo a partir de qualquer lugar.
O primeiro passo para essa ideia já está disponível online e pode ser conferido por qualquer usuário que possua o Google Chrome instalado no PC. Trata-se da Chrome Web Store, uma loja de aplicativos nos moldes da Apple que, se num primeiro momento apenas imita o modelo de negócios consolidado pela empresa da Maçã, por outro revela um potencial capaz de transformar a maneira como consumimos informação na web.
Qual dos pontos de vista se sobressairá só o tempo será capaz de dizer. No entanto, enquanto ainda não temos essa reposta, vale a pena explorar o conteúdo que já está disponível e conhecer a proposta da gigante Google. Será que hoje você conhecerá o sistema operacional que usará no futuro?
O padrão Apple: uma página de extensões mais organizada
Antes de tudo, recomendamos que você acesse a Chrome Web Store a partir do navegador Google Chrome. Embora você possa visualizar o conteúdo a partir de outros browsers, você só poderá instalar as extensões e aplicativos utilizando o navegador da Google. É preciso ter ainda uma conta de usuário em qualquer um dos serviços da empresa.
A tela inicial lembra muito a app store da Apple. O modelo de negócios consolidado pela empresa de Steve Jobs para plataformas como o iPhone, iPod Touch e iPad parece definir as características básicas de o que se espera de uma loja de aplicativos online.
Assim, facilidade de acesso ao conteúdo, organização e download e instalação imediatos são pontos herdados do “modelo Apple” de negócios. Porém, sem um sistema operacional disponível, a Chrome Web Store, num primeiro momento, transforma-se apenas em uma versão melhorada da antiga página de extensões do Google Chrome.
Embora com mais opções, nem todas ainda estão adaptadas especificamente para o que seria o modelo ideal do Chrome OS. O resultado é um espaço que muitas vezes se comporta apenas como um intermediário para outras páginas da web ou redes sociais, como o Facebook.
Abas e mais abas
O primeiro aspecto que pesa negativamente contra a Chrome Web Store é a maneira como os aplicativos são executados. Se as extensões eram um grande diferencial pelo simples fato de não requisitarem que o usuário abrisse vários programas em outras abas e janelas, o funcionamento dos novos apps vai de encontro à tendência anterior.
Se você selecionar dois deles para execução, por exemplo, cada um será aberto em uma nova janela. Ou seja, prepare-se para ter dúzias de abas abertas caso você seja um usuário que costuma utilizar mais de um serviço ao mesmo tempo.
A situação pode se tornar incômoda se você somar aos aplicativos as abas convencionais de navegação das páginas que você visita. Se por um lado a proposta futura é de que o sistema operacional seja mais leve, tendo a web como suporte e dispensando a instalação, por outro presume-se que a sua conexão deva ser de boa qualidade, já que o desempenho será sensivelmente prejudicado se ela estiver instável.
Um intermediário para outros serviços
Julgar os primeiros aplicativos disponíveis na Chrome Web Store pode se tornar uma tarefa ingrata em alguns casos. Embora já existam app específicas desenvolvidas para o novo formato, a maior parte do conteúdo é a herdada das extensões tradicionais do Chrome ou adaptado de outras plataformas.
Assim temos a situação curiosa de alguns jogos, como por exemplo o FIFA Superstars. Ao instalar o aplicativo, o que o usuário ganha é um simples atalho para a versão já existente do game no Facebook. Aliás, para se conectar a ele é preciso ter uma conta de usuário da rede social, o que torna a Chrome Web Store uma mera intermediária no processo.
Nos poucos aplicativos desenvolvidos especificamente para o serviço, é possível notar algo diferenciado. É o caso da versão do jornal americano The New York Times. Seu aplicativo foi construído exclusivamente para o navegador e o visual propicia carregamento rápido e melhor organização das informações.
Por outro lado com a chegada da Google +1, rede social da Google que apresentou suas primeiras imagens nesta semana, é bem provável que esse tráfego seja direcionado para um novo ambiente e dispense a utilização de outras contas e redes. No entanto essa é apenas uma suposição, já que pouco se sabe sobre como será o seu funcionamento.
Nesse ponto, integrando uma app store a uma rede social com milhares de usuários, a Google reúne em um só ambiente um conglomerado que pode se tornar um monopólio imbatível: site de buscas, rede social, email e sistema operacional todos de uma mesma empresa.
Incompatibilidade com sistema bancário brasileiro
Além dos aplicativos gratuitos, grande maioria entre os apps da Chrome Web Store, a nova loja virtual da Google também comercializará aplicativos, estimulando os desenvolvedores a serem remunerados com a comercialização do material que produzem.
O sistema já está em funcionamento, mas infelizmente mais uma vez o Brasil fica de fora de um grande lançamento no mundo tecnológico. Mais de 60 países constam na lista dos territórios fiscais dos quais é aceito cartão de crédito. Menos o Brasil.
Assim caso você queira adquirir um dos aplicativos pagos precisará ter um cartão de crédito com endereço fiscal em outro país, algo complicado e inviável para a maioria da população. Não há previsão da inclusão dos brasileiros no sistema. Será que em breve seremos obrigados a utilizar também gift cards para comprar como usuários de outros países?
Potencial para transformar a web
Embora a primeira impressão da Chrome Web Store seja a de que a novidade funcione como um mero recurso estético para organizar a página de extensões, não há como negar o potencial que a plataforma sugere para o futuro.
É fato que no Brasil a maioria dos usuários ainda não possui acesso a uma conexão de qualidade, o que pode ser um empecilho para o desenvolvimento do Chrome OS como sistema operacional prioritário em notebooks, netbooks e tablets.
Contudo é preciso levar em consideração que países como o Brasil não são a prioridade da empresa e um cenário como esse já é perfeitamente possível em países mais desenvolvidos, como os Estados Unidos. Além disso, se projetarmos a popularização de um sistema como esse para os próximos dois anos, é bem provável que a qualidade das conexões no país apresentem melhorias.
Sendo assim, as possibilidades para a nova plataforma são imensas. Com uma rede social integrada e os serviços já consagrados da empresa reunidos em um só lugar, a Google se torna uma ameaça em potencial não só para o Facebook, principal rede social do planeta, mas também para as gigantes Microsoft e Apple, líderes em se tratando de sistema operacional.
Adotar a Chrome Web Store por enquanto como referência na web é algo inviável e pouco prático. Entretanto, vale a pena acompanhar o desenvolvimento do serviço e, principalmente, a repercussão junto aos usuários. Sem dúvida, dentro de alguns anos, o serviço deve se tornar uma plataforma de relevância, impactando diretamente no cotidiano de muitas pessoas.
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O que você achou das novidades apresentadas pela Chrome Web Store? Você acredita que há potencial nela para se tornar uma referência na web em termos de serviços e conteúdo? Participe deixando a sua opinião nos comentários.
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