(Fonte da imagem: Divulgação/FairSearch.org)
Não é fácil viver na internet sem os serviços da Google. Há alguns anos, essa gigante da tecnologia passou de um site de buscas para uma corporação que lida com vídeos, imagens, compras, viagens, gadgets e muito mais. Mas, se você acha isso ruim, imagine como se sentem os concorrentes.
Fora essa onipresença, as empresas que brigam por espaço no mercado contra a Google questionam o funcionamento dos algoritmos utilizados pelo sistema de buscas para ordenar as páginas de resultados. Recentemente, a companhia vem sendo acusada de monopólio, pois ela favoreceria os próprios serviços na hora de destacar os melhores sites.
Nenhuma condenação pesada nessa área já tirou dinheiro ou influência da Google, mas a lista de inimigos não para de crescer. E para conseguir melhores resultados, alguns deles montaram o FairSearch, uma espécie de supergrupo que promete confrontos épicos contra o rival.
Por um mundo mais justo
De acordo com o próprio site, o FairSearch é “um conglomerado de organizações que busca crescimento econômico, inovação e possibilidade de escolha na internet ao promover e defender a competição em buscas online e mobile”.
Em outras palavras, o grupo é uma liga de vigilantes que fica de olho em eventuais falcatruas cometidas por empresas que querem levar vantagem na área de pesquisas na internet. As palavras-chave que descrevem o objetivo do grupo são “transparência” e “inovação” – ou seja, para eles, é melhor que exista um alto número de concorrentes honestos no mercado do que poucos rivais, porém que jogam sujo.
Schmidt diz que a política do Google em várias coisas é ir logo à margem do "assustador".
(Fonte da imagem: Divulgação/FairSearch.org)
Mas o site do grupo deixa claro quem é o grande alvo – e que a perseguição é muito mais pesada do que a sugerida pela descrição da organização. É só analisar as duas postagens mais recentes na página: uma compilação de declarações do cofundador da Google, Eric Schmidt, assumindo a manipulação de resultados, e uma apresentação de slides com todas as acusações contra a empresa ao longo dos últimos anos.
Montando o time dos sonhos
Fundado em 26 de outubro de 2010, o FairSearch é atualmente composto por 17 empresas: os sites de viagem TripAdvisor, Hotwire, Kayak, Expedia e SideStep; as páginas de comércio online Foundem, ShopCity.com, Twenga, Buscapé, TheFind e Allegro; as organizações LEVEL...com, adMarketplace e TravelTech; e as gigantes Oracle, Nokia e Microsoft, que aderiram mais recentemente ao movimento.
O time de elite. (Fonte da imagem: Divulgação/FairSearch.org)
Cada um dos membros do FairSearch tem um motivo para querer o Google fora da jogada – ou ao menos vê-lo enfraquecido. O Buscapé, por exemplo, até já processou a rival exigindo igualdade de competição por causa do Google Shopping. Para a Microsoft, as vantagens são ainda maiores: atacar um concorrente sem utilizar o próprio nome, já que as declarações partem do conglomerado.
A crítica mais recente, por exemplo, envolve uma denúncia à União Europeia sobre privacidade e o monopólio da Google no mercado de dispositivos móveis. O Android foi acusado de “ser um cavalo de troia”, já que obriga você a contar com aplicativos da empresa, e de “fazer distribuição predatória” do sistema operacional, com a venda massiva de smartphones de baixo custo.
Quem disse que seria fácil?
Se não falta vontade por parte do FairSearch para derrubar o Google, não se pode dizer o mesmo do público-alvo da organização – ou seja, todo o resto da internet. Até o momento, apesar de lutar para levar a guerra contra a empresa para um nível mundial, o grupo não obteve resultados expressivos, pecando principalmente em popularidade.
A conta do FairSearch no Twitter tem menos de 950 seguidores. Os dois vídeos postados no YouTube foram vistos menos de 2 mil vezes. Só a página do Facebook teve relativo sucesso, com mais de 4 mil curtidas – mas o mural é ofuscado por uma mensagem recente de um sujeito que pergunta “se essa porcaria ainda existe”.
Fiasco no YouTube. (Fonte da imagem: Divulgação/YouTube)
Além disso, o conteúdo das acusações volta e meia é questionado. Quem garante que o discurso é realmente válido, e não apenas um ataque gratuito da Microsoft, por exemplo? Críticos ainda afirmam que, em vez de gastar tanto tempo buscando esse combate, a organização deveria se preocupar mais em criar produtos de qualidade para competir de igual para igual contra a Google.
Os ataques exagerados e muitas vezes superficiais também não são vistos com bons olhos – há quem acredite que o FairSearch, em vez de prestar um serviço à comunidade virtual, está só atirando para todos os lados sem pensar, só esperando que um argumento funcione.
...
Apesar das dificuldades enfrentadas, o FairSearch não vai parar enquanto não presenciar o enfraquecimento da Google. A questão é se isso algum dia realmente vai acontecer, já que o império do buscador parece cada vez mais consolidado na internet.
Ou pior: será que as companhias que formam o conglomerado não tomariam atitudes semelhantes (ou ainda piores) se estivessem no poder?
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