Quem acompanha o mundo do hardware de perto sabe que muitas fabricantes costumam lançar versões atualizadas de determinados produtos, geralmente, com o objetivo de corrigir eventuais problemas e, no fim, oferecer um dispositivo mais robusto ao consumidor.
Muitas marcas adotam esta prática, algo que normalmente não é percebido por quem compra. As lojas que vendem tais produtos informam nos anúncios quando um determinado produto é revisado, adicionando no anúncio a versão (v2, v3) que é comercializada atualmente.
Agora, você deve estar se perguntando, se tudo isso é normal e quem lucra com isso é o público, qual é o problema? Bom, conforme um artigo completo publicado no site Hardware.info, a Gigabyte está logrando os consumidores, ao lançar novas revisões que são “inferiores” (trazem menor número de componentes ou recursos limitados) ao modelo original.
A artimanha foi notada quando um usuário do fórum do site internacional perguntou sobre as diferenças de revisões das placas da Gigabyte. Ao perceber que havia uma grande discrepância entre um produto e outro, uma equipe especializada se prontificou a conferir de perto todas as diferenças de especificações, componentes e desempenho — com testes práticos.
Repetindo o truque
O pessoal da Hardware.info realizou apenas duas comparações nos produtos da Gigabyte, mas é suficiente para ver que a fabricante vem se aproveitando do mercado. Basicamente, a marca lança produtos inferiores, que custam menos para fabricar, e vende com os mesmos preços, já que lojistas e consumidores têm a ideia de que se trata de algo mais recente e potente.
Tanto a placa-mãe B85M-D2V quanto a B85M-HD3 trazem diferenças significativas em suas revisões mais recentes. Vamos ver o que mudou nesses dois casos:
B85M-D2V Rev 1.1
- 3 MOSFETs para todas as 3 fases no sistema de alimentação da CPU
- Suporte para dual BIOS
- Controlador adicional ASMedia próximo a porta HDMI
B85M-D2V Rev 2.0
- 2 MOSFETs por fase no sistema de alimentação da CPU
- Suporte para BIOS única
- Não tem o controlador adicional ASMedia próximo a porta HDMI
- Menor número de componentes SMD próximo ao chip de áudio
- Menor número de componentes próximo ao chipset
B85M-HD3 Rev 1.0
- Controlador MLP: ISL95820
- Controlador MLP de 4 fases
- MOSFETs do tipo NTMFS4C06
- Corrente nos MOSFETs: 69 A
- MOSFETs por fase: 3 por fase
- Gate driver por fase: máximo 4
- Configuração TURBO padrão: Enhanced Turbo
B85M-HD3 Rev 2.0
- Controlador MLP: ISL95812
- Controlador MLP de 3 fases
- MOSFETs do tipo NTMFS4C08N
- Corrente nos MOSFETs: 52 A
- MOSFETs por fase: 2 por fase
- Gate driver por fase: máximo 2
- Configuração TURBO padrão: Intel Spec Turbo
O Hardware.info até cogitou a questão de que a Gigabyte tivesse bolado novas arquiteturas equivalentes com componentes diferentes, o que até possibilitou a eliminação de alguns elementos. Entretanto, para tirar prova, o site realizou alguns testes com as diferentes revisões da placa B85M-HD3 (as configurações de processador e demais itens eram idênticas).
Conforme você pode ver acima, a nova versão da placa-mãe apresenta desempenho inferior em quase todos os quadros. Além disso, a nova placa trabalha com temperaturas mais elevadas e não consegue gerenciar muito bem os recursos do processador em condições de estresse.
Os componentes da revisão 2.0 “sufocaram” o desempenho do Intel Core i7-4770k em tempo inferior ao que era visto na revisão 1.0, o que, de certa forma, comprova que não houve melhorias como era de se esperar de uma versão atualizada do produto.
Moral da história
Com todas as cartas na mesa, temos a certeza de que a Gigabyte está, de certa forma, passando a perna no consumidor. É claro que a empresa não promete em lugar algum manter todos os itens de hardware em novas revisões, mas é no mínimo difícil de engolir que a companhia remove alguns recursos e sacrifica o desempenho nos novos produtos.
As placas mais recentes que foram testadas apresentam as mesmas especificações (slots PCI-Express, compatibilidade de processador, etc.) que suas antecessoras, porém o consumidor não deveria ser prejudicado e acabar levando “gato por lebre” se considerar que estamos tratando de produtos mais recentes e que, teoricamente, deveriam ser mais robustos.
A Gigabyte ainda não se pronunciou sobre o caso. Aguardamos uma boa explicação!
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