Nós comentamos aqui no TecMundo que, para os norte-americanos, os carros autônomos são mais confiáveis se forem feitos por uma empresa de tecnologia em vez de uma montadora tradicional – mesmo que essas estejam “liderando” a corrida pela produção desse tipo de veículo. A GM parece não ter dado a mínima para essa pesquisa e resolveu sacar sua arma e aponta-la diretamente para um concorrente improvável: o Model 3, da Tesla.
A arma em questão é o Chevrolet Bolt, um pequeno carro elétrico que a gigante automotiva norte-americana vai lançar em setembro deste ano e que concorre diretamente com o compacto da empresa de Elon Musk. Não bastasse os períodos de lançamento das duas marcas coincidirem, a GM afirma que está adiantada no seu cronograma de construção de estoque e treinamento.
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O ponto é que, pouco antes do anúncio das novidades sobre o Bolt, o próprio gênio, bilionário, playboy e filantropo Musk resolveu usar o Twitter para lembrar a todos que a Tesla surgiu em 2003, quando a General Motors foi obrigada a fazer um recall de seus primeiros modelos elétricos e tritura-los em um ferro velho.
Few people know that we started Tesla when GM forcibly recalled all electric cars from customers in 2003 & then crushed them in a junkyard
— Elon Musk (@elonmusk) June 9, 2017
Não parou por aí: “Isso foi feito contra a vontade de seus proprietários, que seguraram velas em uma vigília a noite toda em protesto à morte de seus carros”, explicou. Para finalizar, concluiu a lógica ao dizer que, já que todas as montadoras estavam abandonando seus programas de veículos elétricos naquele momento, ele viu que era a única oportunidade de, bem criar a sua própria companhia de veículos elétricos.
They was done against the will of their owners, who held a candlelight vigil all night to protest the death of their cars
— Elon Musk (@elonmusk) June 9, 2017
Since big car companies were killing their EV programs, the only chance was to create an EV company, even tho it was almost certain to fail
— Elon Musk (@elonmusk) June 9, 2017
Existe um pequeno detalhe de que a Tesla foi fundada antes da decisão da GM em acabar com o EV1, como era chamado, mas, ainda assim, a treta foi plantada.
Por outro lado, a gigante de Detroit não se deixou abalar e resolveu responder com outro movimento: a produção de 130 Bolts não apenas elétricos, mas autônomos também, que vão se juntar a outros 50 que já estão sendo testados e deverão ajudar a compor uma frota planejada de 300 unidades do veículo.
A CEO da companhia, Marry Barra, foi categórica ao afirmar que a GM se tornou, até agora, a única empresa a montar veículos autônomos em uma planta de produção em massa – mesmo que essa afirmação não seja totalmente verdadeira, já que a Tesla conta com software de direção autônoma em todos os seus veículos que saem da fábrica de Fremont desde outubro do ano passado.
Além disso, os Bolt que estão sendo testados não são 100% autônomos: eles contam com esse modo de direção, mas precisam de um motorista sempre a postos para assumir caso seja necessário – o que o coloca mais no campo dos semiautônomos.
De qualquer forma, a ideia da General Motors é colocar todas as unidades para testes exaustivos pelas ruas de San Francisco e mais três cidades. Todos os Bolts autônomos são equipados com uma estrutura de sensores que inclui LiDARs, câmeras, lasers e outros hardwares. A parte de software fica a cargo da Cruise Automation, empresa com a qual a montadora fechou uma parceria no ano passado.
Seja uma cutucada na Tesla ou uma demonstração de potencial de produção, podemos dizer que, agora sim, a corrida dos autônomos e elétricos começou pra valer nos Estados Unidos.
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