Veja dicas de como conseguir capturar as estrelas no céu com o máximo do seu brilho! (Fonte da imagem: Ben Canales)
Um grande desafio para fotógrafos iniciantes é capturar boas imagens do céu à noite, já que para isso é preciso um conhecimento técnico de configurações como ISO, exposição e abertura. Porém, esse desafio aumenta ainda mais quando o objetivo da fotografia é destacar as estrelas de uma forma especial, criando o que alguns profissionais da área têm chamado de “astrofotografia”.
Esse nome geralmente era usado para descrever tanto as imagens tiradas no espaço por satélites, quanto fotos batidas em terra por câmeras adaptadas com equipamentos de observação espacial, porém, mais recentemente, o conceito foi expandido. Atualmente, não é preciso um equipamento muito avançado para capturar uma imagem de um braço da Via Láctea, por exemplo, e isso pode ser mais fácil do que parece.
É possível fotografar a Via Láctea com câmeras semiprofissionais, sem precisar de lentes especiais (Fonte da imagem: Ben Canales)
Para fazer isso, é preciso um conjunto de fatores como local e condições meteorológicas, além de uma boa dose de paciência, mas os resultados valem a pena. Os equipamentos necessários são um tripé, se possível um controle de disparo remoto (contudo, isso não é obrigatório) e uma câmera que tenha ajustes manuais de ISO, exposição, abertura e foco. Se você possuir uma máquina dSLR e várias lentes à disposição, prefira as grande e médias angulares, entre 10 e 20 mm.
Passo 1 - A escolha do local e da data
Apesar de ser possível fotografar algumas estrelas no quintal de casa, se você quiser realmente capturar uma imagem que mostre o céu como ele é de verdade, é preciso se distanciar da cidade, já que a luz das casas e postes nos impede de enxergar isso. Quanto mais afastado e escuro o local for, melhor, mas é preciso tomar cuidados com a segurança também!
Escolha um local já conhecido e que tenha uma vista ampla, como um campo aberto ou um lugar alto, por exemplo, o topo de uma montanha. Se for preciso, acampe por lá durante a noite para conseguir imagens de diferentes momentos da madrugada. Veja também se as cidades em volta não iluminam demais o horizonte, pois isso pode prejudicar as imagens. Se for preciso, aponte a câmera para um ponto no qual não existam cidades ou fontes de luz ao longe.
Evite o brilho das cidades próximas e, em último caso, abrace isso como parte da paisagem (Fonte da imagem: Ben Canales)
Tão importante quanto escolher um bom local é decidir a data da captura, pois se você quiser fazer isso em um dia nublado, por exemplo, não será possível enxergar muito, já que as nuvens ficarão na frente das estrelas. O ideal é um céu aberto, portanto olhe a previsão meteorológica para a região antes de sair de casa. Não desanime se você precisar mudar de planos de última hora, pois é melhor adiar a sessão de fotos do que se frustrar com o resultado.
Outro detalhe importantíssimo, e que é preciso observar, é a fase da Lua. Se você quiser fotografias melhores, priorize as noites de Lua nova, minguante ou crescente, quando ela está menos brilhante. A Lua cheia ilumina muito o céu e isso faz com que o seu brilho atrapalhe a captura de imagens das estrelas. Tenha isso em mente ao escolher a data da sua saída fotográfica!
Esse brilho não é o sol, e sim a iluminação de uma cidade combinada com as nuvens, que agem como difusores de luz no céu (Fonte da imagem: Ben Canales)
Passo 2 - Reconhecimento do céu
Você escolheu um local sem iluminação artificial próxima, plano e alto, em um dia que o céu está sem nuvens, mas chegando lá não conseguiu ver as estrelas, como é possível ver nas fotografias. Não se desespere, isso é normal! O olho humano não consegue enxergar o céu como em imagens de longa exposição, então precisamos de uma ajudinha da tecnologia para reconhecer o céu à nossa volta e saber para onde apontar as lentes.
Existem dois meios de fazer isso, e é recomendado fazer os dois. O primeiro é estudar um pouco a região antes de sair de casa, para saber o que é possível enxergar no céu naquele ponto. Sites com mapas das estrelas podem ajudar, e um conhecimento básico de astronomia é de grande utilidade.
Com um conhecimento básico de astronomia, é possível conseguir boas imagens como essa! (Fonte da imagem: Brett Sargeant)
Já no local, você pode usar um aplicativo no seu telefone para conseguir ver o que pode ser fotografado de especial na região. Se você tem um iPhone ou iPad, use o Star Walk, e se você possui um Android, pode usar o Google Sky Map. Aponte o seu telefone para o céu e os dois aplicativos mostram informações sobre o que você está vendo!
Depois de fazer isso, é a hora de testar o enquadramento com a câmera, usando-a como um “olho avançado” para fazer a observação. Tire fotografias de teste, mudando o ângulo e a posição da câmera para tentar achar uma boa composição. Não se preocupe tanto com o resultado agora, essas fotos são apenas uma prévia.
Não se preocupe com a qualidade das imagens ainda, só é preciso encontrar o enquadramento correto (Fonte da imagem: Ben Canales)
Os ajustes da câmera nessa hora devem priorizar a entrada de luz, portanto coloque o ISO no máximo, abra o diafragma o quanto puder e escolha a maior exposição antes do modo Bulb. Coloque a máquina no tripé e escolha o foco manual ajustado para o infinito (se isso não funcionar, aproxime o foco lentamente até achar o ponto certo).
Uma dica é usar o temporizador com 2 ou 10 segundos (de acordo com a possibilidade da sua câmera) para que, quando você aperte o disparador, o leve movimento que isso gera não afete a foto. Com o controle remoto isso não é necessário, pois nem é preciso encostar na máquina para disparar a foto.
Veja as imagens de teste e escolha uma posição no céu que mostre o máximo possível de estrelas e fuja do brilho das cidades por perto (a menos que isso faça parte da composição). Ajuste o alinhamento do tripé para deixar o horizonte reto e agora você está pronto para a captura das imagens. Não se apresse nesse segundo passo, teste todas as possibilidades antes de continuar.
Passo 3 - Tudo pronto para fotografar
Resultados assim são obtidos com muitas tentativas e treino! (Fonte da imagem: Ben Canales)
Você está no local ideal, com um céu limpo e um bom enquadramento. Mais da metade do trabalho já foi feito, agora é só não perder o foco (ou a paciência) na reta final. Antes de continuar, configure a sua câmera para o modo RAW, se isso for possível, para que você tenha uma imagem totalmente editável posteriormente. Se a sua câmera não possui essa opção, escolha a maior qualidade e tamanho possíveis.
As configurações da câmera não variam tanto dos disparos de teste para esse. A abertura continua sendo a máxima possível e não é necessário mexer no foco. O balanço de cores pode ser ajustado para o modo semimanual, aquele que você escolhe um dos ajustes pré-programados. Normalmente, o modo "daylight" (esse nome não é fixo, cada câmera tem uma nomenclatura), aquele que possui o ícone de um sol, deve funcionar bem.
Você pode usar elementos da paisagem para compor a cena criativamente, como esse celeiro foi usado (Fonte da imagem: Doug Klembara)
O ISO deve ser diminuído do que foi usado nos testes, para evitar uma fotografia muito pixelada ou clara demais. Escolha um valor entre 2000 e 4000, se a noite estiver totalmente escura, ou procure um valor menor (acima de 800, no entanto) se houver iluminação suficiente. Como você vai tirar mais do que uma foto, experimente valores diferentes para variar.
O ajuste mais importante agora é a abertura, pois isso define que tipo de foto noturna você vai obter. Como você sabe a Terra não está parada e isso faz com que, para nós, as estrelas pareçam estar se movendo. Se a exposição for muito longa, esse movimento vai ser aparente nas imagens, portanto é preciso calcular o tempo máximo através de uma conta simples.
Com exposições muito longas, as estrelas fazem um trajeto no céu e parecem estar caindo (Fonte da imagem: Ben Canales)
Você precisa pegar o valor da distância focal usada e dividir o número 600 por ele. Por exemplo, se você estiver usando a lente em 20 mm, faça 600/20 e o tempo resultante será 30 segundos. Quanto menor o valor da distância focal, mais tempo de exposição máxima você terá e, por consequência, poderá usar um ISO menor, aumentando a qualidade da fotografia. O único problema é a distorção característica das lentes grande angular, portanto tente usar o valor mínimo de 10 mm (máximo de tempo = 60 segundos).
Se você não possui um disparador remoto, trabalhar com exposições maiores do que 30 segundos é inviável, tendo em vista que você teria que ficar segurando o botão no modo Bulb e isso provocaria movimento na foto. Com um controle remoto, é possível trabalhar com valores altos e conseguir resultados incríveis, inclusive do movimento das estrelas. E lembre-se: quanto maior o tempo, menor o ISO. Faça testes e encontre o balanço ideal!
Esse tutorial foi baseado nas dicas de como fotografar o céu estrelado feitas por Ben Canales, fotógrafo especializado nesse tipo de captura de imagem e ganhador de um prêmio de fotografia da National Geographic em 2011. Para conhecer melhor o trabalho dele, acesse o seu flickr e o seu site, no qual você encontra mais dicas como essas e muitas fotografias inspiradoras. Veja mais fotos incríveis como essas na galeria a seguir:
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