(Fonte da imagem: Reprodução/Adobe)
Cerca de 15 anos atrás, a internet era colorida e fantasiosa, repleta de páginas animadas com a mais avançada tecnologia da Macromedia: o Flash.
Tecnologia, negócios e comportamento sob um olhar crítico.
Assine já o The BRIEF, a newsletter diária que te deixa por dentro de tudo
Era um tempo em que a capacidade de um web designer era testada pela quantidade de itens e elementos interativos que ele conseguia colocar em um website.
De lá pra cá, o famoso plugin de animação para navegadores se popularizou de uma forma tremenda e sofreu várias modificações em sua caminhada. Hoje, este software está instalado em diversos computadores para poder rodar vídeos no YouTube.
Ocorre, no entanto, que o plugin, que um dia foi genial, agora dá dores de cabeça e está sendo abandonado em diversos sites e dispositivos. Afinal, o que aconteceu? O Flash é um verdadeiro vilão para o seu PC? Neste artigo, vamos falar sobre as qualidades e os defeitos que estão levando o software para um buraco sem fim.
Um problema que já vem de tempos
O Flash sempre foi muito bem visto pelos designers, principalmente por ser uma tecnologia simples para trabalhar com animações. O software possibilitou o surgimento de alguns dos mais belos sites da web e todos já ficaram encantados com uma ou outra página.
AmpliarOs sites mais bonitos e interativos (Fonte da imagem: Reprodução/Infinity Oz)
Não bastassem os efeitos e as incríveis interações nas páginas, o programa deu chance para que muita gente entrasse de cabeça no mundo dos games. Quem nunca jogou um game feito em Flash? Todo mundo jogou! Games bem desenhados, muito divertidos e de fácil entendimento.
Apesar disso, muita gente também passou raiva. Antes, na época da internet discada, cada jogo em Flash demorava 30 minutos ou mais para carregar. Não só isso: em uma época em que Pentium 100 e seus familiares reinavam, muita gente não tinha uma máquina capaz de executar os games com bom desempenho.
Às vezes, um joguinho mais leve funcionava, mas aí, por algum infortúnio do destino, o plugin do Internet Explorer simplesmente apresentava uma mensagem de erro. Nesses casos, era preciso recarregar a página, porém não adiantava espernear, pois todo o progresso era perdido.
(Fonte da imagem: Tecmundo/Baixaki)
Naquele tempo, as atualizações não eram constantes, mas um ou outro elemento de uma página necessitava de uma versão mais recente e demorava um bocado para baixar e instalar o programa. Essa folia de updates dura até os dias de hoje.
Uma tecnologia para alguns dispositivos
Ainda que funcione (ou devesse funcionar) nos computadores, o Flash nunca foi uma tecnologia abrangente. Diferente do Java, o programa que hoje é da Adobe era restrito às pessoas que usavam PCs e devemos notar que ele nem sempre foi muito fácil de usar em qualquer sistema operacional e em qualquer navegador.
Claro, a Macromedia não tinha e a Adobe não tem obrigatoriedade alguma de levar seu produto para todo e qualquer dispositivo, mas é importante notar que essa tecnologia sempre foi excludente.
(Fonte da imagem: Reprodução/Google Play)
Pensando nos gadgets que foram surgindo a partir da virada do século, podemos ver que o Flash também não quis se espalhar. A maioria dos celulares nunca teve sequer um raio de esperança. As TVs inteligentes também não foram premiadas com o plugin, apesar de que algumas até possuem compatibilidade com alguma versão antiga.
Algumas empresas, por outro lado, sabendo da enorme encrenca que o Flash pode causar, resolveram recusar as animações interativas e os joguinhos. O iPhone nunca foi compatível. O Android rodava o Flash até uma época, mas não demorou para abandonar o software.
Nem todo mundo pode aproveitar o Flash
Ao longo dos anos, sistemas, softwares e navegadores receberam uma série de melhorias visando atender às necessidades de pessoas com deficiências visuais e motoras. Plugins e programas inteligentes possibilitam que o computador leia um texto da web e transforme o visual em material audível.
O Adobe Flash até pode contar com arquivos de áudio e ferramentas para essas situações, mas nem todo web designer planeja esse tipo de coisa. Devido ao arquivo-fonte ter um tamanho específico de funcionamento, poucos profissionais programam um site com Flash com recursos para alterar do tamanho de fonte, algo que pode ser útil para pessoas com dificuldades visuais.
Software já tem tecnologia, mas poucos usam (Fonte da imagem: Reprodução/Adobe)
O software que cria animações incríveis e belíssimas até evoluiu e incorporou recursos inteligentes que possibilitam a navegação através de comandos de voz, algo muito útil para pessoas que não podem usar um mouse, mas nem todos sabem programar sites com essas funcionalidades e poucos sites contam com essas ferramentas.
Problemas gerais
Os problemas não param por aí. Se você é um web designer e pretende criar um site para um cliente, pode ser interessante pensar um bocado antes de optar apenas pelo uso do Flash. Devido à falta de linhas de código e textos interpretáveis por sistemas de buscas, páginas que usam esse tipo de tecnologia acabam não sendo legíveis para o Google e demais buscadores.
Sim, é possível incluir palavras-chave no código HTML e se aproveitar de alguns links, mas, se um determinado conteúdo importante é colocado em Flash, você acaba perdendo uma grande oportunidade de divulgação devido à sua escolha por uma tecnologia incompreensível para os buscadores. A Google otimizou seus recursos e até consegue ler alguns textos em Flash, mas ainda está longe da praticidade de uma página comum.
(Fonte da imagem: Reprodução/Shawebdesign)
O Flash também tem problemas com comandos dos navegadores. Não há muitas páginas compatíveis com as funções “Avançar”, “Retroceder”, “Copiar” e “Colar”. Geralmente, os arquivos com essa tecnologia deixam o usuário com opções básicas de navegação, sendo sempre necessário passar por todo um script para chegar a um determinado local. No fim, acaba sendo elegante e complicado.
O Flash parou de responder
Para finalizar, queremos ressaltar os tantos problemas que o programa apresenta no dia a dia com os atuais navegadores. Não importa o sistema ou o navegador que você utiliza, é bem provável que alguma vez na sua vida o plugin (seja o do Firefox, do Internet Explorer ou do Google Chrome) já tenha travado.
Talvez por problemas de mau uso ou quem sabe por defeitos da própria tecnologia, o Adobe Flash é sim um vilão que come muita memória RAM, pode dar trabalho para o processador e acaba dando muitas dores de cabeça com a necessidade de recarregar todos os conteúdos que estavam abertos no navegador.
Acontece quase todo dia no YouTube... (Fonte da imagem: Reprodução/YouTube)
Nos sistemas Linux, nem todos conseguem instalar o programa com facilidade e as alternativas existentes não suprem todas as necessidades. Dependendo da máquina, o plugin oficial não funciona com perfeição e acaba engasgando em diversas situações. Infelizmente, é um software com diversos defeitos que somos obrigados a utilizar.
Apesar de tantos problemas, não será tão fácil nos livrarmos do Flash. Mesmo com o HTML5 chegando com força total, o software da Adobe não será abandonado da noite para o dia. Claro, ainda que seja uma pedra no sapato, no dia em que o plugin se for definitivamente, ele vai deixar saudades — mas, até lá, vamos torcer para que esse dia chegue logo.
Fontes