Se você é o tipo de pessoa que não tem estômago para os vídeos de violência explícita que muitas vezes circulam pelos feeds do Facebook, vai gostar de saber que a rede social começou a aplicar avisos sobre esse tipo de postagem na rede social. Os alertas impedem que as gravações sejam reproduzidas automaticamente e informam aos usuários que o conteúdo compartilhado pode “chocar, ofender e indispor” pessoas mais sensíveis.
O Facebook confirmou que a medida vem sendo implantada desde dezembro e que ela inclui também a introdução de um filtro que impede que vídeos e fotos visualmente impressionantes sejam exibidos para qualquer usuário que tenha se identificado como menos de 18 anos. A ação é consequência de uma controvérsia de longa data, reforçada em agosto de 2014 – quando circularam na rede imagens mostrando cabeças espetadas em varetas na Síria.
Entre as primeiras postagens afetadas pela nova política então os arquivos enviados que contém gravações da morte do policial Ahmed Merabet em Paris. No vídeo em questão, é possível ver o momento em que o oficial é atingido por tiros disparados por um dos envolvidos nos desdobramentos dos ataques à revista Charlie Hebdo.
Um passo pelas crianças
As regras do Facebook proíbem a postagem de material “compartilhado por prazer sádico ou para celebrar ou glorificar a violência”, mas também permitem que sejam mantidas online notícias e “imagens informativas” contendo decapitações e outros tipos de assassinado. Como a empresa permite que crianças a partir de 13 anos de idade se cadastrem na rede social, a questão da violência vem gerando vários debates nos últimos anos.
A companhia informou que as medidas se aplicam a materiais visuais que tenham sido reportados pelos usuários e cuja postagem seja considerada irresponsável. “Quando as pessoas compartilham coisas no Facebook, esperamos que elas o façam responsavelmente – inclusive escolhendo quem vai ver o conteúdo. Também pedimos que os usuários avisem o seu público sobre o que estão prestes a ver”, afirmou uma representante da empresa à BBC.
Segundo Will Gardner, chefe da Childnet International – organização que faz parte do quadro conselheiro do Facebook –, a atitude é um bom passo para ajudar a proteger o público. “Temos que reconhecer que as pessoas nem sempre se inscreve com sua idade verdadeira, e devemos estar atentos a isso. Mas é importante que medidas sejam tomadas para defender as pessoas de ter que ver conteúdos incômodos a que não desejariam se expor”, disse.
Achou pouco?
Ainda assim, o psicólogo Arthur Cassidy, da organização de prevenção de suicídios Yellow Ribbon Program, afirma que a rede social deveria implementar uma eliminação completa de vídeos e fotos com violência extrema. “No fim das contas, mensagens de alerta não vão impedir que os jovens vejam materiais desagradáveis e psicologicamente danosos. Sabemos que, se falarmos ‘não faça isso’, eles ainda vão querer fazê-lo”, ressalta.
Para ele, a disponibilidade desse tipo de conteúdo pode inclusive disseminar uma aceitação das práticas violentas entre os jovens suscetíveis. “Isso tem o potencial de influenciar comportamentos inapropriados naqueles que tiverem tendências a se tornarem agressores”, pontuou.
De acordo com a representante do Facebook, os engenheiros da empresa continuam buscando métodos para melhorar as medidas implantadas. Entre novidades vindouras podem estar o acréscimo de alertas a vídeos relevantes vindos do YouTube, o que ainda não foi possível fazer, além da inserção de avisos sobre fotos perturbadores que ainda estão disponíveis para usuários adultos.
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