Um tribunal antiterrorismo no Paquistão condenou um homem à morte sob suspeita de ter blasfemado em comentários feitos no Facebook. As informações são da BBC e da agência de notícias Reuters. A notícia foi confirmada nesta segunda-feira (12) por Shafiq Qureshi, promotor público do governo do primeiro-ministro Nawaz Sharif, que destacou que essa é a primeira vez que a pena de morte é aplicada em um caso envolvendo redes sociais.
O homem em questão se chama Taimoor Raza e tem 30 anos. De acordo com o promotor, Raza foi preso "após ser pego blasfemando e divulgando material de ódio em seu celular em uma parada de ônibus na cidade de Bahawalpur, onde um agente antiterrorista o prendeu e confiscou seu telefone". O irmão de Raza afirma ao jornal The Guardian que ele se envolveu em um debate no Facebook de um usuário, que mais tarde revelou ser funcionário do departamento antiterrorismo paquistanês.
O irmão de Raza afirma que ele se envolveu em um debate no Facebook de um usuário, que mais tarde revelou ser funcionário do departamento antiterrorismo paquistanês
Além disso, o advogado de defesa de Raza contou que as acusações iniciais eram limitadas a insultos mais brandos, que trazem uma pena máxima de 2 anos de prisão. No entanto, "atos depreciativos contra o profeta Maomé", suas esposas e companheiros foram descobertos mais tarde, o que causou a sentença de Raza à pena de morte. Ele poderá apelar da decisão para o Tribunal Superior do Paquistão e para o Supremo Tribunal.
Em nota, um porta-voz do Facebook lamentou a decisão da Justiça. "Estamos profundamente entristecidos e preocupados com a sentença de morte definida no Paquistão por causa de uma publicação no Facebook. O Facebook utiliza sistemas poderosos para manter seguras as informações das pessoas e ferramentas para manter suas contas a salvo, e não fornecemos a nenhum governo acesso direto aos dados dos usuários. Continuaremos protegendo nossa comunidade de uma intervenção governamental desnecessária ou excessiva".
Histórico
Recentemente, o governo do Paquistão criticou a blasfêmia online. Em março, o primeiro-ministro ordenou a proibição de conteúdo blasfemo, alertando que o governo poderá bloquear permanentemente sites e redes sociais se as empresas "se recusarem a cooperar" em casos de investigação de blasfêmia.
Blasfêmia é um assunto bastante delicado no Paquistão, país de maioria muçulmana. Segundo as leis de lá, insultar o profeta Maomé é considerado um crime capital; até mesmo meras acusações são suficientes para causar alvoroço em massa e clamores por justiça. Segundo um relatório da Al Jazeera, desde 1990, foram registradas no Paquistão 68 mortes relacionadas a alegações de blasfêmia.
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