Ainda é estranho sentar para descansar no sofá da empresa e acompanhar uma partida profissional de Counter-Strike: Global Offensive passando em plena televisão a cabo. Ou ainda ligar a TV em casa para assistir um pouco de DotA 2 ou Call of Duty: Black Ops 3 em outros canais esportivos brasileiros. Eu pedi por isso por anos como um entusiasta das competições de games, mas ainda não me parece algo intuitivo ou normal dentro da minha rotina. O eSport ainda é uma peça tentando se encaixar no quebra-cabeça da televisão nacional.
Mas é incrível ver iniciativas no próprio Brasil que abracem o público faminto e apaixonado pelos campeonatos de games. Bandsports, Esporte Interativo e ESPN já mobilizaram suas programações para cobrir as principais competições no Brasil e no mundo. E, ao contrário do que muitos acham, não é o eSport que precisa da televisão. Não mais.
É a televisão que precisa do eSport.
Mundial de League of Legends já atrai milhões de apaixonados em eventos locais e transmissões pela internet
Segundo os recentes estudos da SuperData, o eSport já atingiu 188 milhões de pessoas ao redor do mundo só em 2015, e os estudantes universitários representam a metade do público faminto por esse gênero. O crescimento do TwitchTV já surpreende ao mesmo ponto, atingindo 1 milhão de usuários simultâneos no mesmo ano entre as transmissões ao vivo de grandes campeonatos e celebridades gamers.
Este é o público jovem que deixou de assistir à programação normal dos canais de televisão para acompanhar os seus campeonatos e jogadores favoritos pela internet. A mesma audiência que só usa o aparelho para assistir à Netflix e usar o ChromeCast com a melhor qualidade possível.
Com a internet atraindo os jovens cada vez mais, o processo de reconquista do público mais novo por parte dos canais esportivos começou na raiz do interesse: os eSports. Por mais estranho que possa parecer aos mais velhos, é justamente essa disputa entre os bits de um video game que eles definem como um esporte nos dias de hoje. Um xadrez virtual que exige doses de raciocínio e muita habilidade em frente ao joystick. Um esporte eletrônico.
A cobertura do campeonato ELeague pelo Esporte Interativo só reforça que a medida está dando muito certo entre os jovens desinteressados pelo esporte tradicional. Há muitas mensagens de apoio e agradecimento na página oficial do canal pela cobertura intensiva da competição. E tudo isso não seria a mesma coisa sem a participação dos brasileiros da Luminosity Gaming — atualmente, o melhor time de CS:GO segundo o ranking mundial da HLTV.
É como um sonho que, depois de anos, vira realidade. O Brasil voltou ao topo mundial de Counter-Strike. Mas, agora, podemos acompanhar tudo isso na tela de televisão.
Há quem reclame e questione, com toda a fúria, “porque um joguinho está ocupando este canal de futebol”. Eles se queixam com certa razão — afinal, jogos eletrônicos não são competições físicas como as que ele espera de um atleta. Porém, enquanto os eSports estiverem dentro desses canais, eles serão automaticamente o meu “esporte” preferido — e o de milhões de jovens pelo Brasil e pelo mundo.
O Match Point é um espaço no TecMundo e no TecMundo Games dedicado para discutir o eSport e os games competitivos toda sexta-feira, trazendo também estratégias, curiosidades, campeonatos e jogadas inesquecíveis dos mais diversos títulos. O colunista Maximilian Rox acompanha o cenário há mais de oito anos como jogador, redator, manager e entusiasta por toda essa trajetória.
Seja no CS:GO ou em outros jogos, o eSport está provando o seu valor dentro e fora do Brasil
Replay da semana
O espaço “Replay da Semana” é novo aqui na coluna Match Point, mas será a simples sugestão de uma partida ou jogada para os fãs de games competitivos acompanharem recordações e momentos incríveis dentro do eSport.
Nesta semana inaugural, aproveitaremos o lançamento do filme de Warcraft para trazer uma excelente partida entre orcs e humanos no cenário profissional de Warcraft 3: Frozen Throne. E não, não estamos falando daquela partida que durou apenas 3 minutos — desta nós já tratamos alguns meses atrás aqui na coluna.
A partida da semana será entre os veteranos Manuel "Grubby" Schenkhuizen (no controle dos orcs) e Yoan "ToD" Merlo (na liderança dos humanos). No desfecho das oitavas de final da World Cyber Games 2008, ambos travaram três partidas difíceis. A última, logo abaixo, foi marcada pelo equilíbrio total entre os dois por mais de 30 minutos — e terminou com a dupla sem recursos e apostando tudo em uma investida final. Imperdível aos fãs da pura estratégia.
Publicações anteriores:
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