Haters, os famosos “odiadores”. Você já deve ter se deparado com estas “simpáticas” figuras da internet em algum local que visitou. Se estiver achando que não, pense bem se você nunca foi surpreendido por comentários maldosos em seu blog, respostas mal-educadas em comunidades do Orkut ou tantos outros sites da internet.
É bem provável que já tenha, mas algo que ninguém consegue entender é: quais são os motivos para que os haters ajam tão vorazmente por onde passam? Bem, primeiro é necessário analisar as características que compõem estes pequenos trolls do mundo virtual.
O que são os haters?
“Hater” significa “Pessoa que odeia (“odio”, do latim “odiu”), aquele que desgosta”. Ou como poderia ser descrito no “Moderníssimo Dicionário Baixaki de Verbetes Tecnológicos”: aquele que não tem o que fazer e passa todo o tempo disponível realizando ataques gratuitos a outros usuários que possuem opinião diferente. O problema é que todo mundo tem opiniões diferentes às dos haters, porque eles não têm opinião.
Apesar de serem descritos como uma subespécie de trolls, os haters são na verdade uma espécie diferente (oriunda do mesmo ancestral: o pichador de carteiras de colégio). E assim como ocorre com os seres humanos, que possuem características diferentes de acordo com a geografia dos locais, os haters também são divididos por raças.
Haters tecnológicos
Nome científico: Odiadoris technologicus
Habitat natural: lojas de eletrônicos e blogs relacionados ao assunto
Como atacam: os haters tecnológicos são conhecidos pelo ódio mortal a produtos eletrônicos de marcas diferentes daquelas que foram adquiridas por eles. Sempre que um comentário denegrindo um aparelho for feito sem argumentos realmente válidos, há 99,9% de chances de estarmos em frente ao típico ataque de hater.
Por exemplo: blogs que falam muito bem de smartphones da Nokia são atacados por haters que se alimentam de maçãs, e blogs dos fãs da Apple são atacados por haters que se alimentam de gelo. Quando se fala em smartphone a guerra é um pouco mais desleal, pois o grupo de inimigos do iPhone é composto por apaixonados por todas as outras marcas.
Ataques mais comuns: os golpes frequentes dos Odiadoris technologicus estão relacionados à ausência do multitask na primeira versão do iPad e problemas no reconhecimento de toques do Symbian.
Haters da Cultura Pop
Nome científico: Odiadoris culturalis
Habitat natural: lojas de quadrinhos, cinemas independentes, faculdades e convenções de anime.
Como atacam: subdivididos de acordo com os locais em que vivem, os haters da cultura pop não conseguem aceitar nada que não lhes seja nativo. É muito comum encontrar haters alérgicos ao mainstream: estes são os Cults, que conseguem apreciar apenas o que não faz sucesso. Os filmes de Hollywood e os artistas do momento geralmente sofrem com eles.
Também há muitos casos de tribos Hater que batalham entre si pela disputa da hegemonia. As lojas de quadrinhos são campos de batalha frequentes para brigas entre os fãs da editora Marvel (DC Haters) e os fãs da editora DC (Marvel Haters). Nesses casos é muito comum ouvir ataques como: “A Marvel é da Disney, o Mickey é o próximo X-Men” ou “Hahaha, o Batman tinha mamilos aparentes!”.
Outra disputa de poder hater pode ser vista entre os fãs de Star Wars e Star Trek. Os primeiros acusam os inimigos de serem monótonos e não possuírem efeitos especiais decentes; os segundos acusam os fãs de Star Wars de apreciarem uma história muito fraca e também de não respeitarem as leis da física.
Como se proteger: fique na Terra.
Haters de sistema operacional
Nome científico: Odiadoris informaticus operacianalis
Habitat natural: fóruns de discussão
Como atacam: essa subespécie de haters ainda pode ser mais fragmentada. A primeira divisão pode ser chamada de Apple Haters e é composta por todos os usuários de computadores que não conseguem encontrar o lado bom dos computadores da Apple. “Maçã é fruta, não computador!”, “O Steve Jobs não troca de roupa” e “Não tem programa grátis” são algumas das frases mais ditas.
Também há os que não suportam nem ouvir falar nas janelinhas do Windows. Grande parte dos membros da equipe Microsoft Haters também faz parte das comunidades de incentivo às aplicações opensource. Os golpes mais letais são: “Windows é fácil de invadir”; “Mais travado que o joelho da minha bisa” e “Vista!”.
Acalmem-se, amigos tropicais, os pinguins também possuem seus caçadores. A verdade é que grande parte dos Linux Haters é composta por usuários que ainda não sabem que o sistema operacional foi facilitado e hoje pode ser compreendido por qualquer usuário que nunca tenha utilizado um computador.
O curioso é que até mesmo os Linux Lovers são Linux Haters. As comunidades do sistema operacional brigam para decidir se Debian é melhor que Mandrake, e dentro desses projetos ainda há as disputas pela melhor distribuição. Com isso os verdadeiros Linux Haters se aproveitam para dizer: “Isso é muito incompatível”, “Não tem driver” e “Não roda jogo!”.
Haters de hardware
Nome científico: Odiadoris informaticus componenticus
Habitat natural: lojas de informática
Desde os tempos dos K6 e dos primeiros Pentium existe uma guerra interminável entre as duas maiores fabricantes de processadores do mundo. AMD e Intel alimentam hordas de haters com constantes lançamentos e melhorias nas arquiteturas para decidir quem possui os melhores equipamentos.
Esses haters se enfrentam com armas poderosas em qualquer lugar em que se encontrem. Feiras, convenções, lojas, mercados ou lan-houses, é sempre a mesma luta. Briga que se estende ao campo das placas de vídeo, pois os fãs das Radeon e das GeForce soltam faíscas pelo simples fato de estarem próximos.
Haters de video game
Nome científico: Odiadoris plataformicus
Habitat natural: sofás e camas
Controle na mão e olhos colados na televisão, assim são os Haters de video game. Engana-se quem pensa que eles odeiam os consoles, o que acontece é um ódio voltado às plataformas concorrentes. Ao contrário de grande parte dos outros haters, estes são chamados por nomes baseados em suas armas: Sonystas e Caixistas.
Enquanto os Sonystas (proprietários de Playstations) afirmam que os Xbox são péssimos porque possuem gráficos piores, utilizam mídia ultrapassada e “Isso não é um controle, é a coisa menos anatômica que eu já vi!”; os Caixistas preferem desferir “Os jogos são muito caros”, “O controle não mudou” e “Nem tem PSN no Brasil!”.
A origem dos haters
Ainda não se sabe exatamente de onde eles vieram, mas se sabe muito bem o quanto incomodam. Uma teoria muito aceita é baseada em estudos de um psicólogo norte-americano chamado Leon Festinger: dissonância cognitiva.
A teoria da dissonância cognitiva, em uma forma muito reduzida, diz que um ser humano possui mecanismos para se defender de escolhas preteridas. Essa teoria, quando aplicada ao marketing, deixa claro que os consumidores costumam encontrar defeitos nos produtos que não compraram, para justificar a si mesmos a escolha feita.
Assim justifica-se o surgimento dos haters: buscando motivos (às vezes baseados em argumentos rasos) para denegrir produtos que não possuem, justificam suas escolhas. O problema é que os haters não conseguem fazer isso quietos e atormentam todos com seus ataques.
Como sacanear haters?
A melhor forma de deixar um hater nervoso é tratando-o como uma criança. Quando encontrar um comentário parecido com “Nossa, seu bobão. O seu video game é muito ruim, o meu é bem melhor!”, responda com “Legal, cara! Agora vai lá jogar e tomar seu leitinho”.
Mas também há outros modos: ignorar um hater é atacar seu ponto fraco, porque todos eles possuem a mesma carência patológica de atenção. Quando você não responde um hater, toda a fúria dele realiza uma completa volta ao mundo, fazendo com que o pobre cidadão seja atingido por sua própria ira.
E a forma mais divertida e cruel (e complexa) é destruir todos os argumentos do hater. Sabe como? Utilizando dados concretos para mostrar que todos os pontos fracos acusados por ele são superiores aos pontos fracos do item que ele defende. Ou então apenas mostrando que o produto não é ruim.
Você é um hater?
Com certeza você deve ter identificado alguns de seus amigos nos vários perfis listados acima, mas será que você também não faz parte de um grupo de haters? Vamos fazer um pequeno teste para saber:
1) Você já falou mal do computador de algum dos seus amigos?
- a) Sim, e possuía componentes diferentes do seu computador;
- b) Sim, e possuía os mesmos componentes;
- c) Não.
2) Qual video game você considera o melhor?
- a) O meu;
- b) O outro;
- C) Nintendo Wii.
3) O que você pensa sobre smartphones?
- a) Eu tenho;
- b) Não tenho e, realmente, não quero ter;
- c) Não tenho e não quero ter.
4) Sua opinião sobre cinema:
- a) Não gosto de Hollywood;
- b) Não gosto de nada;
- c) Gosto do novo cinema romeno.
5) Você gostou deste artigo?
- a) É o melhor!;
- b) É bacana, mas já vi melhores;
- c) Nem li.
Resultados: para cada resposta “A”, some 1 ponto; para cada “B”, some 2 pontos e para cada “C”, some 3 pontos. Se você fez de 5 a 7 pontos, você é um ser humano comum; se fez de 8 a 12, é um aprendiz de hater; de 13 a 15, você é um hater profissional.
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Atenção: este artigo faz parte do quadro Error 404, publicado semanalmente às sextas-feiras, cujo objetivo é fornecer um texto descontraído aos leitores do Baixaki. Qualquer semelhança com a realidade é meramente coincidência!
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