Que atire a primeira pedra quem nunca usou uma desculpinha esfarrapada para tentar ganhar mais alguns dias para fazer um trabalho. O cachorro comedor de trabalhos, o vento bem calculado que carrega o dever pela janela, o ladrão que rouba sua mochila bem no dia da entrega são apenas as mais comuns das mentirinhas das antigas usadas para esticar o prazo de entrega. Histórias que os professores já estão cansados de ouvir.
Com o advento da tecnologia, a realização de pesquisas e produção de trabalhos escolares foi muito facilitada. As desculpas, porém, não mudaram muito e apenas se tornaram mais hi-tech. Agora, quem come o trabalho é um vírus, a impressora insiste em quebrar bem na hora de imprimir o texto e os clientes de email não funcionam no momento de enviar o documento para o professor.
No início da era da informática, essas historinhas poderiam até colar. Hoje, com a popularização dos computadores e da internet, está cada vez mais difícil esticar o prazo para entrega de seus trabalhos.
Criatividade à prova
De acordo com pesquisa da Pixmania, uma das maiores varejistas de eletrônicos da Europa, os professores ouvem cerca de 15 desculpas relacionadas a trabalhos escolares por semana. Enquanto algumas não saem do comum, outra são bem criativas e inusitadas.
Incidentes relacionados a bebidas caindo no computador e roubo de equipamentos estão entre as mais citadas, mostrando que, apesar da tecnologia, o teor das desculpas não mudou muito. Mas um dos alunos realmente se superou, ao afirmar que hackers russos invadiram o PC do pai dele, roubando o trabalho e todos os dados. Dependendo de onde for citada, essa justificativa pode causar uma guerra!
“Meu irmão saiu com seu caminhão e meu trabalho dentro. Agora o texto está perdido na França”, foi outra desculpa esfarrapada citada pelos professores. Assim como os cães, gansos também têm o papel como prato favorito, e comeram o trabalho de um pobre aluno que mora próximo a um lago.
Corrompendo para a vitória
Ao mesmo tempo em que professores se tornam mais espertos, programadores dão uma ajudinha para o aluno malandro e inventam novas maneiras de auxiliar os preguiçosos e incentivar a procrastinação.
O australiano Neddy Winter é o criador do Document Corrupter, disponível aqui no Baixaki. A ferramenta corrompe qualquer arquivo do Word, tornando-o inutilizável. Assim, é possível enviar os dados por email e caprichar na cara de pau quando o professor responder dizendo que não conseguiu abrir o texto.
A estratégia, porém, é facilmente destruída caso seu professor tenha um pouco de conhecimento tecnológico (ou saiba usar o Google). Aqui mesmo no Baixaki também é possível encontrar diversos aplicativos que recuperam dados corrompidos dos mais diversos formatos com apenas um clique. Pensando nisso, Neddy inclui uma opção que, além de destruir o arquivo, também embaralha os caracteres do texto, tornando-o completamente irrecuperável.
O australiano, porém, afirma que sua causa é nobre. De acordo com o site do Document Corrupter, o objetivo da ferramenta é evitar que, por falta de tempo, as pessoas entreguem trabalhos medíocres ou gastem dinheiro comprando textos prontos na internet. Como não acreditar nisso?
Preguiça transformada em negócio
Enquanto a maioria passa o tempo em que deveria estar estudando pensando em desculpas para não fazer isso, outros transformam essa preguiça em um meio para ganhar a vida. Não é difícil encontrar anúncios oferecendo trabalhos prontos nos mais diversos sites de venda.
Por preços que vão de R$ 40 a R$ 200, é possível comprar desde pesquisas simples até TCCs completos. A qualidade do texto, porém, nem sempre é certificada como dizem os anúncios e pipocam casos de trabalhos iguais sendo entregues por alunos da mesma faculdade. Haja desculpa para explicar isso.
Quando nada mais funciona
Professores cascas-grossas são uma realidade em qualquer instituição de ensino, e é praticamente impossível encontrar alguém que passe por toda a fase escolar sem encontrar um destes. Muitas vezes a única alternativa possível é fazer o trabalho e entregá-lo no prazo. Apesar de não servir como desculpa, a tecnologia também pode facilitar e muito essa tarefa.
A dica vem do livro “Como se Tornar o Pior Aluno da Escola”, do humorista Danilo Gentili. A publicação, lançada no final de 2009 pela editora Panda Books, dá um verdadeiro manual de como fazer um trabalho escolar sem esforço.
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De acordo Gentili, para fazer um trabalho, basta digitar o tema no Google e colar termos aleatórios que surgem na pesquisa, sem nem mesmo entrar nos sites. A seguir, acesse algumas páginas variadas (mesmo que não tenham a ver com o assunto da tarefa) e copie algumas frases soltas. O livro sugere também o uso de palavras em inglês para dar um ar mais globalizado e, por fim, a utilização de sinônimos com a ajuda do dicionário do Word.
O livro também dá sugestões de como lidar com um professor que perceba a cópia dos textos. Afirmar, por exemplo, que o texto se parece com outros já escritos por conter afirmações tão corretas quanto, ou questionar o pedido do trabalho quando já existem artigos sobre o mesmo assunto online são as táticas indicadas pelo humorista.
Quando se analisa friamente, porém, inventar desculpas e usar caminhos alternativos para esticar o prazo de entrega das tarefas pode dar tanto trabalho quanto fazer o que foi pedido, muitas vezes até mais. Para a maioria, principalmente aqueles que não são tão criativos, estudar e escrever os textos da maneira correta ainda pode ser a melhor opção. Apesar de não ser nada divertida.
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