Querido diário, bem-vindo ao meu dia 23 de março de 2025. Se você está lendo isso em alguma data do futuro, deve lembrar que hoje foi o grande dia em que o governo robótico colocou em prática o plano de instalar máquinas de vendas automáticas para atender 95% da demanda comercial de todo o planeta.
Pode até parecer um número exagerado, mas como vocês sabem, desde 2012 a população mundial vem sendo reduzida e muitos serviços foram abandonados. Devo confessar que eu imaginava que tudo isso seria um pouco menos “agressivo”. Quer dizer... Nós já estávamos acostumados com as máquinas de refrigerante e salgadinhos, mas há algumas novidades de que até mesmo os mais entusiasmados duvidavam.
Robótica em todo lugar
Parando para analisar, tudo é automatizado neste nosso mundo. Eu acordo com um despertador digital, escovo os dentes com uma máquina automática e mudo de roupas em um armário que faz todo o serviço por mim. Até mesmo o papel higiênico é robotizado – meus pais dizem que no começo isso foi bem estranho.
Ampliar (Fonte da imagem: Baixaki/Tecmundo)
Depois de pronto, eu coloco meus fones iBud Bluetooth 8.0 que captam as músicas diretamente do meu computador e vou para a faculdade. E foi lá que eu comecei a perceber o quanto as “máquinas de venda” deixaram de ser simples objetos de decoração dos postos de biogasolina.
Fui falar com a coordenadora do meu curso para pedir uma declaração de matrícula e ela me instruiu a utilizar uma máquina que estava próxima à sala. Cheguei até o local indicado, coloquei uma moeda de um dólar brasileiro e tive de escolher entre “declaração de matrícula”, “histórico acadêmico” e “grade curricular”. Essa foi fácil, mas tudo estava apenas começando.
Quem cozinha isso aqui?
Já faz alguns anos que os fornos a lenha e gás foram extintos das grandes instituições. Agora, nós somos obrigados a comer refeições preparadas pelas grandes cadeias de micro-ondas do país. Até a semana passada, isso ainda era feito por semicozinheiros, mas agora são as próprias máquinas que fazem as refeições.
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Hoje, fui almoçar e escolhi arroz, feijão, salada e batata frita, mas um pequeno problema na programação da máquina fez com que tudo saísse errado. Isso não aconteceu só comigo, mas com 90% das pessoas que tentaram comer no mesmo lugar. Feijão com sorvete e arroz com molho de chocolate eram algumas das combinações mais frequentes.
Mistura mortal
Como você pode imaginar, a mistura de comidas muito diferentes não fez nada bem para o digesystem (antigo sistema digestivo). Cheguei em casa muito ruim – muito mesmo. Ainda mais depois de pegar ônibus com um motorista horrível, daqueles que parecem não ter mãe – se bem que estamos falando de um robô, então talvez ele não tenha mesmo.
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Tentando sobreviver, deitei no sofá e pedi para que o meu cachorro-robô fizesse um chá de boldo criogênico. Em menos de um minuto eu tomei... Em menos de um minuto devolvi. Não havia alternativa a não ser ir ao médico. O problema é que todos os doutores humanos estavam sem espaço na agenda, por isso tive que apelar para os diagnósticos computadorizados.
Depois de certa dificuldade para “me arrastar” até a máquina, inseri a moeda esperando que fosse realizado um exame de sangue completo antes de qualquer resultado. Ledo engano! Tudo o que aconteceu foi uma rápida medição da temperatura e o diagnóstico foi mostrado: VIROSE! VIROSE! VIROSE! Pelo menos peguei dois dias de atestado.
O que fazer depois de quase morrer?
Aposto que você já se perguntou: “O que eu faço agora, depois de quase morrer por causa de uma refeição ruim?”. A resposta parece difícil de ser encontrada, mas é bastante óbvia. Não há nada mais indicado para esse momento do que cortar o cabelo. É claro: vida nova, cabelo novo! E lá fui eu testar mais uma das máquinas do novo mundo.
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No primeiro momento, ela parece bem assustadora. Uma enorme esfera de metal que se fecha em volta da cabeça dos clientes e faz o serviço desejado sem você ver o que está acontecendo. Ao lado da máquina, há um computador chamado “tablet” (uma tecnologia que foi abandonada há alguns anos), em que é possível escolher o tipo do corte.
Assim que li “JB”, não tive dúvidas de que eu gostaria de ficar igualzinho a um dos maiores ídolos que já tive: Jack Black. Sentei na poltrona já esperando ficar lindo para conquistar todas as garotas da faculdade. A decepção foi ao descobrir que o “JB” era referente ao Justin Bieber. Agora eu tenho franja...
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Atenção: este artigo faz parte do quadro Erro 404, publicado semanalmente às sextas-feiras, cujo objetivo é fornecer um texto descontraído aos leitores do Baixaki. Qualquer semelhança com a realidade é meramente coincidência!
Ilustrações por: Nick Mancini
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